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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Mulheres com dificuldades de atingir o orgasmo. Os homens têm culpa nisso?

Thinkstock/Getty Images
Eles precisam ter menos pressa na hora do sexo e não ir de cara
para penetração, diz ginecologista
Para ginecologistas, sociedade não estimula a mulher a conhecer sua sexualidade como acontece com o homem. Eles também falam dos sinais do orgasmo, de forma que até seria possível saber se elas estão fingindo ou não
 
A reclamação é comum aos ouvidos de Carolina Ambrogini: meses ou anos em um relacionamento sem nunca ter atingido o orgasmo durante a relação sexual. “Tem pacientes mais velhas que me procuram, mas acho que é coisa das mulheres mais novas, por volta dos 25, 30 anos. Já tiveram experiências e à medida que não conseguem, pensam se têm algum problema. Já as mais velhas se resolveram, amadureceram e passaram a ter [orgasmos] ou desistiram e pronto”, diz a ginecologista e coordenadora do Projeto Afrodite, do Departamento de Ginecologia da Unifesp.
 
Para Amaury Mendes, professor e médico do ambulatório de sexologia da UFRJ, a mulher não tem os mesmos incentivos que o homem durante a juventude para explorar sua sexualidade. “Por mais evoluída que seja uma família, existe desde cedo um desestímulo no caso das garotas. A menina que tiver uma atitude muito livre sexualmente vai ser policiada, e o menino sabe que se ele for assim vai ser reconhecido como macho. Isto tem uma influência no comportamento desta menina, não digo que seja exclusivamente por isso, mas causa uma confusão na cabeça da mulher, um desconhecimento”, afirma o especialista.
 
“É uma falta de conhecimento, de intimidade, com o próprio corpo. Faz com que ela tenha essa dificuldade de ter sensações prazerosas. Para que aconteça a excitação é preciso sair um pouco do mundo concreto, se deixar levar por essas sensações, fantasias. A culpa, se é que podemos chamar assim, é mais da mulher, acredito eu”, diz Carolina. A ginecologista afirma ainda que a inibição, citada por Amaury, faz com que muitas mulheres não consigam se masturbar.
 
Amaury fala em questões “biopsicossociais”: “Pode ter um problema metabólico, disfunção hormonal, algo que atrapalha a percepção e sensibilidade; pode ser psicológico, ela não se sente bem com o corpo, se sente feia; e pode ser social, coisa da criação. Quando falamos de entrega, desejo e orgasmo, a mulher é muito mais complexa do que o homem. Se ela tiver um companheiro interessante e interessado, as coisas caminham”.
 
O que o homem pode fazer? Perguntar
Se você, homem, se apressou em colocar a culpa logo na “sociedade” e tirar o corpo fora, é aconselhável não cruzar os braços e esperar a companheira consultar uma especialista. “O que ele pode fazer é perguntar. Às vezes a mulher tem dificuldade de falar, de perguntar se está bom, se está gostoso. Outra coisa é investir nas preliminares. A parcela de culpa do homem nisso é que ele quer ir logo para a penetração. Ele precisa de mais investimento no sexo oral, em outras coisas que facilitam o orgasmo feminino”, diz Carolina.
 
A coordenadora do Projeto Afrodite revela que algumas pacientes que a procuram dizer que conseguem atingir o orgasmo sozinhas, mas não com os parceiros por conta de uma “dificuldade de entrega, de confiança”: “O orgasmo é a perda de controle, mulheres controladoras se deixam levar por essa coisa de perda”. “Tem que ter esse descontrole. É um desequilíbrio de sentimentos. Os franceses chamam de ‘la douce mort’ (a doce morte, em tradução literal)”, diz Mendes.
 
Amaury acredita que a perda de controle neste momento, “deixar de ter o comportamento padrão, gritar, ferir os costumes morais de alguns caras de gerações anteriores” pode ser visto como algo “perigoso” pelas mulheres. “O comportamento padrão é embasado em protocolos familiares de que não pode ter sexo oral, sexo anal. Tem casais que até hoje o sexo é protocolar, quase que reproduzido”, completa.
 
Fingir ou não fingir? Como identificar
“A gente se depara com esses dilemas. A mulher diz que sempre fingiu e agora não sabe como vai falar para ele”, conta Carolina. Questionada se há maneiras do homem identificar isso para abrir um diálogo entre o casal, ela ri, mas dá algumas orientações: “Se ela está pouco lubrificada, pode significar que não está muito excitada, e ele pode ter uma ideia por aí. Depois do orgasmo dá uma sensação de relaxamento, pode ser que ela continue ‘pilhada’, insatisfeita porque não conseguiu. Tem homem que consegue saber, mas é difícil. Uma pessoa pode fingir bem, como a Meg Ryan”.
 
Ao mencionar a atriz norte-americana, Carolina faz referência a uma cena clássica do cinema. Em “Harry & Sally – Feitos um Para o Outro”, o personagem de Billy Crystal diz que nenhum mulher jamais fingiu um orgasmo com ele. Meg, sentada à sua frente, questiona como ele sabe disso. “Porque eu sei”, ele rebate. Para provar seu ponto, Meg passa a simular (clique para assistir) que está tendo um orgasmo, no meio de uma cafeteria.
 
Parar para pensar no meio de uma relação sexual se a companheira está fingindo não é a tarefa mais simples, mas caso interesse, Amaury passa outros detalhes das reações do corpo feminino ao orgasmo. “A vagina sua, tem uma secreção bem tensa que até escorre pela perna, toda a musculatura do corpo se contrai, aparecem pequenas manchinhas vermelhas no tórax e no rosto, tem também uma película de suor frio nessas regiões, o coração dispara, a respiração fica ofegante, e o momento de recuperação depois disso. E se ela for convenientemente estimulada, não vai ter o período de latência que o homem tem.”
 
Mas, ao invés do casal brincar de caras e bocas na hora do sexo, Carolina Ambrogini sugere algo mais simples: a conversa. “Todo mundo quer mostrar segurança, mas ninguém nasce sabendo fazer sexo. As pessoas aprendem com a experiência. As mulheres querem passar a ideia de que o cara vai leva-las para rua, e os caras querem acreditar nisso. A gente insiste bastante no estímulo ao dialogo.”

Deles

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