DEET, IR3535 e icaridina são substâncias recomendadas pela OMS. Vitamina do complexo B não tem eficácia comprovada contra mosquito
Repelentes contra insetos - Reprodução/TV Globo
Há 'fortes indícios' de que zika vírus, transmitidos por mosquitos Aedes aegypti, tenha correção com aumento de casos de síndrome de Guillain-Barré.
Ainda há muita dúvida sobre como se proteger individualmente das picadas do Aedes aegypti, vetor de dengue, zika e chikungunya. A grande variedade de repelentes disponíveis no mercado – só no Brasil, existem 122 com registro na Anvisa – faz a população se questionar se todos teriam a mesma eficácia contra o mosquito.
Mesmo os especialistas e os órgãos reguladores divergem em suas recomendações. Este mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária pediu que a população denuncie repelentes que tenham falhado ou provocado efeitos adversos.
Outras práticas disseminadas no país contra o Aedes, como o uso de vitaminas do complexo B, também geram confusão entre o público leigo. Veja perguntas e respostas sobre essas práticas:
Quais são os repelentes aprovados no Brasil?
Há 122 produtos registrados na Anvisa como repelentes para a pele. Eles têm quatro substâncias ativas:
- DEET (também conhecido como N,N-dimetil-meta-toluamida ou N,N-dimetil-3-metilbenzamida)
- IR3535 (também conhecido como etil butilacetilaminopropionato ou EBAAP)
- Icaridina (também conhecido como hidroxietil isobutil-piperidina carboxilato ou picaridina)
- Plantas do gênero Cymbopogon (citronela)
Todos têm o mesmo poder contra o Aedes?
Segundo a Anvisa, “todos os produtos registrados tiveram sua eficácia comprovada para ação em mosquitos da espécie Aedes aegypti”. É importante observar que o efeito de cada produto tem duração diferente e que as instruções de uso contidas no rótulo devem ser seguidas.
Porém, a eficácia dos repelentes pode variar de mosquito para mosquito. Segundo a infectologista Nancy Bellei, coordenadora do Comitê Científico de Virologia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), estudos realizados até o momento sugerem que a alternativa mais eficaz contra o Aedes sejam os repelentes a base de icaridina com concentração de 25%.
No caso do DEET, por exemplo, os principais estudos de eficácia foram feitos com mosquitos Anopheles (vetor da malária) e Culex (o pernilongo comum) e mostram que repelentes a base de DEET com concentração de 15% são eficazes por 5 horas, em média.
“Os estudos não foram feitos com Aedes e se referem a uma concentração maior que 15%. No Brasil, a maior parte dos repelentes a base de DEET tem concentração em torno de 10%, portanto não garantiriam essa proteção”, diz Nancy. A especialista cita ainda um estudo publicado em 2013 na revista científica “Plos One” que indica que o Aedes aegypti desenvolve um tipo de tolerância ao DEET quando exposto ao repelente por um período prolongado.
O que recomenda a OMS?
Contra o Aedes aegypti, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda os repelentes à base de DEET, IR3535 e icaridina.
O que recomenda os EUA?
Os Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (CDC) recomendam o uso de repelentes a base de DEET, IR3535 e icaridina, além de alguns produtos feitos com óleo de eucalipto-limão e para-mentano-diol.
Óleo de citronela funciona?
Além de não ser recomendado pela OMS para combater o Aedes aegypti, há estudos que indicam que o óleo de citronela não tem eficácia contra o mosquito. Uma pesquisa publicada em outubro de 2015 na revista “Journal of Insect Science” comparou o desempenho de produtos à base de citronela e outros ingredientes naturais contra aqueles à base de DEET. O resultado foi que produtos contendo citronela não tiveram nenhum efeito repelente significativo.
VIitamina B afasta mosquitos?
Não há nenhuma base científica que justifique o consumo de vitaminas do complexo B para afastar mosquitos, segundo a infectologista Nancy Bellei. Há, pelo contrário, estudos que comprovam que o uso desse recurso não tem qualquer efeito repelente.
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