Com propriedades antiinflamatórias, a planta unha-de-gato vem sendo testada contra a doença em pesquisa realizada pela Unifesp
Cerca de seis milhões de brasileiras – ou seja, 10% a 15% da população feminina no país – sofrem com a endometriose, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Endometriose.
A doença é caracterizada pela presença do endométrio – tecido que reveste a parte interna do útero – fora do útero, podendo atingir outros órgãos da pelve como trompas, ovários, intestinos e bexiga.
Agora, um estudo do Ambulatório de Endometriose e Dor Pélvica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) pesquisa o fitoterápico unha-de-gato como tratamento promissor da doença.
O estudo foi tema do doutorado do médico João Nogueira e contou com a parceria da Universidade Federal do Maranhão.
O trabalho, já publicado em um periódico internacional de ginecologia, foi realizado inicialmente com animais. Os pesquisadores induziram a endometriose em 24 ratas, que foram divididas em dois grupos distintos: Grupo Controle, que recebeu placebo (soro fisiológico) e Grupo Experimental, no qual foi administrado o fitoterápico.
Duas semanas após o tratamento diário com as respectivas substâncias, análises laboratoriais mostraram que no Grupo Controle a lesão no útero dos animais, provocada pela doença, havia praticamente dobrado de tamanho. No Grupo Experimental houve uma regressão de 60% dessas lesões.
De acordo com o ginecologista Eduardo Schor, coordenador do Ambulatório de Endometriose da Unifesp e um dos autores do estudo, a unha-de-gato tem três características que explicam o achado.
“Além das propriedades antiinflamatórias, o fitoterápico também reduz o estresse oxidativo das células e tem função imunomoduladora, ou seja, melhora o sistema imunológico”.
A próxima etapa da pesquisa, que começa a ser desenhada, vai testar cientificamente o fitoterápico em humanas. Hoje, segundo o médico, o que existe são relatos pontuais – e geralmente favoráveis – nos consultórios.
“A unha-de-gato é recomendada para pacientes que têm contraindicação ao uso de hormônios, apresentam quadro de trombose ou não apresentam melhora do quadro de dor mesmo com o tratamento hormonal”, explica.
A planta traria ainda o benefício de provocar poucos efeitos colaterais, dentre eles náuseas e dores abdominais leves, quando comparado aos desencadeados pelos tratamentos convencionais a base de hormônios – fogachos, alterações emocionais e diminuição da massa óssea, entre outros.
“Mulheres com endometriose que utilizam o fitoterápico, tratadas no ambulatório, relatam melhora principalmente no que se refere às queixas de dor”, diz o médico.
Endometriose e fertilidadeConsiderada uma das enfermidades mais comuns entre mulheres em idade reprodutiva, a endometriose pode influenciar a fertilidade feminina.
“Cerca de 30% a 40% das mulheres que sofrem de endometriose têm infertilidade. Entre as que têm infertilidade, 50% delas têm endometriose”, constata a ginecologista Rosa Maria Neme, diretora do Centro de Endometriose São Paulo.
A escolha do tratamento depende de cada caso e o uso de medicamentos geralmente é indicado para quadros mais leves quando a cirurgia não é necessária ou ainda no pós-operatório, para evitar o reaparecimento do problema.
“Os medicamentos são hormonais e podem ser anticoncepcionais combinados com baixas doses de hormônio ou, ainda, somente à base de progesterona. Medicamentos não contraceptivos, à base somente de progesterona, também podem ser prescritos. Eles atuam diminuindo a ação do estrógeno, que é o hormônio que alimenta a endometriose”, explica a médica.
Para quem não pode se submeter ao tratamento hormonal, o fitoterápico, caso comprovada sua eficácia em humanos, poderá ser uma alternativa considerada pelos médicos.
Fonte IG
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