Brasília – Pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG)
aponta que 80% das pessoas que têm glaucoma só buscaram o oftalmologista depois
de perceber alterações como perda de visão, olhos vermelhos, desconforto e
embaçamento. Segundo Francisco Eduardo Lima, presidente da SBG, a doença não tem
cura e os danos são irreversíveis.
“O que nos preocupa é que a grande maioria das pessoas chega nos consultórios
quando já tiveram perdas”, lamentou Lima. De acordo com a SBG, o glaucoma é a
maior causa de cegueira irreversível no mundo. No Brasil, há um milhão de
pessoas com a doença. Se tratado adequadamente o paciente vai ter a doença
estabilizada, evitando a evolução para a cegueira.
O levantamento foi feito com 100 portadores de glaucoma de três hospitais
escola em São Paulo – Santa Casa, Unifesp e Unicamp. A pesquisa revela que a
maioria dos indivíduos chega ao consultório com muita perda do campo visual e
alto impacto na qualidade de vida, deixando de desenvolver atividades que antes
eram comuns e independentes.
Entre os entrevistados, 69% tiveram a capacidade de leitura
significativamente reduzida com o glaucoma, 65% disseram que a adaptação à
mudança de ambiente claro para escuro e vice-versa é a maior barreira causada
pela doença e para 50% caminhar passou a ser muito difícil.
O glaucoma é uma doença ocular hereditária, degenerativa e progressiva
causada principalmente pelo aumento da pressão do olho e que leva à lesão do
nervo óptico. Lima alerta que na maioria das vezes a doença chega sem apresentar
sintomas, o que pode ocasionar um tratamento tardio para aqueles que não fazem
os exames rotineiramente.
A doença, que é mais comum depois dos 40 anos, é irreversível, mas pode ser
tratada com colírios, laser e até intervenção cirúrgica. Os negros, os
que têm histórico familiar de glaucoma e que aqueles que usam esteroides por
longos períodos estão mais propensos a desenvolver a doença. Para o
especialista, o ideal é que depois dos 40 todos incluam uma consulta
oftalmológica aos exames anuais de rotina.
Lima alerta que a simples aferição da pressão intraocular é inconclusiva para
o diagnóstico, uma vez que a pressão não é constante e pode estar baixa na hora
do exame. "É necessário fazer também o exame de fundo de olho, pois mostra os
sinais que o glaucoma deixa", alertou.
Segundo Francisco Eduardo Lima, há preocupação dos especialistas com as
pessoas que não tem problemas de visão, porque não costumam fazer os exames de
rotina. “Quem tem miopia costuma ser acompanhado por um médico, que vai indicar
o exame adequado. O problema são as pessoas que não têm problemas de vista.
Quando chegam aos 40 e apresentam dificuldade na leitura, pensam que a compra de
um óculos vai resolver tudo”, alertou.
O oftalmologista explicou que há o glaucoma congênito, detectado no teste do
olhinho, outro muito comum após 40 anos e ainda outro que pode ser causado pelo
uso de colírios com corticoide. “Muita gente com olhinho vermelho, alergia, vai
a uma farmácia e compra colírio de corticoide, que não precisa de receita. O
colírio faz a coceira passar, passa também a vermelhidão. As pessoas precisam
ficar atentas. O remédio pode mascarar uma doença e pode mesmo causar o
glaucoma" ressaltou.
Para alertar a população sobre os cuidados com a visão a partir dos 40 anos
de idade a SBG lançou a segunda edição da campanha Cuidado com o glaucoma. Com o
mote Veja todos os dias, a campanha faz um alerta geral sobre a importância da
visão. Mais detalhes no site
Cuidado com o Glaucoma.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário