No espaço de um ano, 120 homens resolveram o seu problema urinário e deixaram de procurar, quase de hora a hora, uma casa de banho. Não só urinavam ‘às pinguinhas’ como não esvaziavam totalmente a bexiga. A solução terapêutica foi encontrada com a embolização da artéria prostática, uma operação realizada no Hospital Saint Louis, em Lisboa. Alguns dos pacientes têm menos de 50 anos.

Depois de ter apresentado, em Maio, num congresso nos Estados Unidos, o tratamento desenvolvido em portugueses, Martins Pisco tem recebido naquela unidade de saúde privada equipas de colegas europeus e americanos interessados em receber formação. Além de o procurarem médicos estrangeiros, também é solicitado por pacientes de várias partes do Mundo.
Uma operação recente contou com a participação de radiologistas italianos. Um dos especialistas, Cesare Massa Saluzzo, afirmou ao Correio da Manhã que a embolização da artéria da próstata é inovadora. "Até aqui, aplicávamos a embolização para tratar outros problemas, por exemplo, no cérebro. Martins Pisco mostra que é possível aplicar, com sucesso, a embolização em outras áreas da anatomia, como o caso do tratamento da próstata". Em Itália, estima--se que um milhão de homens sofra de problemas provocados pelo aumento da próstata.
Em Portugal, a prevalência de casos ronda os 50 por cento acima dos 50 anos de idade e 75 por cento acima dos 75 anos.
Na intervenção, Martins Pisco introduz, através de um cateter muito fino, partículas de álcool polivenil, que bloqueiam os vasos sanguíneos que irrigam a próstata, deixando, contudo, as artérias pudendas internas permeáveis para que o paciente mantenha a potência sexual.
A intervenção é suportada integralmente pelo doente e custa cerca de 4300 euros. Ao contrário da cirurgia à próstata por via aberta, a embolização não afecta a vida sexual do paciente.
VEIO DE HONG KONG PARA SER TRATADO
O jornalista James La-Giglia, de 48 anos, residente em Hong Kong, procurou vários urologistas, inclusive nos EUA, para tratar o seu grave problema urinário, causado pelo aumento da próstata, mas sempre recusou a proposta de operação. Procurou Martins Pisco para ser tratado.
"TÊM DE DETER OS SINTOMAS": Martins Pisco, Médico e radiologista de intervenção
CM – Quem são os doentes que podem submeter-se a este tratamento?
Martins Pisco – Não basta apenas terem aumento da próstata. É preciso haver sintomas, como urinar várias vezes ao dia, fazer força para urinar e não conseguir esvaziar a bexiga totalmente sempre que vai à casa de banho.
– Já aplicou a técnica a mulheres com fibromiomas que não conseguiam engravidar. Quantas já tratou?
– Largas centenas, e muitas crianças já nasceram. A técnica é parecida em homens e mulheres.
"SÓ URINAVA COM ALGÁLIA"
Alberto Bastos abre o sorriso quando lhe perguntam como se sente agora: "É a coisa mais linda do Mundo, estou como se nunca tivesse tido problemas para urinar." Já lá vão seis meses desde que se submeteu à embolização das artérias prostáticas para tratar a dificuldade urinária, de que sofria desde 1997, mas que tinha vindo a agravar-se cada vez mais. Ao CM recorda que, durante a última década, foram vários os tratamentos que experimentou, sem eficácia. "Com os comprimidos melhorava, mas depois voltavam os sintomas. Já quase não conseguia urinar. Cheguei a um ponto em que só urinava através de uma algália, é terrível", desabafa Alberto Bastos. Sempre recusou a cirurgia por "medo de que alguma coisa corresse mal". Mas quando leu uma notícia no CM sobre a técnica desenvolvida pelo médico Martins Pisco, não hesitou. "Era a solução, não implicava eventuais consequências, como a impotência", afirma.
PERFIL
Alberto Bastos tem 77 anos e está reformado. Durante toda a sua vida, trabalhou como soldador. É casado. Hoje, leva uma vida pacata, depois de anos a ‘correr’ para os hospitais devido aos problemas urinários.
Fonte Correio da Manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário