Pesquisa concluiu que homens pensam mais com a área cinzenta do cérebro, enquanto mulheres usam mais a parte branca do órgão
Em uma sala de aula de qualquer faculdade de informática, física, engenharia ou matemática, é evidente a predominância de estudantes do sexo masculino. Em compensação, cursos de comunicação e letras têm vagas preenchidas por mulheres, na sua maioria. Essa facilidade em uma ou outra área pode ter origem também biológica.
Segundo Bruno Campello de Souza, professor do pós-graduação no programa de psicologia cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco, homens e mulheres têm algumas diferenças anatômicas no cérebro, o que pode explicar algumas diferenças funcionais - no caso, a facilidade para exatas. "Os homens vão ter vantagens em relação a raciocínio espacial e geométrico. De um modo geral, são melhores em tarefas geométricas", exemplifica.
Por outro lado, mulheres aprendem a ler e escrever mais cedo e, em geral, conta Souza, "são mais eficientes em tarefas envolvendo palavras e significados". Elas também têm maior facilidade de recuperar a fala depois de acidentes com traumas em regiões responsáveis por essa função. Isso não tem explicação científica definitiva, mas estudos mostram que homens têm o cérebro bem maior do que as mulheres - com algo em torno de 4 bilhões de neurônios a mais -, enquanto o corpo caloso, parte responsável pela comunicação entre os hemisférios cerebrais, é mais desenvolvido nelas. "A gente imagina que essas diferenças anatômicas devam resultar em diferenças funcionais, mas de que maneira não está claro ainda", conta o pesquisador.
Um estudo feito pela Universidade da Califórnia e pela Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, aponta que uma das razões pelas quais homens e mulheres teriam diferentes desempenhos nas áreas de humanas e exatas pode, sim, ser biológica. A pesquisa concluiu que homens pensam mais com a área cinzenta do cérebro, enquanto mulheres usam mais a parte branca do órgão. A cinzenta é a área mais relacionada com o processamento de informações, e a branca, com a comunicação.
Outro ponto interessante apontado por Souza é que até certa idade escolar, perto do fim da infância, meninas apresentam desempenho mais satisfatório em todas as áreas, inclusive nas exatas, mas que esse quadro se inverte quando chega a puberdade. Ricardo Camelier, professor de matemática da escola e do cursinho pré-vestibular QI, do Rio de Janeiro, diz que percebe, em geral, um maior empenho das meninas em sala de aula e, consequentemente, melhores notas. Ele, que também leciona no curso de física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirma que há ainda uma predominância masculina nas faculdades ligadas às exatas.
Ainda que haja mais facilidade masculina nas disciplinas de matemática e física, Souza deixa claro que fatores culturais e outras variáveis como o ambiente no qual a criança se desenvolve são determinantes na hora de escolher um curso superior.
Portanto, a maior facilidade em uma área não é a questão mais importante na hora de escolher uma carreira. Ele dá um exemplo próximo: "Eu tenho uma irmã mais nova que é engenheira. Geralmente, as meninas não se interessam por isso, mas como nasceu em uma família de engenheiros, ela fez engenharia, mestrado na área, e agora faz doutorado no Canadá. Então, esse elemento ambiental exerce grande influência".
Fonte Terra
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