Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 15 milhões de brasileiros
têm problemas de audição. Destes, apenas 40% dos afetados reconhecem a doença. A
falta de informação e o preconceito fazem com que a maioria demore, em média,
seis anos para tomar uma providência.
Associa-se normalmente a surdez à perda completa da audição. Mas os problemas
de audição podem ter muitos níveis e diversas causas. “A deficiência auditiva é
um problema que pode ocorrer em todas as idades e levar a perdas parciais ou
totais da audição. Crianças com problemas congênitos, adolescentes e adultos que
tiveram acidentes ou condições de saúde que levaram à perda auditiva e idosos
que por diversos fatores, incluindo a idade, também tiveram a audição
comprometida são apenas alguns exemplos de como essa condição pode vir a se
desenvolver”, explica Elisabetta Radini, fonoaudióloga, pesquisadora em
Distúrbios da Comunicação da PUC-SP e coordenadora do Departamento de Audição da
Oto-Sonic, empresa especializada em próteses auditivas.
“No caso de problemas congênitos a rubéola chegou a ser um dos principais
fatores para que os bebês recém-nascidos tivessem problemas de formação do
conjunto auditivo. Na maior parte do Brasil essa doença foi praticamente
controlada, mas em diversas regiões, como no Nordeste, esse problema ainda
persiste. Além disso diversos outros fatores – como os genéticos – também
contribuem para a deficiência auditiva de nascença”, explica a especialista.
Acidentes, ficar exposto ao som alto nos locais de trabalho ou diversão e,
cada vez mais comum, problemas causados pelo uso inadequado de fones de ouvido
(leia
mais AQUI) também podem levar a perdas auditivas em qualquer
idade.
Níveis de deficiência auditiva
De acordo com a OMS existem dois níveis de impacto quando um indivíduo tem
algum tipo de deficiência auditiva. A primeira é a chamada “incapacidade
auditiva” e refere-se à qualquer restrição ou falta de habilidade para
desempenhar uma atividade dentro de uma faixa considerada normal para o ser
humano.
Há problemas na percepção de fala em ambientes ruidosos, além de confusão com
o que é dito na televisão, rádio, cinema, teatro, igrejas. Essas pessoas também
acabam não atendendo à sinais sonoros de alerta (campainha e celular, por
exemplo) e ficam menos sensíveis aos sons ambientais.
Já no nível chamado de “handicap” (ou nível de desvantagem), relaciona-se aos
aspectos que não só aqueles resultantes da deficiência e da incapacidade
auditivas. Pessoas com “nível de desvantagem” ficam limitadas ou impedidas de
conseguir desempenhar adequadamente suas atividades diárias e comprometem suas
relações na família, no trabalho e na sociedade. O impacto sócio-econômico nesse
nível de perda auditiva é muito alto.
Idosos, perda auditiva e falsos indicativos de
senilidade
A perda da sensibilidade auditiva resultante do envelhecimento é conhecida
como presbiacusia, caracterizada por uma perda auditiva bilateral para tons de
alta frequência, devido a mudanças degenerativas e fisiológicas no sistema
auditivo, com o avançar da idade.
“Idosos portadores de presbiacusia têm diminuição da sensibilidade auditiva e
redução na inteligibilidade da fala, o que vem a comprometer seriamente o seu
processo de comunicação verbal. Como consequência, as respostas inadequadas de
indivíduos idosos presbiacúsicos geram uma imagem de senilidade (o que não
condiz com a realidade). A queixa típica destes indivíduos é a de ouvirem, mas
não entenderem o que lhes é dito”, ressalta Elisabetta.
A incidência da presbiacúsico é maior nos homens de uma forma geral, embora
na população feminina, após os 65 anos, os índices são mais elevados do que na
masculina para esta faixa etária. O processo de envelhecimento revela-se pelas
mudanças na sensibilidade que começam aos 30 anos de idade.
Principais implicações da deficiência auditiva no idoso
Ser um idoso portador de deficiência auditiva adquirida é algo que vai além
do fato do indivíduo não ouvir bem, levando a implicações psicossociais sérias
para a vida deste indivíduo e para os que convivem com ele diariamente.
- Redução na percepção da fala em várias situações e ambientes acústicos.
- Alterações psicológicas: depressão, embaraço, frustração, raiva e medo, causados por incapacidade pessoal de comunicar-se com os outros.
- Isolamento social: interação com família, amigos e comunidade seriamente afetada.
- Incapacidade auditiva: igrejas, teatro, cinema, rádio e TV.
- Problemas de comunicação com médicos e profissionais afins.
- Ansiedade/frustração/falha/raiva/afastamento da situação de comunicação.
- Problemas de alerta e defesa: incapacidade para ouvir pessoas e veículos aproximando-se, panelas fervendo, alarmes, telefone, campainha da porta, anúncios de emergências em rádio e TV.
“Indivíduos com algum indício de problemas auditivos devem consultar um
especialista. Em muitos dos casos pode não haver reversão do quadro, mas é
possível controlar ou diminuir o impacto da perda auditiva e consequentemente o
bem estar desses indivíduos”, finaliza Elisabetta.
Fonte O que eu tenho
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