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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Mais exercício nem sempre é melhor

Estudo sugere que um em cada dez indivíduos pode estar exagerando na dose de atividade física 

Rochester, EUA - Fazer pelo menos 150 minutos de exercício físico moderado por semana. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é repetida à exaustão por profissionais de saúde, que tentam convencer o público da importância de ter uma vida ativa, especialmente na prevenção de doenças. Mas existem evidências do aumento de mortes por problemas cardiovasculares entre aqueles que levam à orientação ao extremo e acabam se exercitando além do que o corpo pode aguentar. Um levantamento com esses dados foi publicado, nesta terça-feira, na revista “Mayo Clinic Proceedings”.

Os pesquisadores Paul Williams (do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia) e Paul Thompson (do Hospital Hartford, em Connecticut) estudaram a relação entre exercício e mortes por doença cardiovascular em cerca de 2.400 sobreviventes de ataques cardíacos que são fisicamente ativos.

Eles mostraram uma redução de 65% de risco de mortes cardiovasculares entre pessoas que corriam menos de 48 km (30 milhas) ou caminhavam menos de 76 km por semana. Além deste ponto, entretanto, boa parte dos benefícios relacionados à atividade física foram perdidos, no que é descrito pelos pesquisadores como “curva de J invertido”.

— Estes são os primeiros dados com humanos que mostram o aumento significativo do risco cardiovascular no caso de exercícios de nível muito elevado — disseram. — Os resultados sugerem os benefícios de correr ou caminhar não são acumulados indefinidamente. Eventos competitivos de corrida também parecem aumentar o aumento esse risco.

Eles ressaltam que o estudo consistiu em avaliar sobreviventes de ataques cardíacos, e por isso as descobertas não podem ser generalizadas para todos que praticam exercícios pesados.

Uma em cada 20 pessoas exagera no exercício
Sobre o mesmo tema, pesquisadores da Espanha divulgaram os resultados de uma metanálise de dez estudos sobre mortalidade em atletas de elite. Eles incluíram mais de 42 mil atletas (707 mulheres) — de esportes como futebol, beisebol, atletismo, ciclismo — de nível olímpico e participantes do Tour de France, tradicional competição de ciclismo do país.

— Descobrimos a partir dos dados disponíveis que atletas de elite (principalmente homens) vivem mais do que a população em geral, o que sugere que os efeitos do exercício, principalmente em relação à redução de doenças cardiovasculares e risco de câncer, não estão necessariamente limitados a doses moderadas — ponderou o pesquisador Alejandro Lucia, da Universidade Europeia de Madri, na Espanha.

— Uma extrapolação dos dados do estudo de Williams e Thompson para a população em geral sugeriria que aproximadamente um em cada 20 indivíduos estão exagerando no exercício — comentou James O'Keefe, do Mid America Heart Institute, no Kansas, e autor de outro artigo na mesma edição do periódico.

— Sugerimos o termo “lesão de sobre-esforço cardíaco” para essa estratégia cada vez mais comum de “quanto mais exercício, melhor” — disse.

Mesmo assim, estes autores afirmam que cerca de dez em cada 20 pessoas não está fazendo a quantidade mínima recomendada de atividade física

O estudo salienta que uma quantidade de exercícios vigorosos que não ultrapasse as cinco horas semanais é o limite seguro que garante benefícios para a saúde do coração e o aumento da expectativa de vida. Também pode ser produtivo tirar uma folga de um ou dois dias por semana do exercício muito intenso. Eles recomendam que indivíduos sedentários ou que exageram na dose teriam mais benefícios se se mantivessem numa faixa moderada.

— A maioria dos pacientes com doenças cardíacas deveria se exercitar, e, em média, fazer de 30 a 40 minutos de atividade na maioria dos dias. Do ponto de vista da saúde, não há razão para se exercitar muito mais do que isso — disse Carl Lavie, cardiologista do Instituto John Ochsner do Coração, em New Orleans.

— Como Hipócrates disse há mais de dois mil anos: “se pudéssemos dar a cada indivíduo a quantidade certa de nutrição e exercício físico, nem pouco, nem muito, encontraríamos o caminho mais seguro para a saúde”. Eu e meus colegas acreditamos essa continua a ser uma sábia orientação — conclui.

O Globo

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