A baixa remuneração é uma das principais reclamações dos profissionais de saúde que atendem a convênios médicos. De acordo com a fisioterapeuta Marlene Izidro Vieira, presidente da Fenafisio (Federação Nacional de Associações de Prestadores de Serviço de Fisioterapia), o valor pago pelos planos por um atendimento fisioterapêutico de 50 minutos varia de R$ 5,60 a R$ 23, enquanto a consulta particular custa, em média, R$ 100.
— Estamos sem reajuste há 20 anos e isso é absolutamente preocupante. Como um fisioterapeuta pode oferecer um serviço de qualidade se a remuneração de R$ 5 sequer dá para sobreviver?
A má remuneração não se restringe apenas aos fisioterapeutas. O otorrinolaringologista Florisval Meinão, presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), avisa que o valor pago pela consulta médica na sua área é de R$ 60 enquanto um procedimento cirúrgico de amigdalas, por exemplo, varia de R$ 75 a R$ 90.
— Recebemos quase o mesmo valor para consulta e cirurgia sendo que a complexidade dos procedimentos é totalmente diferente. Como o valor da cirurgia é muito irrisório, é preferível atender apenas no consultório.
O médico acrescenta que a média de remuneração de um parto é de R$ 250, da retirada do útero é de R$ 265 e do exame de eletrocardiograma é de apenas R$ 6. Diante da desvalorização dos serviços prestados pelos profissionais de saúde, Meinão reconhece que o atendimento do paciente fica prejudicado.
—O descaso dos convênios com os profissionais da saúde afeta diretamente o paciente. A saúde não pode ser tratada desta forma.
A odontologia também vive essa crise e recebe dos convênios R$ 14 por consultas de emergência, R$ 18 por restauração de resina composta e R$ 22 por cirurgia de extração dentária, conforme adverte o cirurgião-dentista Claudio Miyake, presidente do Crosp (Conselho Regional de Odontologia – Regional São Paulo).
— Não podemos nos conformar ou ficar apáticos com a situação que a saúde vive hoje. Precisamos reverter o quadro.
Pesquisa APM
Os índices de insatisfação dos profissionais de saúde com os convênios são estratosféricos, ou seja, quase a totalidade se diz descontente, segundo uma pesquisa realizada com 5.000 médicos, fisioterapeutas e dentistas brasileiros entre os dias 3 e 14 de abril, e divulgada nesta terça-feira (23).
Exatamente pelo descontentamento e pela baixa remuneração, de acordo com a pesquisa, mais da metade dos profissionais confirmou a redução do número de procedimentos e cirurgias. Nos últimos cinco anos, 97% dos médicos e dentistas e 96% dos fisioterapeutas não tiveram reajustes que permitiram recompor satisfatoriamente os custos envolvidos na prática profissional.
Diante desse cenário, as três categorias vão fazer uma paralisação nesta quinta-feira (25) na avenida Paulista entre 7h e 10h. O objetivo, segundo Meinão, é chamar a atenção da população e das autoridades para os problemas que os profissionais de saúde enfrentam com os convênios.
Fonte R7
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