Ela é causada por alterações anatômicas e deve ser tratada o quanto antes
Uma em cada 25 pessoas sofre com problema
Ainda há quem relacione incontinência urinária com velhice, mas o problema, no entanto, não está restrito às idosas.
Mulheres que sentem pequenas perdas de urina quando espirram, tossem ou riem intensamente devem prestar atenção à periodicidade com que isso ocorre.
“As jovens podem apresentar o problema eventualmente, mas é preciso analisar caso a caso. Se fazem um grande esforço, algo fora do que estão acostumadas no dia-a-dia e sentem escapar um pouco de urina, não têm necessariamente uma patologia. Se têm essa perda com frequência durante as atividades do cotidiano, como ao pegar o filho no colo, o quadro é mais acentuado e já inspira cuidados”, esclarece o urologista Fernando Almeida, coordenador do setor de Disfunção Miccional e Urologia Feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Não importa muito a idade, mas sim a perda urinária”, alerta o urologista e secretário geral da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Giacomo Errico.
Segundo estimativas da entidade, a cada 25 pessoas, uma desenvolve incontinência urinária. O tema, embora ainda envolto em muito preconceito, está deixando de ser um tabu. “Existia vergonha em procurar o médico e contar o problema. Hoje, a mulher sabe que isso é bobagem e, aos primeiros sinais, procura um especialista”, afirma Errico. “A incontinência acaba com a autoestima, e com o convívio social”.
Qual o problema?
A maior queixa entre as mulheres é a incontinência provocada por esforço. “Quando a mulher espirra, ela faz uma contração abdominal. Se a uretra está móvel, a urina sai”, explica o secretário da SBU. Alterações anatômicas como afrouxamento das musculaturas pélvicas podem levar a esse quadro. “A gravidez ou o parto são fatores de risco, pois rompem estruturas”, avalia Humberto Elias Lopes, presidente da regional de Minas Gerais da SBU. Mas a incontinência também pode acontecer em quem nunca teve filhos ou ficou grávida.
Em mulheres acima dos 40 anos, alterações hormonais também podem levar ao problema. “Com o aumento da idade há a redução da vascularização do local, o que causa a incontinência. Nestes casos, um creme a base de estrogênio pode ser a solução”, afirma Giacomo Errico.
Outra campeã de reclamações é a bexiga hiperativa, cujo sintoma principal é uma vontade urgente de fazer xixi. A bexiga contrai sem o comando e mulher tem-se a impressão de que a vontade não pode ser controlada. Em seguida, está a incontinência mista, que soma os dois problemas anteriores.
Tratamentos
Ainda não se conhece nenhuma forma de prevenção da incontinência urinária, então as armas mais potentes para melhoria da qualidade de vida da paciente são os tratamentos. Conheça os mais comuns:
Sling ou cinta – o médico coloca fitas sintéticas ou semi-sintéticas debaixo da uretra, de modo que ela fique na posição apropriada. É uma cirurgia considerada simples, a paciente pode ter alta no mesmo dia. Dois anos depois, 96% dos pacientes não têm mais incontinência. Esse índice cai para 80% após cinco anos.
Botox – há um ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o uso de toxina butolínica – botox – no tratamento da incontinência urinária. Com o auxílio de um endoscópio, os médicos usam agulhas para injetar a substância em pontos da bexiga. Isso faz com que o órgão passe a trabalhar de forma coordenada. Após o procedimento a paciente pode deixar o hospital no mesmo dia.
Interstim – é um eletrodo que funciona como se fosse um marcapasso, regulando o funcionamento da musculatura da bexiga. O problema: ele sai, em média, 50 mil reais e precisa ser trocado a cada 10 anos. Além disso, são poucos os especialistas capacitados no país para instalar e realizar ajustes posteriores no aparelho.
Novidades à vista
Nos Estados Unidos, cirurgiões da Universidade da Califórnia utilizaram músculos artificiais na recuperação dos movimentos faciais. O feito, publicado na Archives of Facial Plastic Surgery, poderá ser aproveitado para restaurar a capacidade de controlar a incontinência urinária.
No Brasil, o urologista Fernando Almeida, da Unifesp, estuda uma forma alternativa de tratamento da incontinência urinária de esforço com células tronco. “As células são injetadas na uretra a fim de refazerem esse músculo”, explica. A pesquisa está em fase de testes com animais.
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