Muitas vezes confundidas, essas doenças precisam de cuidados específicos
Não há otorrinolaringologista que não escute pelo menos uma vez por dia essa frase: "Eu tenho rinite e também sinusite". As duas "ites" vêm sempre juntas na cabeça do paciente (sem trocadilhos), como dois problemas em um só. Já que a diferença entre as duas é nebulosa para a maior parte do público, as pessoas preferem declarar que sofrem de ambas, por via das dúvidas.
A rigor, rinite é uma inflamação da mucosa do nariz e pode ter várias causas. Um resfriado, por exemplo, não deixa de ser uma rinite, do tipo infecciosa. Mas normalmente quando as pessoas falam em rinite estão se referindo a queixas mais duradouras (ou pelo menos recorrentes) causadas, por exemplo, pela rinite alérgica. Os sintomas mais frequentes da rinite são a coriza (secreção clara que escorre do nariz), os espirros, a coceira no nariz e o nariz entupido.
Já a sinusite é uma inflamação da mucosa que reveste os seios da face (também chamados de cavidades paranasais). Os seios da face são espécies de câmaras de ar que ficam ao redor do nariz, forradas internamente por uma mucosa muito parecida com a do próprio nariz. Essa mucosa que reveste internamente os seios da face produz muco, exatamente como a mucosa do nariz. Esse muco drena para dentro do nariz por pequenos orifícios que comunicam os seios da face com as fossas nasais.
Se por acaso esses orifícios ficam obstruídos (seja por secreção, pelo inchaço da própria mucosa ou por outra causa), o seio da face pode tornar-se uma cavidade sem comunicação com o nariz, totalmente selada, também sem aeração. Assim como acontece com as paredes de um quarto quando o deixamos totalmente trancado (sem ventilação) por muito tempo, a mucosa que reveste os seios da face vai ficando doente, inflamada. O muco que ela produz também não tem para onde ir e acaba acumulando no seio da face e facilitando a proliferação de bactérias. Está formada a sinusite.
A sinusite pode ser dividida em aguda e crônica. A aguda é aquela que se manifesta em crises, causando forte dor facial, abundante secreção purulenta no nariz, tosse e febre. Já na sinusite crônica os sintomas são mais discretos, mas mais frequentes. Ela pode se manifestar como uma tosse persistente ou uma secreção que drena do nariz para a garganta. Mas o que mais se associa à sinusite crônica é a dor de cabeça, em especial aquela entre os olhos. Aliás, quando a maior parte das pessoas afirma ter sinusite está se referindo justamente a esse sintoma: a dor de cabeça na testa ou entre os olhos.
Aqui vale um aviso: nem sempre a cefaleia frontal (a tal dor de cabeça na testa) é sinusite. Aliás, se ela não vem acompanhada de demais sintomas nasais, provavelmente não está relacionada à doença. Nesses casos duvidosos, a tomografia de seios da face (e não a radiografia simples) é um exame de imagem muito importante para tirar a dúvida.
Mas é claro que a confusão entre rinite e sinusite não é apenas falta de informação. Existe realmente uma área de interseção entre elas. Ambas, por exemplo, causam obstrução e secreção nasal. A rinite, muitas vezes, desencadeia uma sinusite. Portanto a associação em muitos casos é real.
Por último, é preciso esclarecer algo: a rinite realmente não tem "cura" na maior parte dos casos, mas sim controle, embora possa amainar com o tempo. Já a sinusite, ao contrário, tem cura na maior parte dos casos. Mesmo a crônica, embora não raro seja necessário algum tipo de intervenção cirúrgica para isso.
Portanto, consulte seu otorrinolaringologista e seja feliz respirando pelo nariz!
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