Elioenai Paes
Os movimentos do braço de Maria Edi estavam limitados antes
da sessão, por conta da dor. Em cinco minutos de ação das agulhas
ela mostra que já pode se movimentar normalmente - sem dor
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É fascinante como uma mágica: depois que Maria Edi Tudéia, de 65 anos, esperou por alguns momentos no corredor do pronto atendimento de acupuntura do Hospital São Paulo, em SP, muito incomodada por conta de dores - ela sofre com dores na coluna, braço e nervo ciático - ela sai do consultório médico um sorriso aliviado no rosto e movimentando o braço, antes retraído por conta da dor, com naturalidade.
Essa ‘magia’ não está em medicamentos analgésicos fortes que poderiam ter sido injetados em seu corpo, tampouco em comprimidos casuais concebidos pela indústria farmacêutica. Ela vem com minúsculas agulhas que, manipuladas durante oito segundos e mantidas no corpo de cinco a 10 minutos, trazem um efeito drástico de redução da dor. E o melhor: sem efeitos colaterais.
O pronto atendimento do Hospital São Paulo, que é bancado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é feito por médicos residentes em acupuntura, coordenados pelo Prof. Dr. Ysao Yamamura, chefe do setor de acupuntura e livre docente em medicina chinesa. Os resultados do trabalho do médico são visíveis de imediato: todos que entraram no consultório no momento em que a reportagem do iG estava acompanhando o procedimento relataram que a dor havia cessado ou diminuído muito. “As agulhas dão a sensação de algumas picadinhas de formigas, mas venho pesada e saio me sentindo leve”, comemora Sônia Maria de Barros, 61 anos.
Essa leveza se dá, segundo Yamamura, porque a acupuntura também promove a liberação de endorfina e serotonina, hormônios responsáveis pelo bem-estar e manutenção do humor.
E não são só dores na coluna que podem ser aliviadas pela técnica oriental milenar, mas também cólicas menstruais, enxaquecas, dores no joelho, quadris, ombros e todo o sistema musculoesquelético.
“A acupuntura tradicional busca o equilíbrio do corpo humano em geral, também trabalhando sobre questões de ansiedade, além de outras. Aqui no Pronto Atendimento nós focamos na dor, e, por isso, usamos a técnica da agulha manipulada, que consiste em girar a agulha durante oito segundos, que faz o mesmo efeito do que deixar no paciente durante os 20 minutos”, explica Felipe Caldas, médico residente em acupuntura.
O movimento de vai e vem da agulha, segundo ele, amplifica o efeito da acupuntura. “A agulha funciona como uma bateria, com 1.3 milivolts”, explica Caldas. “Os pontos de acupuntura são aqueles que têm terminação nervosa livre, então é como se pegasse a agulha e desse um pequeno choque no nervo”.
Esse choque, segundo Caldas, vai gerando estímulos ao longo de todo o nervo e fazendo com que o organismo libere substâncias que vão tirar a dor e doar uma sensação de bem-estar. E uma boa notícia: a acupuntura, segundo Yamamura, não tem contra indicações, podendo ser feita para qualquer idade, embora o Pronto Atendimento não atenda crianças “Elas são encaminhadas para o ambulatório do Hospital São Paulo, e a acupuntura para elas é só às quintas-feiras à tarde”, explica.
Serviço
Para quem está em São Paulo, é simples conseguir esse alívio da dor: o pronto atendimento de acupuntura fica aberto de segunda à sexta-feira, das 8h às 15h, na Rua Napoleão de Barros, 771, na Vila Clementino (próximo ao metrô Santa Cruz). As sessões são gratuitas, cobertas pelo SUS.
iG
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