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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Planta descoberta em mangue pode ajudar a tratar câncer e Alzheimer

Foto: Mariane Rossi/G1
Amostra da planta mangue-branco macerada
Pesquisadores da Unesp, em São Vicente, conseguiram bons resultados. Planta consegue inibir o aumento de enzimas que provoca doenças
 
Pesquisadores de São Vicente, no litoral de São Paulo, descobriram que uma substância encontrada em uma planta que vive nos manguezais brasileiros pode originar um remédio para o tratamento de doenças neurodegenerativas e inflamatórias como mal de Alzheimer, Parkinson e tumores. Os testes em laboratório são promissores.
 
A pesquisa começou há cerca de cinco anos e é realizada por alunos da faculdade de Biologia Marinha da Unesp de São Vicente, sob a coordenação do Prof. Dr. Marcos Hikari Toyama. Segundo ele, foram coletadas amostras da planta mangue-branco, que é uma árvore encontrada nas áreas de mangue existentes na Baixada Santista.
 
Os estudantes levaram o material para o laboratório. Eles isolaram os compostos naturais da planta e avaliaram o efeito sobre a enzima fosfolipases A2 secretória, responsável pelo controle do metabolismo celular, defesa e comunicação celular. “Essa enzima tem um processo biológico importante. Ela regula diversas funções celulares. É uma molécula que tem função de defesa e regulação celular muito importante. Porém, em situações patológicas de doenças, essas enzimas são superexpressadas, o que significa que aumenta demasiadamente a concentração. O aumento pode originar o crescimento de algumas patologias inflamatórias, doenças degenerativas como mal de Alzheimer e mal de Parkinson, além de tumores”, explicou o professor.
 
Os pesquisadores descobriram que a planta mangue-branco contém flavonóides glicosilados que conseguem inibir essa enzima e impedir o aumento da concentração delas, evitando as doenças. “Nós observamos que esses compostos naturais possuem uma capacidade melhor de interagir com essa enzima e não alterar suas funções”, explica Toyama. O professor diz que há medicamentos no mercado que fazem essa função de inibir as atividades das enzimas, mas acabam induzindo a destruição da molécula parcial ou total. “A pior de todas é a destruição parcial porque ela mantém o centro ativo e destrói as outras regiões. Isso sinaliza que existe mais produção dessa enzima e doenças”, diz ele.
 
Os pesquisadores já fizeram os testes enzimáticos, farmacológicos e biofísicos em camundongos. A substância presente na planta evitou ou solucionou a inflamação dos animais. Todos os testes deram um resultado positivo e os pesquisadores conseguiram entender como a enzima e a substância se interagem.
 
Foto: Mariane Rossi/G1: Grupo de estudantes da Unesp que participam da pesquisa 
 
Os estudos dão suporte para que outros grupos de pesquisadores de outras áreas possam fabricar remédios específicos para as doenças inflamatórias. O grupo de pesquisadores da Unesp quer provar que é possível aproveitar os recursos da natureza para a medicina. “Estamos buscando outras plantas e organismos aqui do litoral para tentar passar essa ideia. O mangue é considerado um ecossistema importante, mas ele é muito agredido. Queremos dar um viés econômico para ele. As plantas também podem ser uma fonte muito rica de moléculas importantes para a medicina”, afirmou Toyama.
 
G1

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