Foto: reprodução Retirada de células tronco da medula óssea |
O ortopedista João Matheus Guimarães, coordenador de Ensino e Pesquisa do
Into, explicou que quem sofre de pseudoartrose não apresenta a evolução natural
que leva à formação de um novo osso no local da fratura, popularmente chamado de
calo ósseo, que consolida a fratura.
Nesses casos, o processo de formação do calo ósseo termina na fibrose, sem as
etapas posteriores de cicatriz, cartilagem e, finalmente, o osso. “Quando o
processo para na fibrose, é o que a gente chama de pseudoartrose ou falsa
articulação, que é a não consolidação [da fratura]”, disse à Agência
Brasil.
O estudo consistiu em injetar células-tronco da medula óssea com potencial de
se transformarem em osso, em tendão ou em músculo, chamadas multipotenciais, no
local da fratura. As células foram retiradas dos próprios pacientes.
“São essas [multipotenciais] que nós injetamos no foco [da fratura] e elas,
naquele meio, viraram osso”, explicou. A pesquisa constatou também que os
pacientes que receberam mais células da medula óssea tiveram maior consolidação
das fraturas.
Testes indicam 50% de consolidação da fratura, usando a técnica. “Uma das
coisas que influiu foi, exatamente, a parte genética”.
A pesquisa identificou também que a predisposição genética pode interferir na
consolidação de fraturas. Foram estudados dois genes que estimulam tanto a
formação do osso como da fibrose e verificou-se que alterações neles podem
afetar o processo. Foram avaliados os genes de 101 pessoas que tiveram
consolidação da fratura, em comparação com 66 pacientes com pseudoartrose.
Além da questão genética, o ortopedista advertiu que uma cirurgia mal
sucedida, uma fixação inadequada, também podem influenciar na recuperação. “Tem
paciente que você faz tudo direito e não cola a fratura. E nesses pacientes [com
pseudoartrose], a gente notou que tem essa diferença por meio de problema
genético”.
A expectativa do ortopedista é usar a terapia, com células da medula óssea,
no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2015, pois até o final do ano está
prevista a inauguração do banco de células de medula óssea do Into.
“O que depende de você ampliar para a população toda é ter um laboratório com
um banco de células, onde você possa multiplicar essas células. E, com isso,
você consegue fazer em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse.
“A gente pode até, no futuro, estar cedendo células para outros hospitais,
como já faz com o banco de tecidos”. O Into dispõe do único banco público de
tecidos do país.
Agência Brasil
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