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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Cápsula monitora sistema digestivo e envia os dados

Guilherme Baffi: Cirurgião Mikael Faria faz uso do aparelho
 Bravor no paciente José Raimundo, que sofre com problema
 de refluxo gástrico: novo método permite monitorar paciente
por mais tempo e com menos desconforto
Um novo método tem sido usado para agilizar o diagnóstico de um dos problemas digestivos mais comuns, o refluxo gástrico
 
De acordo com o cirurgião geral e gastroenterologista Mikael Faria, de Rio Preto, o exame, feito com aparelho chamado Bravor, é realizado a partir da ingestão de uma cápsula, e, por meio dela, é possível acompanhar todo o fluxo interno do tubo digestivo, sem a necessidade de colocação de sondas para captar dados do exame - uma vez que tudo é transmitido via "wireless" (sem fio), o que torna o exame imperceptível para o paciente.

"Assim, conseguimos verificar as oscilações de acidez no esôfago do paciente na sua rotina normal de vida. Com a vantagem de poder acompanhar esse paciente por até cinco dias, se for necessário. No exame normal, com sonda, isso é feito em um dia, apenas", explica. Outra vantagem é que o paciente não precisa voltar ao médico para retirada do equipamento. "Ele necessita somente entregar o receptor.

A cápsula que fica enviando as informações se desprende sozinha e é eliminada nas fezes", afirma o também cirurgião geral Roberto Luiz Kaiser Jr., de Rio Preto. A dificuldade em identificar o problema em adultos, pelos métodos atuais, é que o paciente não segue a dieta recomendada para o dia do exame, e também não se sente bem de andar com sonda no nariz, o que pode levar a resultados falso-negativos.
 
Entenda
A doença do refluxo gastroesofágico é mais comum do que se imagina, e não escolhe sexo ou idade para aparecer. Nela, o conteúdo (sólido ou líquido) segue na direção contrária ao estômago e vai para o esôfago e, com isso, gera uma produção de ácido elevada, que provoca azia e irritação do tubo digestivo. "Conviver com o refluxo torna a vida da gente insuportável", afirma a secretária Salete Ramos, 38 anos. 
 
Entenda melhor  a doença do refluxo gástrico

Dificuldade diagnóstica
Conhecido como exame de phmetria, muitas vezes, traz o resultado vem negativo. Isto porque o paciente fica constrangido em sair de casa e realizar suas atividades habituais com o fio saindo pelo nariz. Fica em repouso e daí não se consegue registrar nenhum refluxo. Isto é chamado de exame falso negativo, quando fica quieto durante o exame, o aparelho não registra o refluxo do ácido, que o paciente refere ter. Da mesma maneira. É muito mais difícil realizar o exame tradicional em criança. Desta maneira a criança fica livre para brincar.

O aparelho registra o momento que o ácido sai do estômago e volta no sentido da boca. Isso é o refluxo. Pode também comparar com os dados anotados pelo paciente. Solicitamos que o paciente registre cada vez que teve queimação, podendo assim comparar depois com os dados registrados pelo aparelho.  O refluxo quando não tratado, pode se tornar crônico. O contato do acido numa região que não esta preparada para recebê-lo pode no futuro virar esôfago de Barret, que é considerada uma lesão precursora do câncer. 
 
Tratamento
O tratamento pode ser clinico ou cirúrgico. Além disto, é preciso realizar mudanças de hábito alimentar e de comportamentos. Também são utilizados remédios que diminuem a produção de ácido do estômago e também são adotadas medidas para evitar que o alimentos retorne como elevar a cabeceira da cama em 15 centímetros. Mastigar bem os alimentos. Comer e não deitar imediatamente. Não usar roupas apertadas. Comer menos e mais vezes ao dia e evitar certos alimentos. Controlar o estresse e a ansiedade, pois podem aumentar a produção de ácido do estômago e piorar o refluxo.
 
Você sabia
Segundo estudo publicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), mais de 20 milhões de brasileiros adultos sofrem de azia. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Isso corresponde a 15% da população brasileira acima dos 20 anos.
 
Polêmica sobre o uso de omeprazol e a demência
Em entrevista ao Diário da Região, o cirurgião geral e gastroenterologista Roberto Luiz Kaiser Jr., de Rio Preto, esclarece algumas dúvidas suscitadas pela publicação sobre o omeprazol é o segundo medicamento mais consumido no mundo, da classe dos anti-ulcerosos que reduz a secreção ácida. O medicamento é utilizado por quem sofre de esofagite de refluxo; gastrite; acidez estomacal; úlcera duodenal; úlcera do estômago e outros tratamentos, mas muitas vezes as pessoas usam esse medicamento sem passar por um médico o que é um grande problema, pois além da automedicação não ser indicada, o uso prolongado de omeprazol pode levar a demência segundo estudo publicado na revista da Associação Médica Americana (JAMA). Acompanhe abaixo a entrevista do médico sobre o assunto.
 
Diário – O que pensa com relação ao estudo publicado pelo JAMA, que aponta para o risco de demência com o uso do omeprazol?
Roberto Luiz Kaiser Jr. - O artigo não surpreendeu o meio médico e nem muda a nossa rotina quanto ao uso desses medicamentos. A conclusão do estudo foi que pessoas que tomam omeprazol ou similar durante muito tempo tinham 65% mais de chances de ter níveis mais baixos de vitamina B12. Aqueles pacientes que utilizam medicamento prescrito em consultas médicas não precisam se preocupar. A pesquisa também recomenda que as pessoas que se automedicam devem, pelo menos, reduzir a quantidade de remédio pela metade, ou fazer pausas periódicas.

Assim, parte da quantidade de Vitamina B12 necessária poderia ser recuperada pelo organismo nesse período. Outro questionamento em relação ao estudo da revista JAMA é que o paciente estudado tinha 60 anos ou mais. Provavelmente esses pacientes faziam uso concomitante de outros medicamentos e o omeprazol para proteger o estômago. Não se pode dizer que foi o omeprazol, mesmo por ser um estudo observacional. Maiores estudos são necessários para se chegar a uma melhor conclusão

Diário - Qual a alternativa para tratar quem sofre de refluxo e gastrite?
Kaiser Jr. - Já se sabe que a falta de vitamina B12 pode levar a algumas alterações neurológicas, incluindo a demência. O problema não é o uso continuo do omeprazol e sim a interferência que ele tem na absorção dessa vitamina. As mesmas células que produzem o ácido do estômago também produzem o fator intrínseco. Ele é necessário para se juntar a vitamina B12 e, consequentemente, facilitar sua absorção. Quando o indivíduo usa um remédio como o omeprazol, ele diminui a produção de ácido do estômago e também do fator intrínseco, levando a uma possível diminuição da vitamina B12.

Portanto, para uma pessoa que usa esse medicamento com acompanhamento médico, existem maneiras para prevenir a diminuição do nível sanguíneo da vitamina B12 e, consequentemente, leva a alterações neurológicas. Podemos também dosar através de exame sanguíneo a quantidade dessa vitamina. Se estiver baixa uma reposição injetável pode já elevar esse nível  a valores normais, evitando riscos futuros.
 
Diário - Quais as formas de se diagnosticar o refluxo e a gastrite, hoje?
Kaiser Jr. - A gastrite é diagnosticada através de uma historia clinica bem feita do paciente e confirmada através da endoscopia com biópsia. A esofagite tem uma série de exames que pode ajudar na confirmação do diagnóstico. A PHmetria é o principal exame e considerada como padrão ouro do diagnóstico. Existe hoje no mercado um exame chamado BRAVOr que consegue fazer um exame de PHmetria sem fio e dosar a quantidade de ácido que volta durante um período de 48 horas.

Diário – Como acontece a doença, o refluxo é que causado pela gastrite ou vice-versa?
Kaiser Jr. - Na parede do estômago existe uma barreira protetora chamada de muco. A gastrite é causada quando existe um excesso de ácido no estômago e com o tempo esse ácido começa a penetrar e comprometer essa parede. Ficar muito tempo sem se alimentar, o estresse, a ansiedade, a angústia entre outros fatores, pode estimular mais ainda a produção do ácido e piorar os sintomas.

O refluxo é quando esse ácido sai do estômago e volta para o esôfago. Daí ele atinge uma região que não deveria receber ácido e não está preparada para isso, por não ter a camada protetora de muco igual à do estômago. Esse refluxo de ácido acaba com o tempo levando à esofagite. Portanto, ambos podem se apresentar de uma maneira isolada ou também de maneira associada.

Diário - Como é possível tratar, sem que isto provoque uma ou mais  consequências, em longo prazo?
Kaiser Jr. - O mais importante é tratar com acompanhamento médico. Jamais praticar a automedicação, mesmo se tratando de medicamentos simples como o omeprazol. Uma pausa no tratamento também é indicada para o organismo se recompor da vitamina B12. Fazer dosagens sanguíneas dessa vitamina também é indicado periodicamente. Pacientes com outros procedimentos ou medicamentos, que também possam diminuir a produção dessa vitamina, também devem ter os mesmos cuidados.  
 
Omeprazol sob suspeita
Um estudo recente, publicado pela revista científica Jama, coloca em suspeita o uso da medicação omeprazol, uma das mais usadas no controle do refluxo, por ter sido apontado o risco de demência.
De acordo com o cirurgião Roberto Luiz Kaiser Jr., a conclusão do estudo foi de que pessoas que tomam omeprazol ou similar durante muito tempo tinham 65% mais chances de ter níveis mais baixos de vitamina B12, o que levaria à demência.

No entanto, ele explica que, quando o paciente só faz uso do medicamento prescrito em consulta médica, não precisa se preocupar. "A pesquisa também recomenda que as pessoas que se automedicam devem, pelo menos, reduzir a quantidade de remédio pela metade, ou fazer pausas periódicas. Assim, parte da quantidade de vitamina B12 necessária poderia ser recuperada pelo organismo nesse período", diz.

O estudo foi realizado com pessoas acima de 60 anos, o que eleva a possibilidade de que muitos já faziam uso de outros medicamentos de forma conjunta, enquanto o omeprazol era usado para proteger o estômago. Segundo o homeopata Nelson Falsarella, de Rio Preto, os fitoterápicos também são eficientes no controle da doença digestiva. Dentre as opções, o médico destaca o extrato de boldo, a alcachofra, a jurubeba e a espinheira santa, cuja distribuição já é feita pelos serviços públicos de saúde. 
 
Alimentação inadequada
Quando o problema de refluxo for detectado em uma criança, é preciso, antes, descartar a alergia à proteína do leite de vaca (APLV), que tem se tornado cada vez mais frequente e chega a atingir cerca de 3% das crianças menores de três anos. Daí a orientação da nutricionista Renata Pinotti, autora de um guia sobre o assunto e do site www.alergiaaoleitedevaca.com.br, de que, ao primeiro sinal dos sintomas, que são: sangue nas fezes, diarreia ou intestino preso, refluxo, baixo ganho de peso sem causa aparente, dermatite atópica (ressecamento e descamação na pele), edema de lábio, urticária (placas vermelhas pela pele), respiração difícil e chiado no peito (não associado a infecções), procurar um gastropediatra ou alergista, a fim de iniciar a investigação diagnóstica.

A nutricionista também orienta de que é preciso adequar a alimentação. "A dieta isenta de alimentos que possuem as proteínas do leite ainda é o único tratamento eficaz", afirma. Segundo o cirurgião Mikael Faria, o mesmo vale para os adultos, que vão ter de realizar uma mudança de estilo de vida, e seguir a orientação nutricional, sendo orientados a fazer uso de medicações apropriadas para diminuir a acidez do estômago e o refluxo. "A doença tem múltiplos fatores, mas, em geral, é influenciada pela dieta, pelo estresse, pelos hábitos de vida, o peso do paciente, a idade, o fator emocional, e as alterações anatômicas, como hérnia de hiato. A somatória delas pode piorar ou dificultar a evolução e o tratamento", diz. 
 
Risco de complicação
A doença do refluxo gástrico, que também afeta a vida de recém-nascidos, pode ter como causa a alergia ao leite, e, nesses casos, a dificuldade do diagnóstico é um pouco maior. O uso da cápsula só tem indicação para crianças acima de cinco anos. Durante o exame, pode ser constatada a presença de alta concentração de ácido, e também se a produção está além do normal ou não e, portanto, se está relacionada aos sintomas da pessoa.

Em cada pessoa, os sintomas podem variar de acordo com a idade, assim como a intensidade do refluxo. "Pode aparecer, por exemplo, além das dores e das chamadas 'queimações', pneumonias de repetição e, não exatamente, o quadro gástrico. Inclusive, uma simples rouquidão persistente pode ser originária do refluxo", diz o cirurgião Mikael Faria. "Além disso", lembra o médico, "há o risco da esofagite (inflamação do esôfago), que pode ser com ou sem erosões. E também essa agressão constante pode levar a lesões que podem vir a gerar tumores de esôfago." 
 
Sintomas do Refluxo
 
- Sensação de que o alimento pode ter ficado preso atrás do esterno
 
- Mal-estar (que é aumentado ao se curvar, inclinar para frente, ficar deitado ou comer)

- Náusea após comer
 
- Tosse ou respiração ofegante
 
- Dificuldade para deglutir
 
- Soluços
 
- Rouquidão ou alteração na voz
 
- Regurgitação de alimento
 
- Dor de garganta
 
Como funciona
O aparelho tradicional que mede o refluxo fica localizado pouco acima do estômago. Cada vez que volta ácido do estômago, ele registra e manda esses dados através de um fio que sai pelo nariz e é conectado a um aparelho posicionado na cintura do paciente
 
O novo método manda esses dados via "wireless", isto é, sem fio. O aparelho que recebe fica da mesma maneira localizado na cintura do paciente, porém, tem tamanho menor e é mais discreto, muito parecido com um celular
 
Outra vantagem é que o paciente não precisa voltar ao médico para retirada do equipamento. Ele precisa apenas entregar o receptor. A cápsula que fica enviando as informações se desprende sozinha e é eliminada nas fezes
 
O aparelho registra dados durante 48 horas. O tradicional registra a metade desse tempo
 
Entrevista
O cirurgião geral e coloproctologista João Gomes Netinho, professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp)

Diário - Quais as formas de se diagnosticar o refluxo e a gastrite, hoje?
João Gomes Netinho - Como sempre, a história clínica e os exames que confirmarão ou não a suspeita de doença do refluxo gastresofagiano e a gastrite.  Os pacientes com  refluxo apresentam queixas de azia persistente, dor retroesternal, sintomas na garganta, como rouquidão pela manhã ou dificuldade para engolir. Pode também causar tosse seca e mau hálito. Os exames complementares utilizados rotineiramente são a endoscopia digestiva alta, e em alguns casos a seriografia esôfago-gastroduodenal, que é o exame contrastado do esôfago, estômago e duodeno. Pode ainda ser solicitado, eventualmente, a manometria e PHmetria esofágicas, para avaliar o grau e intensidade do refluxo.  
 
Diário - Quando um leva ao outro?
Netinho - Refiro-me se é o refluxo que causa a gastrite ou vice-versa? A gastrite é uma inflamação na mucosa do estômago e o refluxo é mais um problema funcional, isto é, devido à falha do esfíncter esofagiano inferior ocorre à passagem do conteúdo ácido do estômago para o esôfago, que não tem defendido para se proteger deste conteúdo ácido, causando lesões na mucosa esofageana tipo erosões e/ou  ulcerações, que podem originar em sintomas de vários graus de intensidade. Então um não causa o outro.

Diário - Como é possível tratar, sem que isto provoque consequências ruins em longo prazo?
Netinho - O tratamento deve ser criterioso e sempre sob supervisão do médico especialista. O médico avalia cada caso e prescreve a medicação na dose adequada, devendo reavaliar de tempo em tempo. Vale observar que apesar dos medicamentos serem excelentes, é fundamental o paciente fazer a parte dele. Certos cuidados dietéticos sempre são recomendados. A ingesta alimentos e bebidas ácidas devem ser restringidas assim com o de alimentos “pesados” ou  que exigem mais do estômago, como os gordurosos e oleosos. Outra classe de alimento ou bebida considerada irritante de mucosa do esôfago e do estômago, também deve ser dedicada certos cuidados como o uso abusivo de café.
 
Saiba mais sobre o estudo do Omeprazol
Os inibidores da bomba de prótons (IBP) e os antagonistas do receptor H2 mudaram a história do tratamento das doenças ácido-pépticas. Antes do aparecimento desses medicamentos  a terapia até então utilizada, não era eficiente, resultando então em um grande numero de pacientes que eram submetidos a tratamento cirúrgico. 

Atualmente, só ocasionalmente um  paciente com doença ulcerosa do estômago é levado à cirurgia. Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) são medicamentos que inibem a enzima H+, K+ ATPase (ou bomba de prótons) realizando a supressão ácida gástrica. Atualmente, são comercializados seis representantes desta classe: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol e dexlansoprazol. Um novo IBP, tenatoprazol, está ainda em fase de desenvolvimento.

Mas uma preocupação tem sido levada em conta pela classe médica, mais especificamente os gastroenterologistas. É o uso crônico e indiscriminado dos IBPs, muitas vezes sem qualquer controle médico. Esta preocupação é mais direcionada para os pacientes mais idosos, uma vez que eventuais efeitos colaterais, afeta mais esta população. Entre os efeitos colaterais resultantes do uso por longo tempo dos IBP são citados na literatura os seguintes efeitos colaterais:

:: A utilização em longo prazo de omeprazol em humanos pode possivelmente produzir proliferação de células e tumores carcinoides, porém não foram ainda claramente estabelecidos como uma consequência do uso crônico do medicamento.

:: Estudos recentes levantaram a questão de que, quando usados em terapia conjunta, os IBPs levam a uma redução na conversão de clopidogrel em sua forma ativa, reduzindo assim a eficácia do tratamento com clopidogrel, que é um importante agente antiagregante plaquetário. Dessa forma, os IBPs estariam contribuindo para a ineficácia do tratamento de cardiopatias e eventos aterotrombóticos. 13,44 Por outro lado, autores citam que os estudos existentes apresentam resultados inconsistentes e discordantes. Mesmo assim, em novembro de 2009, o FDA emitiu um alerta aos profissionais de saúde sobre o potencial de interação entre clopidogrel e omeprazol ou esomeprazol, limitando o alerta apenas para o uso desses dois IBPs.

:: Recentemente, também foi levantada a questão de que o uso de IBPs poderia induzir má absorção de cálcio pelos ossos e, dessa forma, levar à osteoporose e aumentar o risco da ocorrência de fraturas, principalmente no quadril. No entanto, os dados apresentados não são uniformes. Alguns estudos conseguem demostrar que há uma pequena, mas estatisticamente significativa, associação entre o uso de IBPs e o risco de fraturas, porém não demonstram significância clínica pelo fato do risco ser baixo. Mesmo com as limitações metodológicas dos estudos, o FDA anunciou em maio de 2010, que deveria existir uma mudança na bula dos IBPs, contendo a informação de indicar um possível risco de fratura com o uso desses medicamentos.

:: Em pacientes idosos que já possuem atrofia gástrica, possivelmente por infecção de H. pylori, o uso crônico de IBP pode reduzir a concentração sérica de vitamina B12 (Thomson et al., 2010) No trabalho de Sohaily e Duggan (2008), estudos sugerem que somente pacientes com intensa supressão ácida por vários anos, como no tratamento da Síndrome de Zollinger-Ellison, estão em risco de desenvolverem deficiência relevante de vitamina B12 e, estes, são os que devem ser monitorados. A absorção duodenal de ferro orgânico e não orgânico também pode ser afetado com o tratamento crônico destes medicamentos (Sharma et al., 2004 apud Thomson, 2010). Entretanto, este efeito é pequeno, não estando associados com um aumento no risco de deficiência de ferro (Koop et al., 1992 apud Thomson, 2010).
 
Saiba mais sobre a publicação do JAMA  
Proton Pump Inhibitor and Histamine 2 Receptor Antagonist Use and Vitamin B12 Deficiency Jameson R. Lam, MPH1; Jennifer L. Schneider, MPH1; Wei Zhao, MPH1; Douglas A. Corley, MD, PhD1, JAMA. 2013;310(22):2435-2442.  Não concluiu que o uso prolongado de IBP pode levar a demência, como está claro nas conclusões que incluo com a tradução:  “Este estudo encontrou uma associação entre a utilização de IBP e ARH2 por dois ou mais anos e um diagnóstico subsequente de deficiência de vitamina B12.

Não podemos excluir completamente confusão residual como uma explicação para esses achados, mas, no mínimo, o uso desses medicamentos identifica uma população em maior risco de deficiência de vitamina B12, independente dos fatores de risco adicionais. Estes resultados não recomendam a  supressão de ácido para pessoas com indicações claras para o tratamento, mas os médicos devem exercer uma vigilância adequada ao prescrever estes medicamentos e usar a menor dose eficaz possível.” 
 
Diário Web

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