Um transexual belga recebeu o auxílio de médicos para dar fim à própria vida, após uma série de operações para mudança de sexo fracassadas
Nathan Verhelst nasceu menina e teve morte assistida na segunda-feira (30), em Bruxelas. Dois médicos atestaram que ele tinha um quadro depressivo cujo caráter não era temporário. "Ele morreu com toda a serenidade", disse o médico Wim Distlemans em entrevista ao jornal Het Laatste Nieuws.
A Bélgica legalizou a eutanásia em 2002. Desde então, houve 52 casos de morte assistida em virtude de doença psicológica.
Nathan Verhelst, 44, recebeu o nome de Nancy quando nasceu. Ele cresceu junto a três irmãos. O jornal, que disse ter entrevistado Nathan na noite de sua morte, conta que ele relatou ter sido rejeitado pela família na infância. Ele teria dito que os pais queriam outro garoto.
Nancy então se submeteu a três operações de mudança de sexo entre 2009 e 2012, quando mudou de nome.
"A primeira vez que me vi no espelho, eu senti uma aversão pelo meu novo corpo", ele disse na entrevista.
Rigor
O hospital disse que a morte assistida se deu por meio de um "procedimento extremamente rigoroso".
"Quando temos um caso complicado, nos colocamos mais questões a fim de assegurarmos o diagnóstico", disse o médico Jean-Michel Thomas.
Segundo o correspondente da BBC em Bruxelas, o número de eutanásias na Bélgica tem crescido constantemente. A maioria dos que optam por esse fim têm mais de 60 anos e são em grande parte pacientes com câncer.
Desde que foi aprovada, a eutanásia não suscitou grande controvérsia na Bélgica. O Parlamento está agora discutindo a ampliação da lei, para que pessoas com menos de 18 anos também sejam contempladas.
Os candidatos tem de mostrar que são capazes de tomar decisões por si sós. Também têm de estar conscientes e fazerem pedidos "voluntários, consideráveis e repetidos" de que quer por fim à vida.
Só em 2012, 1.432 pessoas se submeterem à eutanásia no país, um aumento de 25% em relação ao ano anterior. Segundo a agência France Presse, os casos de morte assistida representam 2% dos óbitos no país.
BBC Brasil
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