Foto: Reprodução - Transplante de coração |
Uma delas é chamada de clássica e a outra de bicaval. A diferença básica
está no quanto de tecido do coração velho permanece no corpo do
transplantado.
A bicaval é a técnica que usa menos "sobra" do antigo
órgão. Permanece no paciente apenas um restinho do átrio esquerdo (uma
das quatro câmaras que formam o coração), que é conectado ao novo órgão.
Hoje a cirurgia bicaval é usada em cerca de 60% dos transplantes
realizados no mundo. No Brasil, só em 2003, foram realizados 175
transplantes desse órgão. No planeta são mais de 3 mil casos por ano.
A
freqüência com que a cirurgia é feita mostra que ela não é mais um
mistério. Mas, em dezembro de 1967, todos ficaram assombrados quando o
médico sul-africano Christian Barnard fez o primeiro transplante de
coração inter-humanos.
Apenas cinco meses depois, em maio de 1968, o
cirurgião brasileiro Euryclides de Jesus Zerbini, que havia estudado com
Barnard nos Estados Unidos, fazia o primeiro transplante na América
Latina e o quinto do mundo! Apesar de hoje essa operação ser
superconhecida, ela só é utilizada como último recurso.
"Primeiro
tentamos o uso de medicamentos ou uma cirurgia convencional. O
transplante só é indicado para pacientes em fase de evolução avançada de
uma doença cardíaca", diz o cirurgião cardíaco Noedir Stolf, chefe do
setor de transplantes do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo.
Isso porque a operação envolve vários fatores de risco, como infecções e
a possibilidade de o novo coração ser rejeitado pelo organismo do
paciente. Mesmo assim, o índice de sobrevivência após o transplante é
grande. "Ele é de 80% durante um ano ou mais.
Com o passar do tempo,
claro, esse índice vai se reduzindo. Até chegar a cerca de 50% de chance
de o transplantado sobreviver ao longo de dez anos ou mais", afirma
Noedir. Pode parecer pouco, mas para quem tinha um órgão cambaleante e
estava à beira da morte, é como nascer de novo.
Operação de guerra
Prazo para retirar o órgão do doador e levá-lo até o transplantado é de apenas quatro horas
1. Quando um doador tem a morte cerebral constatada, os médicos verificam se seu coração é saudável e pode ser doado. Após ser retirado, o órgão é mergulhado numa solução salina gelada, é recoberto por sacos plásticos e colocado em um isopor com gelo. Enquanto tudo isso ocorre, a Central de Transplante é avisada de que há um doador
Prazo para retirar o órgão do doador e levá-lo até o transplantado é de apenas quatro horas
1. Quando um doador tem a morte cerebral constatada, os médicos verificam se seu coração é saudável e pode ser doado. Após ser retirado, o órgão é mergulhado numa solução salina gelada, é recoberto por sacos plásticos e colocado em um isopor com gelo. Enquanto tudo isso ocorre, a Central de Transplante é avisada de que há um doador
2. A Central de Transplante, em geral vinculada às secretarias
estaduais de saúde, controla as listas de todos os transplantes. No topo
da lista fica quem precisa de um novo órgão com mais urgência. Se o
"número 1" não é compatível com o doador em questão pesa bem menos ou
tem sangue diferente, por exemplo é chamado o número 2, e assim por
diante
3. Se o paciente que receberá o coração está em casa, ele é localizado
pelo telefone. Se já está no hospital onde será feita a cirurgia, começa
a ser preparado para a operação. É uma corrida contra o relógio: o
tempo ideal entre a retirada do órgão doado e a chegada do coração no
hospital do transplantado não pode passar de quatro horas
4. O transplante começa com a abertura do peito do paciente. Em
seguida, o sangue dele é desviado do coração doente por meio de duas
cânulas (pequenos tubos) colocadas nas veias cavas as duas grandes
veias por onde o sangue entra no coração. Essas cânulas passam a
conduzir o sangue para uma máquina ao lado da mesa de operação
5. Essa máquina de circulação extracorpórea funciona como coração e
pulmões artificiais: ela retira o dióxido de carbono do sangue e o
oxigena. A seguir, uma bomba devolve o líquido para o paciente por meio
de outra cânula, que é ligada à aorta grande artéria por onde o sangue
sai do coração para percorrer o corpo todo
6. Só após as veias cavas e a aorta estarem conectadas à máquina de
circulação é que o coração doente pode ser retirado. Dependendo da
técnica usada na cirurgia, maiores ou menores pedaços do órgão
permanecem no corpo do paciente. Após ser extraído, o velho coração é
encaminhado para estudos
7. O passo seguinte é colocar o novo coração. Os médicos costuram os
principais segmentos do órgão doado às partes correspondentes do velho
coração que permaneceram no peito do paciente. Quanto tudo já está
conectado, a circulação sanguínea do órgão é restabelecida
8. Após cerca de quatro horas de cirurgia, o transplante acaba e o
médico especialista se retira. Cabe à sua equipe fechar o peito do
paciente e finalizar os procedimentos cirúrgicos. Em geral, após 15 dias
de recuperação no hospital, o transplantado volta para casa com um
coração novo no peito
Assista o vídeo de 5 minutos de como é feito um transplante cardíaco:
Mundo Estranho
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