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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

As doenças que mais matam o homem. "Ele é displicente", afirma cardiologista

Divulgação
Samuel L. Jackson promove campanha que pede para o homem
"não ser burro" e ir ao médico
Segundo dados do IBGE, homens brasileiros vivem em média sete anos a menos que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes e colesterol. Médico afirma que eles são descuidados com a saúde. "Eles precisam levar um susto", diz dr. Carlos Machado
 
O aviso no cartaz da instituição One For The Boys, presidida pelo ator Samuel L. Jackson, traz uma mensagem simples, direta e sem rodeios: “Não seja burro”. Abaixo dela vem a explicação, dirigida ao sexo masculino. “Homens não falam sobre câncer. Não é a coisa mais máscula a se fazer. No ano passado, mais de 82 mil homens morreram no Reino Unido após sofrer em silêncio com câncer de próstata, testículos, mama e de outros tipos. Se você estiver preocupado, fale com alguém e agende uma consulta.”
           
Para alertar os homens sobre o câncer de próstata e outras doenças que os acometem, começa amanhã o Novembro Azul, inspirado no Outubro Rosa, campanha de combate ao câncer de mama nas mulheres. Nos EUA e em diversos países da Ásia, Oceania e Europa existe também o Movember, mistura de “moustache” (bigode em inglês) com “november”, movimento que coleta doações para instituições e que pede, de maneira bem humorada, que você, homem, raspe seu bigode nesta sexta-feira e o cultive até o final do mês como forma de apoio à causa - vale tudo pela conscientização.
 
“O homem é mais displicente com sua saúde. Vai menos ao consultório, demora mais para retornar quando pede exame, se passamos um remédio ele luta para não tomar. São poucos os que aderem rapidamente ao tratamento. Se ele tem um derrame ou um enfarte, faz tudo direitinho. Ele precisa de um susto, mas o médico é eficaz antes do susto. Nosso papel é o de um vendedor de seguro de vida, temos que convencer a pessoa”, diz Carlos Alberto Machado, diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
 
Trata-se de uma descrição alarmante quando observados os números fornecidos pelo Ministério da Saúde. Das 665.551 mortes masculinas – contra 504.415 óbitos femininos – em 2011, 175 mil ou 26% foram causadas por doenças do aparelho circulatório, seguido de causas externas – crimes e acidentes de trânsito, por exemplo – (119 mil mortes), neoplasias – câncer e tumores – (98 mil mortes) e doenças do aparelho respiratório (66 mil mortes).  
 
Um levantamento da Vigitel de 2011 revelou que uma das principais causas para tantas mortes em decorrência de doenças cardiovasculares entre os homens é a alimentação. Eles ingerem carne com gordura com mais frequência que elas (45,9% x 24,9%), tomam mais refrigerantes (34,3% x 25,9%) e comem menos frutas e hortaliças (25,6% x 35,4%). Não contente, a ala masculina também fuma mais (18% x 12%) que a feminina.

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"Não seja burro", diz a campanha com Jackson
No ano anterior, a SBC registrou 320.074 vítimas fatais de doenças cardiovasculares como infartos, derrames, hipertensivas, entre outras, das quais 52,43% (57.534 mortes) são homens, contra 41.211 óbitos entre as mulheres. “Cardiologia é eficiente fazendo a prevenção, de cada 100 pessoas que tem infarto, 20 morrem no primeiro evento, não podemos fazer nada por essas 20. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o principal fator de risco é a hipertensão, depois vem o sedentarismo, tabagismo, diabetes, obesidade e o colesterol. Quanto mais precoce for o diagnóstico desses fatores de risco, melhor para o homem”, afirma Machado.
 
Embora exista uma crescente preocupação da SBC de que a mulher está dando passos para alcançar e até mesmo passar o homem no número de vítimas de doenças cardiovasculares, atualmente este não é o cenário. “A mulher ainda morre menos, se cuida mais. São elas quem geralmente marcam as consultas deles”, reforça o cardiologista. E em termos de expectativa de vida, nova “derrota” masculina. O brasileiro espera viver até os 70,6 anos, ao passo que elas chegam, em média, aos 77,7 anos de vida, de acordo com dados de 2012 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
 
Qual é a hora de fazer o check-up ?
No caso das doenças cardiovasculares, Machado afirma que uma consulta “o mais cedo possível” é indicada se o paciente tiver um histórico na família: “Essa doença se manifesta na quarta, quinta década de vida, mas começou a ser construída na primeira. Se tem antecedentes, mesmo que a pessoa não tenha nenhum sintoma, ela deve procurar um médico a partir dos 20 anos”. Apesar de não mensurar todos as variáveis envolvidas, o cardiologista indica o Escore de Framingham para você calcular o seu “risco cardíaco”.
 
Por que os homnes não vão ao médico?
Urologista especializado em andrologia e câncer, Alex Meller, que também dá aulas na Unifesp e atende em alguns hospitais da capital paulista, costuma classificar os pacientes alheios ao consultório do médico em duas categorias de idade. “É uma diferença de gerações. A faixa dos 60 a 80 anos tem um preconceito, a esmagadora maioria das consultas nesses casos é feita pela mulher. Eles têm medo do exame físico, que é um tabu, um fantasma. Quando vai [ao médico] já está com sintomas avançados”, conta.

Já os homens abaixo dos 60 anos de idade são um pouco mais cuidadosos, opina Meller, mas ele faz questão de lembrar que, ainda assim, o papel de agendar uma consulta costuma ficar com a mulher. Na opinião de Jorge Forbes, psicanalista e membro da Associação Mundial de Psicanálise, o homem vai ao médico quando a companheira marca “porque ele diz a si mesmo que não está indo para se tratar, mas para dar um prazer a ela ou para ela parar de perturbá-lo”.

“A doença é um elemento que gera impotência e que diminui a força do homem, diminuindo também sua capacidade de ser o provedor. Em vista disso, uma parte importante de homens prefere não saber nada sobre possíveis doenças, só procurando atendimento quando estão muito pior, com um quadro muito mais grave”, analisa Forbes.

O psicanalista afirma, no entanto, que os “índices da identidade masculina da pós-modernidade” não são os mesmos de anos atrás e que o “homem atual não tem a menor dificuldade de pedir atendimento médico”. “Isso representa uma vanguarda, e a vanguarda sempre é minoria”, completa.

O toque final           
Quando diagnosticado precocemente, o câncer de próstata pode ser curado em 90% dos casos, mas o desenvolvimento lento – pode levar até 15 anos para atingir 1 cm², segundo o Instituto Nacional do Câncer – e o temor do famoso exame de toque retal são alguns dos fatores que levaram 12.778 homens a perderem a vida para a doença em 2010.
 
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Movember, presente em 21 países, pede que os homens deixem o bigode crescer em apoio à causa
 
Homens com um histórico de antecedentes na família do pai devem fazer os exames de PSA e de toque retal anualmente a partir dos 40 anos e dos 45 anos para quem nunca teve casos da doença entre os familiares. Se você prefere esperar alguns anos para ver se surge uma alternativa ao exame de toque, o urologista Alex Meller informa que este ainda é um dos mais eficazes: “É necessário. Serve basicamente para detectar alterações na anatomia da próstata, a consistência e possíveis nódulos. Não existe nenhum exame que tenha esse potencial, e quando você faz com o PSA, as chances de detectar alguma anomalia são dobradas”.
 
Sobre os sintomas, Alex diz que os primeiros sinais são dificuldade de urinar, diminuição na força do jato urinário e aumento na frequência de idas ao banheiro, principalmente à noite. Caso o homem ignore ou não perceba, dores na região da pelve devem ocorrer em seguida. É importante, segundo Meller, não confundir o câncer com a hiperblasia benigna da próstata, doença caracterizada pelo crescimento da próstata, uma vez que os sintomas são parecidos.
 
Questionado se os homens preferem se consultar com médicos do mesmo sexo, Meller confirma, mas ressalta que o número de urologistas mulheres no mercado é baixo: dos cerca de 3.600 profissionais, por volta de 100 pertencem ao sexo feminino.
 
SERVIÇO:
Palestra gratuita "Câncer, e aí?!"
Quando:  8 de novembro, às 15h
Onde:  Instituto de Oncologia Santa Paula
Endereço:  Av. Santo Amaro, 2.382, Vila Olímpia, São Paulo
Informações:  (11) 3040-8254
 
iG

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