Diagnóstico detalhado, suplementação com vitamina D e prática de exercícios dificultam quedas e novas fraturas em pacientes idosos
Um programa pioneiro do Serviço de Ortopedia do Hospital Federal de Ipanema conseguiu evitar novas fraturas m 74 dos 77 pacientes acompanhados - 97,4% do total. São pessoas que sofreram fraturas por causa da osteoporose e têm grande possibilidade de novos acidentes.
Em um ano, o grupo recebeu medicamentos, entrou em programa de exercício e participou de consultas a cada quatro meses. Os resultados foram apresentados no Congresso Europeu de Osteoporose e Osteoartrite, em Bordeaux, na França.
"Esses pacientes sofreram fratura por trauma mínimo, ou seja, caíram da própria altura. Se nada for feito, terão novas fraturas", explica o coordenador do programa, o ortopedista Bernardo Stolnicki, integrante da força-tarefa da Sociedade Americana de Metabolismo Ósseo, que desenvolve estratégia para reduzir em 20% a fratura de fêmur.
Cerca de 40% dos pacientes com esse tipo de fratura se tornam dependentes e mais de 50% deles perdem pelo menos uma função da atividade cotidiana.
"Eu tinha quedas bobas. Uma vez, segurava uma taça de vinho e escorreguei no último degrau da escada. A taça ficou inteira, mas eu quebrei os ossos do punho", lembra a psicóloga Nazaré Palmeira, de 74 anos, que entrou no programa depois de ter fraturado fíbia, perônio, rádio, clavícula e a vértebra lombar.
As quedas fizeram Nazaré perder a segurança - parou de andar na praia e usar salto alto. Ao entrar no Programa de Prevenção de Refraturas, ela passou por consulta para levantamento do histórico clínico, fez exame para avaliar a massa óssea e para buscar o que os médicos chamam de fratura subclínica. "A pessoa sente aquela dorzinha contínua e acha que pode ser artrite, por causa da idade, mas na verdade tem uma vértebra fraturada."
Vitamina D. Nazaré também fez exames laboratoriais para afastar doenças provocam a perda de massa óssea (como o hiperparatireoidismo). Entre os testes está a dosagem de vitamina D, responsável pela fixação do cálcio no organismo. "Na população geral, a deficiência está em 42%. Aqui, 85,7% dos pacientes têm esse problema", afirma o ortopedista.
Como em algumas partes do País não se consegue fazer essa dosagem, ortopedistas devem começar a repor essa vitamina em pacientes com a doença - segundo o médico, o risco de o paciente com osteoporose ter deficiência é de mais de 80%.
Depois de todo o levantamento, Nazaré, assim como os pacientes, recebeu em dose única infusão do medicamento ácido zoledrônico, que aumenta a massa óssea, além da suplementação de cálcio e vitamina D.
Também passou por um programa de ginástica, para aumentar o equilíbrio e reduzir o risco de queda - cada paciente recebe um vídeo com 12 tipos de exercícios. "Melhorou a minha autoestima. Eu dou aulas, palestras, e já não podia mais caminhar direito porque a dor que eu sentia era intensa", diz Nazaré.
Prevenção. "O alto porcentual de fraturas prévias reforça o conceito de que é preciso intervir na primeira fratura, para evitar quadros mais graves. E a baixa taxa de refratura, depois de iniciado o acompanhamento, é um indicativo de que o tratamento com uma droga de alta adesão é animador", diz o ortopedista.
Hoje, 118 pacientes estão inscritos no PrevRefrat - 88 deles estão em tratamento com o ácido zoledrônico, 22 aguardam resultados de exames e 8 receberam outros medicamentos porque sofrem de insuficiência renal, o que é contraindicação para o uso do ácido zoledrônico.
A corretora Evany Wuensch, de 76 anos, aguarda o resultado dos exames para ingressar no programa. Ela teve 25 ossos fraturados ou fissurados nos últimos anos - só no cotovelo fez quatro cirurgias.
"Um abraço do meu neto e eu fissurei cinco costelas", conta. "Minha expectativa é não cair mais para não quebrar."
Fonye Estadão
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