A cannabis pode ajudar a combater os efeitos negativos no comportamento
e os de caráter psicológico que acarreta a síndrome de estresse
pós-traumático, segundo os resultados de uma pesquisa realizada pela
Universidade de Haifa (norte).
"A administração de maconha sintética (canabinóides) pouco após um
evento traumático pode previnir sintomas típicos da síndrome de estresse
pós-traumático em ratos, tanto aqueles causados pelo trauma como por
lembranças angustiantes recorrentes", diz um comunicado da universidade.
Segundo o estudo, cujas conclusões foram reveladas nesta quinta-feira
(4), esses efeitos foram freados depois que a droga neutralizou a
transmissão química entre os receptores emocionais do cérebro. O estudo
foi realizado pelos pesquisadores Najshon Korem e Irit Akirav, do
Departamento de Psicologia.
"A importância do estudo está no fato de que contribui para a
compreensão da reação cerebral que produz o efeito positivo da cannabis
sobre essa síndrome, o que apoia a necessidade de realizar testes
clínicos com humanos para examinar seu potencial", alegam os
pesquisadores.
De acordo com a Associação Médica de Israel, cerca de 9% da população
israelense sofre com o transtorno por estresse pós-traumático, uma
porcentagem que cresce vertiginosamente entre soldados, prisioneiros de
guerra, vítimas de ataques e civis que vivem em zonas fronteiriças
frequentemente afetadas pela guerra. Um fenômeno comum entre estes
grupos é a exposição quase contínua a eventos que os lembram do trauma
inicial, agravando suas condições de vida ao longo de anos.
Akirav, que já realizou vários estudos neste campo, assegura que o uso
da cannabis dentro de uma "janela de tempo" apropriada após um evento
traumático reduz os sintomas de estresse pós-traumático, segundo
demonstraram os testes com ratos.
Em sua última pesquisa, o especialista se centrou nas consequências dos
eventos repetidores que lembram o trauma inicial, para saber se a
cannabis tem o mesmo efeito positivo. Para isso foi administrada a droga
a um grupo de ratos que tinham recebido descargas elétricas, e um
composto antidepressivo de sertralina a um segundo grupo. A pesquisa
demonstrou que o primeiro grupo não mostrou depois, perante lembranças
angustiantes recorrentes, os sintomas típicos do transtorno. "Em outras
palavras, a cannabis fez com que os efeitos do trauma recorrente
desaparecessem", assegura.
O estudo também abordou a base neurobiológica do efeito que teve a
droga no cérebro. Segundo o comunicado, os ratos expostos a traumas
"mostraram um aumento nas expressões de dois dos receptores associados
com o processamento da emoções cerebrais: o CB1 e o gr", um reflexo que
ficou mitigado naqueles que tinham recebido a dose de cannabis.
"Os resultados de nosso estudo sugerem que a conectividade no circuito
do medo do cérebro muda por causa de um trauma, e que a administração de
canabinóides impede que esta mudança ocorra", concluíram os
cientistas.
EFE / R7
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