Dado levou pesquisadores a iniciarem rastreamento da Clamídia, um tipo de DST, em jovens de Manaus nesta semana
Recente estudo feito por pesquisadores de Vitória (ES) apontou que a ocorrência de mulheres grávidas com clamídia, uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), atendidas em maternidades do Amazonas, está entre as mais altas do país.
Este dado, segundo a doutora em Saúde Pública e especialista em DST/Aids, Adele Schwartz Benzaken, é preocupante, fato que a levou a iniciar uma investigação em saúde pública, especificamente em DSTs, para determinar a relação de custo-efetividade do rastreamento da Chlamydia trachomatis (Clamídia) em amostra representativa de jovens de 14 a 25 anos de idade, na cidade de Manaus.
O estudo começou a ser implantado na última segunda-feira (24) com uma reunião entre a autora do projeto, médicos e enfermeiros de 16 unidades de atendimento à saúde da zona oeste de Manaus. O objetivo é diagnosticar a doença entre a população que procura serviços médicos, mas sem sintomas de DST e que não estejam em acompanhamento pré-natal.
A pesquisa se propõe a implementar atividades de detecção de infecção por clamídia, de forma a simular um programa de rastreamento nesta população de usuários dos serviços da atenção básica de saúde.
" O teste da captura híbrida para o diagnóstico de clamídia faz parte do elenco de procedimentos cadastrados no SUS, entretanto não é realizado como programa de rastreamento da população jovem com vida sexual ativa" , destacou Benzaken.
A principal contribuição científica do estudo será o conhecimento gerado sobre a prevalência da infecção por clamídia na população assintomática e os custos atuais e possíveis de serem evitados pelo SUS (e pelas famílias), caso o programa seja implementado em toda a rede pública de saúde, ou não economizados, caso o programa não seja efetivado e a prevalência seja muito baixa. " Até a presente data, nenhum estudo explorou os custos diretos e indiretos associados à clamídia, nem a razão custo-efetividade da adoção de um programa de rastreamento para a doença em jovens menores de 25 anos residentes em áreas urbanas" , enfatizou a pesquisadora.
" Nós vamos demonstrar que é possível trabalhar de forma descentralizada com o diagnóstico da doença por meio da biologia molecular, de forma que 16 unidades de saúde serão envolvidas na implantação do diagnóstico, envolvendo a captação de pacientes, homens e mulheres na faixa-etária dos 14 aos 25 anos de idade, nas escolas da zona oeste de Manaus" , explicou.
Os únicos estudos sobre a doença em Manaus se deram em dois momentos: um em 2004, como parte de um levantamento nacional e outro mais recente, que envolve apenas mulheres grávidas. Mas nenhum envolvendo a população em geral. " Nós vamos ter uma análise econômica do custo-efetividade disso para convencer os gestores sobre a existência da prevalência da clamídia em Manaus. A expectativa é que em seis meses tenhamos examinado cerca de 1,8 mil pacientes previstos na amostra" , revelou.
A clamídia
É a DST de maior prevalência no mundo. Ela é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode infectar homens e mulheres e ser transmitida da mãe para o feto na passagem pelo canal do parto.
A infecção atinge especialmente a uretra e órgãos genitais, mas pode acometer a região anal, a faringe e ser responsável por doenças pulmonares. A clamídia é uma das causas da infertilidade masculina e feminina.
Nos homens, a bactéria pode causar inflamações nos epidídimos (epididimite) e nos testículos (orquite), capazes de promover obstruções que impedem a passagem dos espermatozoides. Nas mulheres, o risco é a bactéria atravessar o colo uterino, atingir as trompas e provocar a Doença Inflamatória Pélvica (DIP).
Esse processo infeccioso pode ser responsável pela obstrução das trompas e impedir o encontro do óvulo com o espermatozoide, ou então dar origem à gravidez tubária (ectópica), se o ovo fecundado não conseguir alcançar o útero.
A mulher infectada pela Chlamydia trachomatis durante a gestação está mais sujeita a partos prematuros e a abortos. Nos casos de transmissão vertical na hora do parto, o recém-nascido corre o risco de desenvolver um tipo de conjuntivite (oftalmia neonatal) e pneumonia.
Fonte Minha Vida
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