Brasília - Os riscos em potencial dos serviços de hemoterapia, que lidam com
o ciclo de transfusão de sangue, têm diminuído no Brasil. É o que mostra a
prévia do Relatório Anual da Avaliação Sanitária de Serviços de Hemoterapia
– 2012 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgado sexta-feira
(16).
O documento apresenta o perfil sanitário dos serviços de hemoterapia
brasileiros, classificados em cinco categorias compreendidas entre baixo e alto
risco sanitário. Entre os riscos em potencial analisados estão a falta de
manutenção de equipamento, área física, biossegurança e relato de
ocorrências.
Entre 2011 e 2012, a queda do número de serviços classificados como de alto
risco e de médio alto risco caíram de 21,56% para 16,34%, enquanto os
considerados de baixo risco e de médio baixo risco aumentaram de 59,16% para
70,42%.
Em entrevista à Agência Brasil, João Paulo Baccara Araújo,
gerente de sangue e componentes da Anvisa, explicou que os serviços de
hemoterapia são divididos em seis categorias, que vão da mais complexa, que faz
todo o ciclo do sangue, desde a captação do doador até a transfusão, passando
pela coleta, processamento, exames laboratoriais e vão até as de menor
complexidade, que recebem o sangue pronto, armazenam e, na medida da
necessidade, recebem as amostras do doente, testam a compatibilidade e aplicam o
sangue.
Área física, registro e qualificação de equipamentos e dispositivos e
notificação de eventos adversos são pontos que ainda têm mais de 40% de
desconformidade com as normas. A Região Norte é a que mais apresenta serviços de
alto risco (quase 25%)
“Baseado nos resultados desse relatório, a gente traça políticas públicas em
cima das não conformidades, do grau de risco por região, por categoria de
serviço e cria política para melhorias”, disse Araújo. Ele disse que as regiões
Sul e Sudeste têm avançado mais em relação ao padrão de qualidade e que a
preocupação é maior quanto à Região Norte.
De acordo com o gerente, esses riscos em potencial são situações que podem
levar a um risco, “são não conformidades que podem levar a um risco, não quer
dizer que eles levem a um risco, porque quando há um risco iminente, o local é
interditado ou notificado”. Como exemplo desses riscos em potencial, Araújo
citou a falta de manutenção de um refrigerador, que no momento não causa danos
ao material armazenado, mas com o tempo pode causar.
Anualmente, são coletadas cerca de 4 milhões de bolsas de sangue em todo o
país. Cerca de 5% das coletas são descartadas por algum problema sorológico e
18% dos candidatos a doação são recusados, entre outros motivos por problemas de
saúde. “O Brasil hoje, na questão da segurança do sangue, tem nível de primeiro
mundo, não tem nada a desejar a nenhum país de primeiro mundo”, disse
Araújo.
A Anvisa analisou a avaliação de 1.053 serviços, o que equivale a uma amostra
de aproximadamente 52% dos 2.016 serviços de hemoterapia cadastrados no Sistema
Nacional de Cadastro de Serviço de Hemoterapia.
A conclusão do trabalho será divulgada no 5º Boletim Anual de Avaliação
Sanitária em Serviços de Hemoterapia, que será lançado no Congresso
Brasileiro de Hematologia e Hemoterapia, em novembro de 2013 (Hemo 2013).
Agência Brasil
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