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domingo, 29 de maio de 2011

Menos de 3% das brasileiras se submeteram ao abortamento

Nos países, como o Brasil, onde o aborto provocado é proibido por lei, o número de complicações após o procedimento é grande. Um estudo nacional estima a taxa e as complicações do abortamento no país.


Nos países onde o aborto é ilegal, o número de abortamentos realizados, em geral, de maneira insegura, é apenas uma fração do número real de procedimentos. A maioria dos abortos inseguros tende a ocorrer em países de baixa renda e em países onde a legislação é restritiva, o que ajuda a entender porque das cerca de 600000 mortes maternas registradas em todo o mundo anualmente, uma em cada 8 seja relacionada ao aborto ilegal. Por outro lado, nos países em que o aborto é legal, mortes relacionadas ao aborto são raras. No Brasil, o aborto é legal apenas em casos de estupro e risco de morte materna.

Um estudo nacional procurou avaliar a ocorrência referida de aborto espontâneo e aborto induzido, bem como de aborto associado à morbidade materna grave no Brasil. Os dados se referem à pesquisa de base populacional conduzida no Brasil, em 2006. Vamos aos resultados mais relevantes. As taxas ao longo da vida para abortamento espontâneo e aborto induzido foram respectivamente de 13,3% e 2,3%. Abortamento induzido foi mais freqüente entre as mulheres do Norte e Nordeste do país. Já o abortamento espontâneo, como era de se esperar, foi mais comum em mulheres com idades entre 40-49 anos e mulheres com 1 ou menos filhos. Mas o dado mais preocupante, confirmando resultados de pesquisas prévias, é que o aborto aumenta significativamente o risco de complicações, tais como hemorragia e infecção.

A questão do abortamento é complexa e mescla diversos aspectos, técnicos, científicos, psicosociais e religiosos. O que dificulta o debate. Mas a pesquisa deixa claro que o tema tem que ser constantemente discutido. Em épocas de eleição, também, mas principalmente depois delas. (Camargo et al. Severe maternal morbidity and factors associated with the occurrence of abortion in Brazil. Int J Gynecol Obst 112:88-92,2011)

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