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domingo, 11 de maio de 2014

Casos de bronquiolite aumentam no outono e internam quase 50% dos bebês de até 3 meses

Foto: Reprodução
Especialistas ensinam mães a identificar e driblar a doença no filho
 
Antes mesmo de completar o primeiro mês de vida, em abril deste ano, o pequeno Mateus, de dois meses, passou cinco dias internado em decorrência de uma doença muito comum nesta época do ano: a bronquiolite. Até receber a confirmação do diagnóstico no pronto-socorro, a mãe Natália Baccarin conta que não sabia o motivo de seu bebê estar com a respiração cansada e ofegante.
 
— Descobri o que era bronquiolite quando meu filho mais velho Pedro [um ano e sete meses] apresentou a doença uma semana antes de o Mateus ser internado. O Pedro pegou o vírus na escola e transmitiu para o irmão que, por ser recém-nascido, precisou ficar no hospital em observação.
 
A respiração ofegante e cansada foi apenas um dos sinais que fizeram a mãe desconfiar que a saúde de Mateus estava debilitada.  
 
— Além disso, percebi também que quando ele regurgitava após a mamada tinha catarro junto, sem falar que ele dormia muito. Os sintomas são facilmente confundidos com os de um resfriado.
 
Segundo a pneumonologista pediátrica Regina Terse, da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), o quadro clínico da bronquiolite é caracterizado pela presença de secreção nasal abundante e clara, obstrução nasal e tosse seca.
 
— Em dois terços dos casos, há febre baixa. Após três a sete dias do início do quadro, também é possível observar um aumento na frequência respiratória (taquipneia), com aparecimento de chiado no peito.
 
A bronquiolite afeta geralmente crianças menores de dois anos, com pico de incidência nos primeiros seis meses de vida, ressalta o pneumonologista pediátrico Joaquim Carlos Rodrigues, responsável pela Unidade de Pneumologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.
 
— A doença aparece com mais frequência entre março e agosto, ou seja, nos meses de outono e inverno. Ela costuma afetar os recém-nascidos exatamente porque eles ainda não têm o sistema respiratório totalmente formado, logo estão mais vulneráveis a contrair o vírus.
 
Em 80% dos casos, a bronquiolite é causada por um vírus chamado VRS (sincicial respiratório). Como o próprio nome da doença sugere, o processo inflamatório ocorre nos bronquíolos, que são as menores vias aéreas do trato respiratório, dificultando a passagem de ar nos pulmões.
 
Regina, que também é coordenadora do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia), explica que o diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, baseado no relato da mãe.
 
— Não é necessário fazer raio-X de tórax ou exames laboratoriais para diagnosticar a doença. A radiografia só é recomendada na suspeita de complicações e piora do quadro.
 
Embora tenha tratamento, a médica avisa que a mortalidade pode chegar a 37% em crianças com doenças associadas, como imunodeficiências, doenças crônicas pulmonares ou cardiopatias congênitas.
 
— Como não há vacina para prevenir a bronquiolite, estes bebês com maior risco têm indicação de uma medicação injetável que só vai promover a proteção durante o período de circulação do vírus. São cinco doses, uma por mês, que reduzem o risco de internação. A medicação é cara, cerca de R$ 1.000 cada dose, por isso a restrição de indicar apenas pacientes crônicos.
 
Apesar de ser uma das principais causas de internação hospitalar no primeiro ano de vida, com o aumento da faixa etária a maioria dos bebês pode ser tratado em casa, enfatiza a especialista da SBP.
 
—Até três meses, 48% dos bebês internam. Entre três e seis meses, este número cai para 28% e acima de um ano somente 1% a 2% ficam no hospital.
 
Quando tempo a doença dura?
Assim como a gripe e o resfriado, a bronquiolite incomoda a criança durante cinco a dez dias e em menos de 10% dos casos se estende por mais tempo. Segundo Rodrigues, o tratamento depende do estágio do quadro clínico.
 
— A criança pode precisar apenas de inalação e hidratação ou uso de oxigênio, broncodilatadores, ventilação assistida e fisioterapia respiratória.
 
Mateus não precisou ficar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas passou cinco dias no hospital em observação com uma rotina de seis sessões de fisioterapia por dia para ajudar na respiração e na eliminação do catarro.
 
— Fiquei internada junto com ele porque estava amamentando e, claro, preocupada. Quando recebemos alta médica, embora aliviada, confesso que fiquei com medo dele piorar porque ainda não estava 100%. No hospital, temos todo o suporte de enfermagem e médicos, em casa não.
 
Drible a bronquiolite
Assim como Mateus pegou a bronquiolite do irmão mais velho, qualquer bebê está sujeito a contrair o vírus se entrar em contato direto com fluidos nasais ou gotículas no ar de alguém que esteja doente e espirra ou tosse sem proteger a boca com um lenço de papel.
 
Para afastar o vírus, o médico do Instituto da Criança diz que a regra número um é lavar as mãos antes e depois do contato direto com o doente. Outra dica importante é evitar passear com bebês muito novos em locais fechados e com aglomeração de pessoas, como shopping.
 
— A fumaça de cigarro também é prejudicial. Além disso, criança doente deve ficar afastada da escola e dos amiguinhos.
 
O médico acrescenta que o aleitamento materno é importante para prevenir a doença e fortalecer o sistema imunológico do bebê.
 
— A amamentação é fator de proteção, assim crianças que mamam no peito têm menor risco de contrair a doença. Já as que apresentaram bronquiolite na infância e têm histórico familiar de asma estão mais propensas a desenvolver a asma no futuro.

R7

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