Foto: Eduardo Naddar / Agência O Globo
UTI do Hospital Municipal Mariana Maria de Jesus, em
Quissamã, no Rio
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Estudo sobre infecção generalizada foi realizado em 20% das UTIs privadas e públicas, totalizando 2.634 leitos
Com o objetivo de identificar a prevalência e a mortalidade por sepse -
conhecida como infecção generalizada ou falência múltipla dos órgãos - e
choque séptico nas UTIs brasileiras, o Instituto Latino Americano de
Sepse (ILAS) e o AMBInet (braço de pesquisas científicas da AMIB -
Associação de Medicina Intensiva Brasileira) desenvolveram e aplicaram
uma pesquisa qualitativa que apontou que a prevalência da complicação
nas unidades brasileiras é elevada (28,1%) e em torno de 50% dos
acometidos morrem.
Foram criados 10 extratos, conforme região geoeconômica e tamanho das
cidades. A amostragem foi realizada em 20% das UTIs de cada extrato
(privada ou pública). Ao todo foram 189 UTIs – 2.643 leitos. Cada UTI
registrou os números de sepse e o estudo acompanhou desde o diagnóstico
até a alta hospitalar ou 60º dia de internação. Um total de 78,2% dos
leitos foram da Região Centro-Sul; 18,4% região Nordeste e 6,0% da
Região Amazônica. Ao todo foram 744 pacientes. Os resultados também
mostraram que não houve diferença na mortalidade nas regiões Centro-Sul,
Nordeste e Região Amazônica.
A sepse é um dos principais problemas de saúde do Brasil, sendo
responsável por 25% da ocupação de leitos em unidades de terapia
intensiva. Atualmente é a principal causa de morte nas UTIs e uma das
principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto
do miocárdio e alguns tipos de câncer, como o de mama e intestino.
Alguns estudos epidemiológicos mostraram que a mortalidade brasileira
por sepse é maior do que a de países economicamente semelhante, como a
Índia e a Argentina.
- Não sabemos muito bem os motivos pelos quais isso acontece, mas
acreditamos que uma das razões seja devido ao pouco conhecimento da
população sobre a doença, o que faz com que os pacientes com sepse sejam
admitidos para tratamento em fases mais avançadas da síndrome, quando o
risco de óbito é maior - explicou o médico intensivista Dr. Luciano
Azevedo, membro do ILAS e coordenador da Campanha Dia Mundial da Sepse,
que acontece no próximo dia 13.
O profissional alerta, ainda, que os profissionais de saúde que
atendem os pacientes sépticos, seja nos prontos-socorros, enfermarias ou
UTIs, também encontram dificuldades para reconhecer rapidamente a
complicação.
- O diagnóstico de sepse é feito de forma atrasada, e as horas
iniciais, importantíssimas para o tratamento com antibioticoterapia e
reposição volêmica, são perdidas. Mas obviamente as características do
sistema de saúde brasileiro também desempenham um papel, pois muitas
vezes em virtude da superlotação dos hospitais, pacientes com sepse são
atendidos na fase mais precoce de seu tratamento em locais onde a
estrutura não é adequada para dar o suporte que eles precisam. -
afirmou. - Quando esses pacientes são admitidos na UTI, as disfunções
orgânicas já são preponderantes e a chance de sobrevida é bem menor.
O Globo
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