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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Restos mortais de homem elefante podem ajudar a desvendar causas do câncer

Morto há mais de cem anos, o inglês Joseph Merrick ganhou o apelido por causa das deformidades físicas

Uma análise dos restos mortais de Joseph Carey Merrick, mais conhecido como o "homem elefante", pode ajudar a desvendar as causas do câncer, afirmam cientistas britânicos.

Anomalias do 'homem elefante' são consideradas as mais severas já encontradas até hoje; face foi especialmente comprometida com crescimento ósseo exagerado. (Foto: BBC)
Foto: BBC
Anomalias do 'homem elefante' são consideradas as mais severas já encontradas até hoje; face foi especialmente comprometida
com crescimento ósseo exagerado

Nascido na Inglaterra em 1862, Merrick sofria de uma forma severa de uma doença que provocava o crescimento excessivo de seus ossos e tecidos.

O apelido "homem elefante" veio das deformidades físicas decorrentes de sua condição que, não raro, atraía o olhar de curiosos na segunda metade do século 19.

Antes de morrer, aos 27 anos, Merrick doou seu corpo à ciência, mas, até hoje, pouco se sabe sobre as causas de sua doença. Tentativas anteriores de extrair o seu DNA fracassaram uma vez que seu esqueleto ainda estava sendo higienizado.

Agora, amparados por novas tecnologias, cientistas da Universidade Queen Mary, em Londres, onde o esqueleto do inglês está armazenado, acreditam que a rara condição do "homem elefante" possa ajudá-los a entender como as células cancerígenas se formam.

"Merrick sofria de uma doença que provocava o crescimento excessivo de partes de seu corpo, daí a comparação com um elefante", explica o professor Richard Trembath, coordenador do estudo.

"Mas outras partes de seu corpo apresentavam uma aparência normal e isso revela muito sobre os fundamentos da formação da célula, ou seja, como uma célula cresce e quanto ela para de crescer", acrescenta.

A pesquisa começou faz pouco tempo, mas os cientistas já demonstram entusiasmo com a possibilidade das descobertas. "Não acredito que o estudo levará à cura do câncer, mas penso que a pesquisa ampliará o nosso conhecimento sobre a má formação celular", prevê Trembath.

Do circo à corte Joseph Merrick foi uma figura bastante conhecida na Inglaterra vitoriana. Vítima de humilhações públicas e rejeitado pela madrasta devido à sua aparência física, ele decidiu sair de casa ainda adolescente.

Sem dinheiro, sobreviveu de pequenos bicos em apresentações circenses, nas quais era anunciado como uma das atrações de shows de aberrações.

Rapidamente, rumores sobre sua condição espalharam-se pelo Reino Unido e atraíram a atenção da alta sociedade vitoriana.

Alexandra da Dinamarca, futura rainha consorte, interessou-se pelo caso, fazendo com que outros membros da Corte também compartilhassem do mesmo interessante.

Devido à sua popularidade, Merrick chegou a se tornar próximo da Rainha Vitória (1819-1901), bisavó da atual Rainha Elizabeth 2ª do Reino Unido.

Por muito tempo, médicos acreditavam que o inglês sofria de um tipo raro de elefantíase, mas pesquisas recentes concluíram que Merrick teria sido portador da Síndrome de Proteus, cujas causas ainda não são totalmente conhecidas.

A doença, que deriva do nome do deus grego capaz de assumir formas monstruosas, consiste no crescimento exagerado e patológico da pele.

Em 1980, a vida de Joseph Merrick foi tema do filme "O Homem Elefante" dirigido por David Lynch e estrelado por Anthony Hopkins.

G1

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