Entre as reivindicações estão o fim da interferência dos planos na autonomia dos médicos, reajuste dos honorários e regularização dos contratos para inclusão de cláusulas
Na próxima quinta-feira (25), os médicos de São Paulo vão paralisar por um dia os atendimentos dos planos de saúde. A atividade faz parte do Dia Nacional de Alerta aos Planos de Saúde que ocorre em todo o país. "Cada estado define de que forma vai ser a mobilização. Nós vamos fazer um ato na Avenida Paulista", disse Meinão. Ele destacou que serão suspensas as consultas agendadas e a orientação aos médicos é que os atendimentos sejam remarcados.
Entre as reivindicações que serão destacadas pelos médicos na manifestação, estão o reajuste dos honorários, regularização dos contratos para inclusão de cláusulas explícitas de reajustes e fim da interferência dos planos de saúde na autonomia dos médicos no exercício da profissão. "Também defendemos a aprovação de leis que tratem dessa questão, pois acreditamos que teremos mais segurança jurídica se houve uma legislação pertinente", explicou.
Em nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) informou que suas filiadas têm se empenhando em recompor os honorários dos profissionais de saúde. Segundo a entidade, os reajustes dos valores pagos por consulta são aplicados com base em índices acima da inflação ou superiores ao teto fixado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). De acordo com a entidade, de julho de 2011 a junho de 2012, as operadoras filiadas concederam reajuste de quase 14% no valor das consultas, em comparação aos 12 meses anteriores, acima da inflação do período, de 6,1%.
A entidade destaca que no último ano, encerrado em setembro de 2012, as associadas tiveram despesas totais de R$ 34,7 bilhões. E somente, com consultas, gastaram R$ 4,6 bilhões. “Logo, hipoteticamente, se aplicado um reajuste linear de 10% sobre o valor repassado aos médicos, esta despesa adicional seria de R$ 460 milhões. Esse acréscimo terminará recaindo necessariamente sobre o consumidor, uma vez que cada centavo aplicado na saúde suplementar tem como fonte única as mensalidades pagas pelos beneficiários dos planos”, diz, em nota.
Ruim ou péssimo
Cerca de 90% dos médicos, dentistas e fisioterapeutas que atuam no estado consideram que os planos de saúde interferem na autonomia profissional deles. A avaliação consta em uma pesquisa divulgada nesta terça (23) por associações das três categorias. Entre as interferências estão as dificuldades para autorização de procedimentos de alta complexidade, a não autorização de medidas terapêuticas e as restrições no tempo de internação dos pacientes.
Cerca de 90% dos médicos, dentistas e fisioterapeutas que atuam no estado consideram que os planos de saúde interferem na autonomia profissional deles. A avaliação consta em uma pesquisa divulgada nesta terça (23) por associações das três categorias. Entre as interferências estão as dificuldades para autorização de procedimentos de alta complexidade, a não autorização de medidas terapêuticas e as restrições no tempo de internação dos pacientes.
Foram entrevistados 5 mil profissionais, distribuídos em pelo menos 22 especialidades médicas. O estudo foi feito pela Associação Paulista de Medicina (APM), pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo e pela Federação Nacional de Associações de Prestadores de Serviço de Fisioterapia.
A pesquisa expõe grande insatisfação dos prestadores de serviços das três áreas. Entre os médicos, apenas 6% avaliam a atuação das operadoras de saúde como ótima (2%) e boa (4%), enquanto 48% classificam o serviço como regular e 46% como ruim/péssimo. Nenhum dos fisioterapeutas considerou o serviço das operadoras como ótimo ou bom. A classificação regular foi apontada por 38% dos entrevistados e a ruim/péssima por 62%.
A avaliação é ainda mais negativa entre dentistas. Quase 70% deles classificaram a atuação das operadoras de plano de saúde como ruim/péssima e 28% avaliaram como regular. Apenas 1% marcou a opção ótima e 2%, boa. "Traçamos um cenário do que ocorre hoje na saúde suplementar, deixando em evidência um quadro de muitas dificuldades. Vimos os conflitos existentes entre prestadores de serviço e operadoras e os prejuízos que eles causam especialmente para o usuário", avaliou Florisval Meinão, presidente da APM.
O estudo aponta que mais de 80% desses profissionais precisaram aumentar a carga de trabalho para suprir a defasagem dos honorários pagos pelos planos de saúde. "Definimos este ano um valor de R$ 60 para as consultas e conseguimos que algumas [operadoras] cumprissem, mas outras ainda pagam valores abaixo, algo entre R$ 30 e R$ 50", explicou João Ladislau Rosa, coordenador do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Diante desse quadro, o estudo mostra também que 85% desses profissionais já se descredenciaram de planos por essa razão.
A baixa remuneração também tem desencorajado os médicos a adotarem procedimentos que impõem mais risco profissional. "O que se paga hoje por uma cirurgia é um valor tão irrisório que os médicos desistiram de fazer cirurgias, porque é uma atividade de grande complexidade e ele recebe quase a mesma coisa para ficar no consultório", explicou Meinão. De acordo com o presidente da APM, para um procedimento de retirada de amígdalas paga-se R$ 75, enquanto a consulta custa R$ 60, exemplificou.
Também é alto o percentual de médicos (86%), fisioterapeutas (91%) e dentistas (80%) que relataram casos em que os pacientes tiveram que recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) diante dos obstáculos impostos pelos planos de saúde. Essas dificuldades para conseguir que a operadora autorize medidas terapêuticas têm feito crescer o número daqueles que recorrem à Justiça. "Entre os médicos, 79% tiveram pacientes que buscaram o tribunal", destacou Meinão, conforme dados da pesquisa.
Fonte Agência Brasil
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