Confiar somente no efeito dos remédios para emagrecer é um dos maiores problemas
Hoje é o Dia Mundial de Combate à Obesidade, doença relacionada a muitas causas e, por isso mesmo, de tratamento lento e multidisciplinar. A obesidade pode estar ligada a distúrbios alimentares, ao sedentarismo, a disfunções hormonais e, por trás disso tudo ainda, à herança genética. Um time de educadores físicos, nutricionistas, psicólogos e endocrinologistas forma a melhor equipe para dar um fim nos quilos a mais.
De acordo com o endocrinologista Amélio Godoy Matos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a maior parte dos tratamentos inclui um arsenal de remédios, já que são poucos os casos em que o paciente consegue reverter o problema apenas com disciplina. "Isso não significa, entretanto, que o uso de remédios dispense a adoção de hábitos saudáveis", explica.
E está aí um dos principais nós relacionados ao controle de peso: muita gente acha que basta controlar a medicação para que os quilos comecem a desaparecer. "Quando isso não acontece, vem a frustração e o abandono das consultas", aponta. O erro é comum, mas não o único.
Se você já tentou emagrecer e não alcançou sua meta, veja os principais erros, apontados por especialistas, no tratamento da obesidade:
"A alimentação desequilibrada é um dos principais fatores relacionados à obesidade", afirma a educadora física e doutoranda em nutrição Ana Dâmaso, coordenadora do Grupo de Estudo da Obesidade (GEO) da Unifesp. Segundo ela, quando este fator está associado ao excesso de peso, tona-se necessária a reeducação alimentar. Tudo começa estabelecendo um limite máximo de calorias que podem ser consumidas diariamente. "Uma pessoa acima do peso provavelmente ingere muito mais calorias do que seu metabolismo é capaz de queimar", afirma a especialista. Para isso, procure um bom nutricionista que possa elaborar um cardápio individual.
Bobagem ficar dentro das calorias previstas para o dia se os alimentos que você consome têm valor nutricional nulo. De acordo com a educadora física Ana, gorduras e açúcares são os grupos de alimentos mais presentes na alimentação do paciente com obesidade. Aprender a montar um prato colorido com muitas frutas, legumes e verduras, e uma parcela menor de carboidratos e proteínas, faz parte da reeducação alimentar. "Com o tempo, os pacientes percebem que não é preciso passar fome ou comer alimentos sem graça para perder peso", explica.
"Exercícios físicos são uma das principais estratégias terapêuticas não medicamentosas para combater a obesidade", diz a educadora física Ana. Segundo a especialista, atualmente exercícios valem por remédio. O método mais eficaz para perder peso é combinar exercícios aeróbios, como a caminhada, com exercícios resistidos, com a musculação. "Juntos, eles não só combatem a obesidade, como ainda ajudam no controle da síndrome metabólica e da esteatose hepática não alcoólica (acúmulo de gordura no fígado)", explica. Antes de iniciar o treino, procure um profissional para não realizar movimentos incorretos ou exagerar na dose, o que pode gerar lesões.
A obesidade é uma doença multifatorial e, na maior parte dos casos, está ligada a disfunções emocionais. "Grande parte dos pacientes sofre de ansiedade, estresse e outros problemas que podem levar à compulsão alimentar, por exemplo", afirma o endocrinologista Marcos Antonio Tambascia, professor da Unicamp. Por isso, incluir um terapeuta comportamental no tratamento da obesidade pode ser fundamental para alcançar o sucesso.
"Principalmente pacientes que foram submetidos à cirurgia bariátrica são mais propensos a adotar outros hábitos prejudiciais para compensar o prazer que deixaram de ter por não poder comer compulsivamente", afirma o endocrinologista Marcos. Segundo ele, é comum pacientes começarem a fumar e beber ao tentar seguir uma alimentação saudável. Por outro lado, alguns pacientes se sentem estimulados a mudar completamente de vida quando dão início ao tratamento da obesidade. Assim, começam a praticar exercícios, investem na reeducação alimentar e, de quebra, ainda adotam outros hábitos saudáveis como medida de prevenção da saúde.
O paciente com tendência a ter obesidade não pode vacilar. Hábitos saudáveis adotados para perder peso devem ser mantidos mesmo após alcançar a meta. "Muitos pacientes acabam retomando os quilos perdidos porque deixam a disciplina de lado com o tempo", diz o endocrinologista Marcos. Segundo ele, comer bem, praticar exercícios e fazer check-ups no médico regularmente deveriam ser regra na vida de todas as pessoas durante a vida inteira. No caso de pessoas com tendência a desenvolver a doença, entretanto, a medida se torna ainda mais relevante e não segui-la pode trazer consequências mais imediatas, como a desnutrição e a volta da obesidade.
"A cirurgia bariátrica nunca é a primeira opção de tratamento para pessoas com obesidade", afirma o endocrinologista Marcos. Mas indivíduos com índice de massa corpórea (IMC) maior do que 40 ou com IMC maior do que 30 e tendência a desenvolver doenças associadas à obesidade, como o diabetes, geralmente recebem indicação para a intervenção cirúrgica. Isso porque, neste caso, a necessidade de perder peso é imediata. Além disso, disciplina para mudar hábitos de vida nem sempre é o suficiente para vencer essa doença crônica. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental.
Fonte Minha Vida
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