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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Médicos alertam para riscos do excesso de prevenção

Exames realizados sem necessidade podem representar riscos à saúde. De acordo com levantamento divulgado no segundo semestre de 2011 pelo IBOPE, o excesso de prevenção no Brasil passou de 32% em 2010 para 44% em 2011

Um grupo de nove sociedades médicas americanas divulgou nesta quarta-feira (04/12) um documento que recomenda a redução da indicação de exames diagnósticos. Foram incluídos na lista 45 diferentes tipos de exames, mas que poderá ser ampliada conforme adesão de outras especialidades.

As indicações do grupo americano refletem uma preocupação antiga da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) que há tempos luta para conscientizar sobre os riscos da solicitação excessiva de testes por parte dos médicos e também pacientes durante as consultas.
Segundo o presidente da SBMFC, Dr. Gustavo Gusso, o check-up deve começar em uma boa conversa. Depois, seguir para os exames quando necessário.

O abuso desses procedimentos, no caso da saúde, definitivamente não é uma boa conduta. “Hoje, há um desbalanço no Brasil que tende ao exagero de ações de prevenção primária e secundária e pouca ênfase na quaternária. Os protocolos, que na maioria das vezes têm a chancela dos governos são bastante exagerados, pouco científicos e levam a possíveis intervenções desnecessárias ou perigosas”, diz Gusso.

De acordo com levantamento divulgado no segundo semestre de 2011 pelo IBOPE Inteligência o excesso de prevenção no Brasil passou de 32% em 2010 para 44% em 2011, enquanto no mundo, foi de 21%, em 2010, para 30% em 2011.

O estudo ouviu 31.577 pessoas em 39 países, no Brasil foram 1.373 entrevistadas. O objetivo, segundo o IBOPE, foi medir a percepção da população mundial em relação à própria saúde e a forma como cada um se cuida, além de avaliar a relação médico-paciente.

Gastos
De acordo com reportagem do The New York Times, acampanha das sociedades médicas dos EUA foi batizada de “Choosing Wisely” (escolhendo sabiamente).

A lista de exames inclui recomendações para procedimentos rotineiros, como eletrocardiogramas, hoje feitos mesmo quando não há sinal de problemas cardíacos, e ressonâncias magnéticas.

O American College of Radiology solicitou que os radiologistas não realizem exames de imagem em pacientes com uma simples dor de cabeça. Até os oncologistas estão recebendo a recomendação de pedir menos exames em pacientes com câncer de mama ou de próstata em estágio inicial com poucas chances de metástase.

Para Lawrence Smith, chefe do North Shore-Long Island Jewish Health System, em Nova York, o uso excessivo de cuidados representa uma das mais sérias crises na medicina norte-americana.

Dificuldades
Em 2009, novas diretrizes para mamografias nos EUA recomendavam que as mulheres fizessem o exame com menos frequência, o que trouxe medo entre as pacientes sobre o aumento do controle do governo sobre decisões relacionadas à saúde e limitações ao tratamento.

“Infelizmente, as pessoas preferem o exagero, mesmo que tenham um prejuízo por causa de um tratamento sem necessidade”, diz Gusso. “Não é por causa dos exames que elas vão viver mais. Alimentação saudável, atividade física e parar de fumar são mais importantes.”

Os médicos, por sua vez, muitas vezes não seguem as diretrizes. Segundo Gusso, como o tempo das consultas é curto, o médico logo pede um exame e o paciente sai mais satisfeito.

“As pessoas acham que o dinheiro gasto com o convênio só vale a pena se usarem ao máximo. Mas deveriam pensar que é como um seguro de carro: ninguém quer um acidente para receber o dinheiro das mensalidades.”

Fonte SaudeWeb

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