Alvo de constrangimentos, o problema pode ser tratado com cirurgias, procedimentos ambulatoriais e correção de hábitos
Segundo o ranking anual do Google de termos de busca mais populares, hemorroida é o problema de saúde que atingiu a liderança nas pesquisas nos Estados Unidos, em 2012. A doença, que muitas vezes causa constrangimento nos seus portadores, é ocasionada pelo aumento da pressão nos vasos da região anal.
Segundo o cirurgião geral Silvio Gabor, devido aos tabus relacionados ao problema, ele é, muitas vezes, pouco divulgado, além de alvo de gozação.
— O assunto gera abordagens completamente inadequadas. Já vi diversas vezes pacientes reclamarem de que seus amigos e familiares tratam o assunto como se fosse uma piada — afirma.
O especialista salienta que, há trinta anos, o câncer de mama ocupava o mesmo "lugar obscuro" que as hemorroidas ocupam hoje na sociedade. As mulheres e as famílias simplesmente não falavam sobre a doença.
Mas, com a mobilização de inúmeros grupos de apoio e realização de diversos eventos públicos, o mundo inteiro sabe, hoje, que o laço cor de rosa é o símbolo internacional da luta pela prevenção e pelo tratamento do câncer de mama. Ele salienta, ainda, que muitas outras doenças enfrentam o mesmo estigma que as hemorroidas, como a Aids.
Como diagnosticar o problema
Existem três tipos de hemorroidas: as internas, que se formam no interior do reto; as externas, localizadas perto da abertura do ânus; e as prolapsadas, que tratam-se de hemorroidas internas que se exteriorizam, o que acontece em geral quando o indivíduo está evacuando numa fase inicial.
Além do constrangimento público, o paciente com hemorroida está quase sempre incomodado. Ele tem a sensação que há algo errado o tempo todo, está sempre com coceira e sangra, muitas vezes sem saber o real motivo.
Opções terapêuticas
Há uma série de opções terapêuticas disponíveis para os pacientes com hemorroidas, que podem ser aplicadas segundo as características de cada caso.
Tratamento clínico
O tratamento clínico consiste na correção de vícios alimentares, como a ingestão pobre de fibras, além do baixo consumo de água. Pode-se associar a isso laxantes — a fim de melhorar o fluxo do intestino —, pomadas de efeito analgésico e anti-inflamatórios, além de alguns remédios que coíbem a dilatação dos vasos.
Procedimentos ambulatoriais
Podem ser técnicas à base de laser, congelamento, infravermelho e soluções químicas que controlam a veia dilatada. Há também a ligadura elástica, que são anéis introduzidos no ânus para estrangular a hemorroida.
Grampeamento
O grampeamento consiste na extração de um trecho do canal do ânus. Depois, ocorre uma ligação entre as duas extremidades, encurtando a extensão do canal anal. O procedimento elimina os vasos dilatados e o excesso de mucosa.
Cirurgia aberta
A técnica cirúrgica mais tradicional, a hemorroidectomia, opta pela remoção, via bisturi, das hemorroidas. Para afastar infecções, o médico não dá pontos nos locais abertos. A cicatrização pode demorar até um mês, o que é bastante incomodo e muito doloroso, principalmente nos quatro ou cinco primeiros dias.
Desarterialização Hemorroidária Transanal guiada por Doppler (THD)
Como o ânus é uma região altamente vascularizada, alguns vasos podem dilatar e deformar-se, causando desconforto e sangramento. Essa técnica acaba, assim, com as hemorroidas longe da borda do ânus, região mais sensível à dor.
Para isso, o paciente é anestesiado da cintura para baixo. Em seguida, o médico introduz no ânus um equipamento dotado de um doppler, sistema que, por meio de ondas de som, detecta o vaso que origina a hemorroida.
Com esse instrumento, o especialista dá um ponto com nó no vaso problemático, que deixa de abastecer a hemorroida. A cirurgia é completada com uma sutura por toda a extensão do ferimento, que fica reduzido e deixa de incomodar.
Zero Hora
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