Foto: Reprodução - Fome oculta |
Em estágio inicial, essa carência pode até passar despercebida ou se manifestar com sintomas leves, como o enfraquecimento das unhas. Sem tratamento, porém, os danos à saúde podem se tornar graves e levar a doenças como a anemia.
“Se não ingerirmos algum nutriente, mesmo que seja aquele de que
necessitamos em doses mínimas, mais cedo ou mais tarde ele nos fará
falta”, diz a nutricionista Salete Brito, do Hospital de Clínicas da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Uma maneira de evitar o distúrbio é ingerir alimentos com alta
densidade nutricional. O termo, pouco conhecido pelos não especialistas,
se refere a alimentos que oferecem quantidades relevantes de proteínas,
vitaminas, minerais e fibras e, ao mesmo tempo, baixo teor de gorduras
saturadas, açúcares adicionados e sódio.
Vegetais, frutas, grãos integrais, leite e derivados, carnes magras,
leguminosas, castanhas e sementes são exemplos de alimentos que se
enquadram nessa categoria, explica a nutricionista Maysa Helena de
Aguiar Toloni, professora adjunta no Departamento de Ciência dos
Alimentos da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais.
Em geral, eles também são de baixa caloria, mas há exceções, como o
abacate, que apresenta elevado teor calórico em função da presença
abundante de gorduras insaturadas, considerada de boa qualidade.
Caloria vazia x zero caloria
Inversamente, quando um produto tem muitas calorias, mas poucos
nutrientes, sua densidade nutricional é baixa. Nessa classificação,
entram quitutes e guloseimas, como pizzas, salgadinhos fritos, alimentos
processados e os doces em geral.
A ingestão excessiva de itens desse grupo é prejudicial por uma série
de aspectos. Eles não suprem as necessidades do organismo e, em
determinados casos, ainda podem prejudicar a absorção de nutrientes
importantes. Os produtos industrializados, por exemplo, por serem ricos
em sódio atrapalham a assimilação de cálcio pelo organismo, afirma
Brito. Se essa carência for prolongada, há riscos de desenvolvimento de
osteoporose.
O consumo exagerado de alimentos contendo as chamadas “calorias
vazias”, com pouca ou nenhuma oferta de nutrientes, também tem como
consequência negativa o aumento de peso. “O fato de fornecerem poucos
nutrientes essenciais ao organismo faz com que, por mecanismos
biológicos de defesa, a pessoa consuma mais alimentos tentando compensar
essa carência”, diz a nutricionista Márcia Regina Vitolo, professora da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Pessoas magras que vivem de dieta e só se preocupam com a quantidade
de calorias contida no alimento também podem ser vítimas da fome oculta.
Por isso, dietas de até 1.200 calorias por dia precisam ser
cuidadosamente planejadas para não limitar a ingestão de proteínas,
vitaminas e minerais, acrescenta a docente.
Uma orientação simples para suprir as necessidades do organismo é
incluir em todas as refeições um ingrediente rico em proteína, como ovo,
carnes magras, frango, peixe, leite, queijo ou iogurte, e outro rico em
fibras, vitaminas e mineiras, como as verduras, os legumes e as frutas.
“Se em todas as refeições as pessoas comerem dois alimentos, um de cada
grupo, com certeza elas estarão ingerindo alimentos de alta densidade
nutricional com maior frequência”, completa Vitolo.
Como os carboidratos também devem ser incluídos na dieta para
fornecer energia ao corpo, os especialistas recomendam a substituição
das versões simples pelas integrais sempre que possível. Também vale se
atentar para a forma de preparo dos alimentos. O ovo, por exemplo, é
considerado um alimento de alta densidade nutricional. Mas quando é
preparado frito, ele incorpora gordura e, consequentemente, passa a
fornecer muitas calorias – apesar de continuar sendo uma fonte
importante de proteínas e vitaminas.
UOL
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