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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Hepatite C leva ao câncer de fígado

Ao contrário do que se convenciona pensar, o fígado não é culpado de nada, mas pode ser alvo de uma das hepatites mais graves que se tem notícia - a do tipo C, que na pior das hipóteses pode evoluir para o câncer de fígado. O diferencial é que a hepatite C, se diagnosticada e tratada de forma imediata, tem cura.

Novos medicamentos surgem no mercado, conforme noticiado no início do mês, durante o 64° Congresso da Associação Americana de Estudo das Doenças do Fígado (AASLD - American Association for the Study of Liver Diseases), em Washington DC, capital dos Estados Unidos.

Um levantamento recente aponta que Rio Preto tenha em média 1,5 mil portadores deste tipo de hepatite. No entanto, como muitas pessoas levam em média 20 a 30 anos para identificar a doença, uma vez que a maioria dos portadores foi contaminada por volta da década de 80 a 90. É possível que este número seja ainda maior.

Existem também mais de 2 milhões de pessoas, vítimas em todo o País, segundo estimativa do Ministério da Saúde. O governo estima ainda, que em torno de 1,3% da população, entre 18 e 75 anos esteja infectada pelo vírus. Mas, mesmo com números tão alarmantes, apenas 100 mil pessoas foram tratadas até agora, conforme anunciado também por evento realizado pela Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), no Rio de Janeiro.

No cotidiano dos médicos, o que mais se vê é a atribuição de doenças ao órgão, que na verdade não procedem, tais como boca amarga, enxaqueca e manchas na pele. A hepatite C, na realidade, pode ser diagnosticada com um simples check-up, como com um exame de sangue.

"O que as pessoas precisam saber é que o fígado não dói, não dá boca amarga, não dá mancha na pele, mas pode ter a hepatite C, que não tratada pode levar a cirrose hepática e pode matar, silenciosamente", afirma o hepatologista Raymundo Paraná, chefe do ambulatório de hepatites da Universidade Federal da Bahia.

Novo tratamento em 2014
Atualmente a doença é tratada com telaprevir, boceprevir e interferon, medicamentos que já estão inclusive disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em virtude de promover alguns efeitos colaterais, o interferon, por exemplo, não pode ser usado por todos os portadores da doença. "Pessoas com cirrose avançada, transplantadas, com anemia, doenças psiquiátricas ou problemas renais não podem passar por esse tratamento", diz o hepatologista Henrique Sérgio Moraes Coelho, presidente da SBH.

A boa notícia é dois novos medicamentos foram recém aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), agência responsável pelo controle de medicamentos e tratamentos nos Estados Unidos. As drogas estão em fase de avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Trata-se do simeprevir e o sofosbuvir, que acusam taxas de 100% de cura, enquanto os medicamentos oferecidos hoje, chegam a 70%. "Eles também não apresentam os altos efeitos colaterais dos medicamentos em uso atualmente, não têm contraindicação e o tempo de tratamento pode ser reduzido para 24 semanas", explica Coelho, que também é chefe do Serviço de Hepatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ). A expectativa é que os novos fármacos sejam aprovados no primeiro semestre do novo ano.

Termogênicos podem danificar o fígado
Embora muitos culpem alimentos como a carne de porco, a gordura, a pimenta e outros como responsáveis por afetar o fígado, nenhum alimento tem o poder de afetar o fígado, com exceção do álcool e de medicamentos cujo grau de toxicidade é elevado e não passaram pelo controle dos órgãos regulatórios, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Nada disto ataca o fígado.

Mas nos chega aqui todos os dias, inúmeras pessoas vítimas sim é de produtos ditos naturais, fitoterápicos e outros, que tem um princípio ativo, e estes sim, são tóxicos e causam dano ao fígado. E mais, não existe nenhuma dieta detox capaz de limpar o fígado", diz hepatologista Raymundo Paraná, chefe do ambulatório da Universidade Federal da Bahia.

O hepatologista cita uma enorme quantidade de produtos que podem danificar o órgão e dentre eles estão o chá verde em cápsulas, termogênicos, confrei, fedegoso, picão preto, sene, cáscara sagrada, chá de Noni, Aloe Vera, e a casca-sacaca (comum na região norte) , entre outros.

Exames laboratoriais identificam o problema
A hepatite C é cercada de mitos. Há quem credite que a sua transmissão ocorra por meio de relações sexuais. E não é verdade. Outro problema é a busca tardia por tratamento e a doença já está em estágio crônico. "A pessoa alega a fadiga. Mas este é um sintoma comum a várias doenças e por isto, nem sempre é levada em conta", afirma o hepatologista Raymundo Paraná, chefe do ambulatório de hepatites da Universidade Federal da Bahia.

A hepatite C leva a lesões no fígado (cirrose), por conta da fibrose que provoca no órgão e posteriormente ao câncer hepático. Causada por vírus (VHC), a doença é transmitida principalmente pelo sangue contaminado, mas a infecção também pode ocorrer por via sexual e vertical (da mãe para filho). É uma doença silenciosa que pode se manter assintomática por mais de 20 anos.

"O período de incubação dura em média sete semanas e a grande maioria dos casos agudos (mais de 75%) não apresenta sintomas. Por isso é necessária a investigação laboratorial para o diagnóstico", diz hepatologista Henrique Sérgio Moraes Coelho, presidente da SBH. Segundo ele, cerca de 70 a 85% dos casos de contaminação evoluem para doença crônica.

Embora os médicos afirmem que é preciso realizar exames periódicos para identificar problemas no fígado, alguns sinais, podem auxiliar a alertar para a presença de problemas neste órgão, que é bastante sensível. Dentre eles estão a perda de peso, apetite, dores nas juntas, náuseas, ansiedade, dificuldade de concentração, intolerância ao álcool e dores na região do fígado.

Vítima da hepatite C, o motorista S.N.A, 43 anos, relata que descobriu ser portador ao realizar uma doação de sangue para um familiar que estava internado. "Foi uma sorte, pois me chamaram depois da doação para dizer que meu sangue não poderia ser aproveitado, pois estava contaminado.Felizmente, consegui descobrir antes que a doença estivesse muito avançada. Fiz todo o tratamento e em 48 semanas já estava livre do vírus", diz.

Câncer de fígado
Uma das causas mais frequentes a levar ao transplante de fígado é o câncer de fígado, segundo o hepatologista Renato Silva, chefe do transplante de fígado do Hospital de Base, e professor da Famerp. A doença é caracterizada por inflamação crônica do órgão que tem como causas básicas o alcoolismo, os vírus das hepatites B e C, hemocromatose e a esteatohepatite (gordura no figado).

Para identificar um problema no órgão, é importante que seja realizado um exame de ultrassom a cada seis meses, junto com a dosagem da alfa-feto proteína, que ajuda a identificar qualquer problema mais grave. O médico afirma que o vírus C, é o que apresenta o maior risco de levar a tumor no fígado. "Quem tem este vírus tem 7% de chance, por ano, de desenvolver o câncer. Esta é a maior porcentagem entre todas as causas", diz.
 
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