Microcefalia é o nome dado à condição ocorrida quando o crânio do bebê não atinge o tamanho normal, influenciando no desenvolvimento mental
A alteração pode ser percebida ainda nas primeiras horas de vida por meio da medida do perímetro cefálico (medida da cabeça), que no caso dos recém-nascidos é maior do que 32 cm. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e literatura científica internacional, a microcefalia é uma anomalia em que essa medida do crânio é menor do que o normal, levando em conta o sexo, a idade ou tempo de gestação.
A microcefalia não é uma doença transmissível. A malformação congênita – ou seja, que ocorre antes do nascimento, é um sinal que não houve um desenvolvimento padrão do cérebro durante a gestação, já que é ele que comanda o crescimento e formação crânio. Essas alterações podem ser percebidas durante a gestação, em ultrassons de rotina.
A microcefalia pode ter como causa fatores genéticos e ambientais, além de ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas, uso de drogas durante a gestação, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias e vírus e radiação. “Existe uma quantidade de paciente com microcefalia todos os anos, mas nesta associação com a infecção pelo vírus Zika, confirmada pelo Ministério da Saúde recentemente, notamos um aumento da incidência. Mas isso não quer dizer que todos os bebês que tem este perímetro cefálico menor que a média tem microcefalia. Pode ser parte da constituição normal da família ter uma cabeça normal ou serem crianças pequenas para idade gestacional e que recuperarão esta diferença mais tarde”, explica a coordenadora adjunta de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Tatiana Coimbra.
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. A microcefalia não tem cura, mas diversos tratamentos podem ajudar no desenvolvimento da criança. “Cada criança precisa ser analisada para saber o nível do comprometimento e que tipo de atendimento ela pode precisar. Todas devem fazer uma estimulação precoce desde o diagnóstico inicial. Este é o principal tratamento para que o máximo da capacidade cerebral seja preservado”, disse a coordenadora.
Como não há tratamento específico para a microcefalia, o Sistema Único da Saúde (SUS) dispõe de ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança.
Como cada criança desenvolve complicações diferentes entre elas respiratórias, neurológicas e motoras o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender de suas funções que ficarem comprometidas. Estão disponíveis no SUS serviços de atenção básica, especializados de reabilitação, exame e diagnóstico e serviços hospitalares, além de órteses e próteses aos casos em que se aplicar.
O acompanhamento da pessoa com microcefalia deve ser feito por uma equipe multiprofissional, que pode contar com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. É comprovado que tratamentos e estimulações realizadas desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida das crianças nessas condições.
Microcefalia X vírus Zika
O zika é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti. Mais de 80% das pessoas infectadas não apresentam sintomas. Os sintomas são manchas vermelhas pelo corpo, febre baixa, coceira leve a intensa e vermelhidão nos olhos. Ainda não há vacina para prevenir contra infecção pelo vírus Zika. Até o momento, não há evidência de que a imunidade conferida pela infecção natural do vírus Zika seja permanente, como acontece no caso da dengue. O vírus zika pode afetar todos os grupos etários e ambos os sexos, por isso é importante adotar as medidas de prevenção ao mosquito.
Alguns fatores foram fundamentais para que o Ministério da Saúde confirmasse a relação entre o vírus zika e os casos de microcefalia no país, como:
• Constatação de que os primeiros meses de gestação das mulheres com crianças microcefálicas correspondem ao período de maior circulação do vírus Zika na região Nordeste;
• Constatação, após investigação epidemiológica de prontuários e entrevistas com mais de 60 gestantes, que referiram doença exantemática (vermelhidão na pele) na gestação e cujas crianças com microcefalia, sem histórico de doença genética na família e/ou exames de imagem sugestivo de processo infeccioso;
• Constatação de alteração no padrão de ocorrência de microcefalias no SINASC (Sistema de Informação de Nascidos Vivos), apresentando um claro excesso no número de casos em várias partes do Nordeste;
• Identificação do vírus Zika em líquido amniótico de duas gestantes cujo feto apresentava microcefalia, no interior da Paraíba;
• Identificação de óbitos de recém-nascidos com malformações e padrão sugestivo de infecção no estado do Rio Grande do Norte e outros Estados;
• Identificação de recém-nascido, no estado do Ceará, com diagnóstico de microcefalia durante a gestação e resultado positivo para o vírus Zika, tendo evoluído para óbito nos primeiros 5 minutos de vida.
Não há como afirmar que a presença do vírus Zika durante a gestação leva, inevitavelmente, ao desenvolvimento de microcefalia no feto. A exemplo de outras infecções congênitas, o desenvolvimento dessas anomalias depende de diferentes fatores, que podem estar relacionados a carga viral, fatores do hospedeiro, momento da infecção ou presença de outros fatores e condições desconhecidos até o momento. Por isso, é fundamental continuar os estudos para descrever melhor a história natural dessa doença.
Fonte: Gabriela Rocha/ Blog da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário