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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Transtorno atrapalha fala e escrita de criança

Foto Istock: Rendimento escolar cai e
criança pode ser alvo de bullying
Distúrbio que faz paciente não entender o que escuta costuma ser confundido com outros problemas, o que leva a tratamento errado e piora os sintomas
 
Rio - A dificuldade de aprendizado de crianças pode ter inúmeras causas. Dislexia e déficit de atenção estão entre as mais conhecidas. Mas há ainda o Distúrbio de Processamento Auditivo Central (DPAC) que, por ser pouco divulgado, pode levar a erro no diagnóstico e tratamento inadequado. O mal provoca problemas de fala e escrita entre os pequenos. Se não tratada há tempo, o DPAC pode desembocar até em quadros de depressão.         
 
Especialista no distúrbio, o otorrinolaringologista Igor Salarini aponta que a semelhança entre os sintomas deste mal e do déficit de atenção é o grande causador das sequelas entre os portadores. “A criança faz tratamento como se tivesse déficit de atenção, não apresenta melhora e cada vez fica mais desestimulada e frustrada em aprender a falar e escrever”, observa o médico.           
           
O DPAC é uma alteração neurológica em que o paciente, apesar de ter a audição normal, não é capaz de interpretar as informações que recebe. “O problema está ligado a uma má-formação cerebral que pode ser hereditária ou fruto de partos complicados e otites nos primeiros anos de vida”, diz.
                     
Entre os sintomas, o otorrino lista a dificuldade para memorizar nomes e datas, dar recados e interpretar textos, além de desatenção e demora para entender mensagens. “O DPAC costuma se revelar aos 2 ou 6 anos, quando a criança aprende a falar e escrever. Os pais devem estar atentos nestas fases”, afirma Salarini.
 
Risco de bullying
O grande risco é quando o tratamento não é feito até o momento da alfabetização. Além da maior dificuldade em reverter o problema, o diagnóstico tardio pode ter efeitos psicológicos sobre a criança.

“Por não se desenvolver como os colegas, a criança pode virar alvo de bullying e cair em depressão”, conta o médico.
                      
Para enfrentar o distúrbio, Salarini indica uma visita inicial ao otorrino para garantir que a criança não tem nenhuma dificuldade de audição. Identificado o DPAC, é hora de fazer sessões com fonoaudiólogo. “Como os sintomas são bem parecidos, vale também procurar um neurologista e descartar o déficit de atenção”.

O Dia

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