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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Amamentação ajuda a traçar mapa da poluição em diferentes cidades

Eles chegam em silêncio e muitas vezes são invisíveis, sem cheiro ou cor. Alastram-se de mansinho como uma praga dos novos tempos e deixam, em geral, um longo rastro de mortes e doenças das mais graves. Matam com o acúmulo de seus resíduos depositados, sobretudo, no tecido adiposo de homens e animais. Debilitam fauna e flora e agridem mananciais, mas ainda assim são fabricados, vendidos, usados e defendidos por empresários, políticos e representantes de vários setores da sociedade. Normalmente, por interesse econômico. Esses agentes do mal, contudo, podem estar com os dias contados. Em março de 2012, será concluído o primeiro grande inventário do país sobre fontes de emissão de poluentes orgânicos persistentes (POPs) — substâncias tóxicas impregnadas na terra, no ar e nas águas brasileiras.

Não se trata, em um primeiro momento, de procurar culpados ou banir do território brasileiro os famosos e perigosos POPs, que entraram para valer na pauta de preocupações do governo brasileiro nos últimos 10 anos. “A ideia é identificar o uso dos poluentes, as fontes de emissão e os problemas que eles causam ao país”, explica a química e doutora em saúde pública Sérgia Oliveira, diretora de Controle de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Serão analisados 21 poluentes orgânicos. Catorze deles foram banidos há algum tempo e sete ainda são permitidos.

A montagem do mapa da poluição no país levará em consideração os resultados de uma primeira pesquisa feita pela Fiocruz, com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2001/2002, como parte de um compromisso assumido pelo Brasil — e 27 países — com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU), durante a Convenção de Estocolmo, em 2001.

A convenção foi estabelecida para que os países signatários iniciassem um levantamento das emissões de substâncias tóxicas a fim de minimizar as fontes prejudiciais à saúde — até a eliminação e o banimento dos produtos, em um momento posterior.

“Padrão ouro”
Para medir os índices de poluição na natureza e saber até que ponto a saúde do brasileiro está ameaçada —, a Fiocruz escolheu como matriz de avaliação dos resíduos e do grau de poluição o leite materno (veja infografia). “Entre o ar e o sangue, a melhor resposta vem do leite humano”, afirma a química e especialista em saúde pública Ana Braga, da Fiocruz, que coordena a pesquisa.

Os resíduos desses poluentes têm uma afinidade muito próxima com tecidos adiposos (gordura) e não há melhor matriz, de acordo com os técnicos, para avaliar os índices de poluição que o leite materno. Além do mais, segundo a pesquisadora, “com essa fonte de pesquisa, não é necessário fazer exames invasivos, como biópsias, para analisar tecidos adiposos e os resultados com o leite são muito mais confiáveis”.

Os POPs que serão alvos das análises estão nos grupos dos agrotóxicos, das dioxinas e dos furanos, além de poluentes industriais e retardantes de chamas. “A preocupação maior do ministério é com as dioxinas (e os furanos) porque elas estão presentes na natureza e não precisam ser fabricadas. Basta queimar lixões ou pneus a céu aberto, incinerar resíduos de saúde ou queimar combustíveis.”

O estudo dos POPs em leite humano no Brasil será feito a partir da coleta do produto em 15 estados, com 150 amostras, ao todo, extraídas de um grupo de 10 mães em cada uma dessas unidades da Federação. Segundo os critérios de seleção do programa, definidos pela OMS, as doadoras têm de ser mães jovens, primíparas (que tiveram o primeiro filho) e saudáveis. Conforme Ana Braga, “as mães de primeira viagem oferecem um padrão de qualidade muito mais adequado do que o leite de mães com quatro, cinco filhos”.

Fonte Correio Braziliense

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