Um dinamarquês transmitiu uma grave e rara doença genética a cinco crianças
após doar sêmen a uma clínica de fertilização. Um inquérito apontou que os
exames não detectaram o problema no sêmen do doador e que a instituição não
tomou providências mesmo após a primeira criança ser diagnosticada com a
mutação.
Apesar do problema, o "doador 7042", como está sendo chamado, teve seu sêmen
usado por 43 mulheres que engravidaram e permaneceu recebendo autorização para
doar o material apesar de a lei da Dinamarca limitar esse número a 25.
Em meio à polêmica, o governo dinamarquês decidiu reduzir ainda mais o número
de doações permitidas ao suficiente para apenas 12 inseminações artificiais. A
nova regra entra em vigor a partir do dia 1º de outubro.
O diretor da clínica Nordisk Cryobank, Peter Bower, disse à agência de
notícias France Presse que o banco de sêmen estava ciente de que os cinco bebês
haviam nascido com a neurofibromatose do tipo 1 (NF1).
Mas ele adiantou que o homem já teria doado seu sêmen antes, em um período
anterior a outubro de 2008, em países dentro e fora da Europa.
Bower respondeu às críticas dizendo dizendo que não parou de usar o sêmen do
doador imediatamente porque não era possível ter certeza de que o doador era o
responsável pela transmissão do problema.
O sêmen "contaminado" foi usado por 14 clínicas de fertilização, informou a
emissora estatal dinamarquesa DR.
Choque e críticas
A mãe de uma das crianças afetadas, Mia
Levring, condenou as ações da clínica dizendo estar "abalada e chocada".
Sonja Petersen, mãe de outra criança que contraiu a mutação, também criticou
a postura da instituição diante da dúvida a respeito de o doador poder gerar
bebês com problemas de saúde.
"Nós estamos lidando com muitas crianças, mas há também o aspecto econômico.
Eles ganham bastante dinheiro fazendo isso. E deve haver a responsabilidade de
garantir que o produto -por assim dizer- está apto a ser usado".
Para a chefe da Autoridade de Medicamentos e Saúde da Dinamarca, Anne-Marie
Vangsted, o banco de sêmen falhou ao não retirar de circulação o material
contaminado logo após o diagnóstico da primeira criança.
A NF1 é causada por uma mutação genética e 50% dos casos são transmitidos de
pais para filhos, embora a outra metade possa desenvolver o problema sozinha.
A doença pode produzir uma série de sintomas, desde pigmentação irregular da
pele até sérios tumores benignos que podem transformar-se em tumores
cancerígenos.
O problema pode causar ainda dificuldades de aprendizado, de visão e
deformações da coluna. Não há tratamento, mas alguns sintomas podem ser
controlados.
Fonte Estadão
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