Placa de colesterol aderida na parede da artéria coronária |
Médicos do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) querem rastrear quem são os 400 mil brasileiros que sofrem de hipercolesterolemia familiar. A doença, silenciosa, é resultado de uma mutação genética que causa colesterol alto desde a infância. O resultado: risco até 20 vezes maior de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) precoces.
Nesta sexta-feira (28), o Incor fez campanha gratuita para detectar o mal na população. Foram distribuídas 500 senhas.
A hipercolesterolemia familiar é diagnosticada por exame genético. Com uma gota de sangue, os médicos identificam o colesterol alto. Aqueles com LDL (o colesterol ruim) acima de 210 mg/dl serão encaminhados para o teste de DNA. Os pesquisadores procuram, então, as mutações no gene responsável pela retirada do LDL da corrente sanguínea.
Como esse gene não atua corretamente em quem tem a mutação, as placas de gordura se formam nas paredes de vasos e artérias desde a infância – daí, a ocorrência de doenças cardiovasculares precocemente.
“É muito dramática essa doença, porque as pessoas ficam assintomáticas por longo tempo e, muitas vezes, o primeiro sintoma é a morte súbita. O diagnóstico genético é importante porque permite descobrir outros casos na família”, diz a cardiologista do Incor Ana Paula Chacra.
O administrador Clecio Pavan, de 42 anos, tem colesterol alto desde os 11. Começou a pensar que poderia ser um problema hereditário quando a mãe dele infartou, aos 54 anos, em 1993. Mas só neste ano descobriu a mutação.
“Fui o primeiro a ser diagnosticado. Meu colesterol estava em 380.”
Vinte pessoas da família foram testadas - oito estão em tratamento no Incor, até as filhas dele, de 13 e 9 anos.
“Mudamos o estilo de vida. Minhas filhas treinam handebol; emagreci 10 quilos desde julho”, diz Pavan, que, com a ajuda de medicamento, baixou o colesterol para 150.
Segundo Ana Paula, se uma pessoa tem o diagnóstico positivo, toda a família é testada, até crianças a partir de 2 anos - a chance de um parente ter a doença é de 50%.
“Fazemos o rastreamento em cascata para saber quem é esse paciente que não sente nada, diagnosticar e tratar.”
O tratamento inclui medicamentos, como estatinas.
Fonte iG
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