Macaco reso |
Em breve, uma vacina contra o HIV desenvolvida no Brasil começará a ser aplicada em macacos resos no Instituto Butantan.
Michel Nussenzweig, da Universidade Rockefeller, que usa macacos resos em seus estudos, afirma que animais não devem ser usados em pesquisas quando há alternativas.
"Não acho que animais devam ser usados para testar cosméticos. Só quando não houver escolha e quando a pesquisa tem a chance de beneficiar as pessoas."
O roubo de 178 beagles do Instituto Royal, em São Roque, há quase duas semanas, trouxe o tema da pesquisa em animais à tona. O laboratório usava as cobaias para estudos com medicamentos contra câncer, entre outros.
"Infelizmente, não teria outra forma de fazer esse estudo [sobre HIV] sem os macacos. Levo isso muito a sério. Não podemos abusar dos animais. Tentamos criar as condições mais humanas possíveis durante os testes."
Segundo Kallás, pesquisador nenhum gosta de sacrificar animais, mas é preciso pesar custo e benefício.
"São 35 milhões de pessoas com HIV no mundo. Até hoje, quantos macacos foram usados em pesquisas? Um número infinitamente menor. Ninguém gosta de testar macaco. Mas quais são as prioridades da saúde pública brasileira e mundial?"
O professor de imunologia da USP, que realiza pesquisas com seres humanos, afirma que a regulamentação brasileira já é bem rigorosa para os testes com animais e com pessoas.
Para ele, a demora na aprovação dos testes clínicos chega a ser excessiva. "O rigor aqui é maior do que lá fora. Acabamos sofrendo com isso, demoro um ano e meio para aprovar um teste clínico."
Kallás afirma que quem faz pesquisa no Brasil hoje está "esmagado" entre o debate da sociedade sobre o uso de cobaias e a burocracia necessária para aprovar os testes.
"Esses movimentos [contra pesquisa em animais] já aconteceram na Europa e nos EUA há 20 anos. Sempre tem alguém que acha que salvar um coelho é mais importante do que salvar uma pessoa."
Folhaonline
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