Número reflete no aumento da procura por tratamentos
Quando inúmeros casais se preparam para uma gravidez, nem sempre tudo ocorre
como o planejado. Cada vez tendo filhos mais tarde — afinal, a realização na
carreira profissional e a estabilidade financeira são uma busca constante —, as
mulheres optam por ser mães, muitas vezes, após os 35 anos, idade em que a
fertilidade está desacelerando com velocidade, já que a reserva de óvulos
diminui consideravelmente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde no Brasil, um em cada 10 casais
apresentam problemas de fertilidade, sendo que o aumento da idade da primeira
gravidez é um dos principais motivos. Dados divulgados recentemente pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que esta é uma
tendência natural já seguida por outros países, como a Europa e os Estados
Unidos.
No Brasil, o Rio Grande do Sul aparece como o primeiro Estado onde um terço das crianças nascidas no ano de 2011 são filhas de mulheres acima dos 30 anos. Cinco anos atrás, esse percentual estava em 32,3%. De acordo com o especialista em reprodução humana Nilo Frantz, esses números se refletem pelo aumento da procura pelas técnicas de fertilização in vitro nos últimos dois anos:
— A cada dia, mais mulheres têm adiado a decisão de ter filhos por causa da
carreira profissional, da falta de relacionamentos estáveis, da condição
financeira ou simplesmente devido à dúvida: "Ser ou não ser mãe?".
Porém, não é só a idade o problema. Segundo Marco Melo, especialista no
assunto, há outras causas envolvidas.
— Podemos dividir em causas masculinas, responsáveis por cerca de 40% dos
casos, causas femininas, em cerca de 40% dos casos, infertilidade sem causa
aparente (10% dos casos) e fator misto (outras 10% das causas, quando há um
problema com o homem e com a mulher simultaneamente). A idade, sem dúvida, é um
problema que vem se tornando cada vez mais frequente — ressalta o
especialista.
Do ponto de vista reprodutivo, o mais importante sobre a idade é que este é o
fator de prognóstico mais importante em reprodução humana. Quer dizer: quanto
maior a idade da mulher, piores são suas possibilidades de conseguir uma
gravidez, o que não ocorre com os homens.
O também especialista em reprodução humana, Mauro Bibancos, explica que
exames são fundamentais para ajudar a revelar as causas e traçar diagnósticos
para cada disfunção, tanto em mulheres quanto em homens:
— É importante ressaltar que caso haja suspeita de problemas de fertilidade,
o casal deve saber que isto não significa incapacidade permanente de concepção.
Com o auxílio profissional para investigar as causas que dificultam a gravidez,
é possível partir para o tratamento adequado — afirma.
Quanto mais próxima dos 40 anos estiver, mais urgente deve ser iniciado o
tratamento de reprodução assistida, pois a fertilidade da mulher diminui após
esta idade. Bibancos ressalta, ainda, a importância do planejamento e preparação
emocional para quem deseja seguir o tratamento.
A medicina reprodutiva tem um arsenal de técnicas e procedimentos que
resolvem muitos casos de infertilidade. Mesmo em casos mais severos, quando a
mulher não tem um estoque de óvulos de boa qualidade, há a alternativa da doação
de óvulos.
— Se uma mulher infértil com menos de 30 anos tem até 55% de possibilidade de
engravidar em cada tentativa de fertilização in vitro, após os 35 anos esse
índice diminui progressivamente, até transformar a ciência num ato de heroísmo.
Isso sem falar nos custos e no trauma psicológico — afirma Frantz.
Fonte Zero Hora
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