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Belo Horizonte — Sabe aquela irritação na orelha ou aquela coceira constante no pescoço? O incômodo, em parte, pode ter sido desvendado por uma pesquisa do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O trabalho mostra que joias e bijuterias fabricadas no Brasil e no exterior contêm elevada concentração de níquel e chumbo. Três em cada cinco peças analisadas apresentaram alguma quantidade de níquel, enquanto uma em cada quatro continha chumbo.
A presença do primeiro elemento químico em um dos objetos verificados chegou a 98%, segundo José Augusto da Col, autor da tese de doutorado sobre o tema. Ainda de acordo com os testes, itens que se acreditava ser de prata não tinham nenhum percentual do metal.
A ideia do estudo teve início com uma viagem da orientadora de Col à Espanha. Lá, ela adquiriu mais de uma dezena de bijuterias para que fossem analisadas pelo doutorando brasileiro. Os dois estudiosos juntaram outros brincos, colares, pulseiras e piercings, totalizando 107 amostras, entre produtos adquiridos no Brasil e na Espanha. As peças foram submetidas a testes de fluorescência de raios X. Joias e bijuterias foram limpas com lenço de papel e submetidas ao equipamento.
A ideia do estudo teve início com uma viagem da orientadora de Col à Espanha. Lá, ela adquiriu mais de uma dezena de bijuterias para que fossem analisadas pelo doutorando brasileiro. Os dois estudiosos juntaram outros brincos, colares, pulseiras e piercings, totalizando 107 amostras, entre produtos adquiridos no Brasil e na Espanha. As peças foram submetidas a testes de fluorescência de raios X. Joias e bijuterias foram limpas com lenço de papel e submetidas ao equipamento.
Os raios X interagiram com a amostra, emitindo os raios X secundários, geradores de uma energia que permitiu identificar quais elementos estavam presentes nas peças. Não há registro de metodologia similar no Brasil, segundo a Unicamp. Dois espectrômetros foram usados no processo — um portátil e outro em bancada fixa. Pelo primeiro, a análise durou cinco segundos.
Entre as peças analisadas com presença de um dos dois metais pesquisados pelo equipamento portátil, o nível de concentração médio de níquel foi de 23%, enquanto, na bancada, o percentual subiu para 32%. A concentração variou de 0,02% a 98%. A presença do chumbo oscilou entre 4% e 10%. Em 80% dos piercings, havia níquel e, em 10%, chumbo.
No Brasil, não há legislação específica para regular a quantidade permitida desses elementos químicos. Na União Europeia, em contrapartida, o nível máximo liberado é de 0,05% para níquel e nada de chumbo.
No Brasil, não há legislação específica para regular a quantidade permitida desses elementos químicos. Na União Europeia, em contrapartida, o nível máximo liberado é de 0,05% para níquel e nada de chumbo.
Uma revisão da lei considera a taxa de migração dos elementos, calculada de acordo com o tempo de uso e outros parâmetros adotados. Mas, segundo o pesquisador, pela antiga regra, é possível verificar o quanto a presença dos elementos químicos está acima da média.
Em relação ao que se verificou na bancada fixa, em média, todas as peças (as adquiridas no Brasil e na Espanha) apresentam nível de metais 64 mil vezes superior ao que era permitido nos países europeus.
Correio Braziliense
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