Por Dra. Tatiana Gabbi
A alopecia androgenética, também conhecida como calvície masculina, é a maior causa da perda dos cabelos nos homens. A
incidência dessa doença é determinada por influências genéticas, sendo
que a prevalência mais alta está entre aqueles com ascendência europeia.
Apesar de grande impacto psicológico, já estudado em diversas
publicações científicas, sabe-se que ainda são poucos os homens que
procuram tratamento.
Como ocorre a calvície
Em primeiro lugar,
vale a pena explicarmos um conceito fundamental que é o mecanismo
através do qual a doença surge e se manifesta. A maior parte das pessoas
acredita que os cabelos ficam ralos porque caem mais do que o normal. Isso é um engano muito
comum! Na realidade, o que ocorre é que os hormônios masculinos (testosterona
e seus derivados) se ligam a receptores próprios que ficam nos pelos,
levando à miniaturização dos fios em pacientes geneticamente
suscetíveis. Neste sentido, é interessante saber a idade com que os
parentes do indivíduo começaram a observar a diminuição dos cabelos.
Devemos idealmente intervir antes disso.
Sabemos que as
manifestações clínicas da calvície masculina são variáveis e os
primeiros sinais podem surgir já na adolescência, com alguns padrões
característicos de perda dos cabelos. As "entradas", conhecidas por
"alopecia androgenética de padrão bitemporal", constituem a manifestação
inicial. Na sequência, ocorre a perda no vértex (topo da cabeça) e na
região mediana, preservando o cabelo da área occipital (mais próxima ao
pescoço).
O hormônio
di-hidrotestosterona ou DHT pode ser produzido a partir da testosterona
circulante, em uma reação química possível graças a uma enzima (proteína
que acelera reações químicas) chamada 5-alfa-redutase. A DHT é cinco
vezes mais potente que a testosterona e é o hormônio chave no surgimento
da alopecia androgenética. O fato de que os receptores para este
hormônio não se encontrarem distribuídos igualmente em todo o couro
cabeludo explica os padrões de perda de cabelos.
A miniaturização
dos fios é o que leva ao desaparecimento do cabelo em determinada
região. No entanto, o exato mecanismo envolvido permanece desconhecido,
acredita-se que os hormônios masculinos, através de sua ligação com os
receptores localizados nos pelos, levem a uma alteração do crescimento.
O diagnóstico é
essencialmente clínico, ou seja, feito apenas através do exame físico. É
importante puxar os cabelos, para diferenciar de outras causas de
queda. A dermatoscopia (exame com lente) permite visualizar os pelos
diminutos e colabora com esse diagnóstico, sendo útil também no
seguimento do paciente. Outros recursos diagnósticos como biospia,
tricograma e videodermatoscopia podem ser utilizados, dependendo de cada
caso.
Como tratar?
Diante disso, é
importante salientar que existe muito pouco que possa ser feito para
prevenir a doença, uma vez que ela é geneticamente determinada. Porém, o
tratamento instituído precocemente retarda e até uma discreta melhora o
quadro clínico. Portanto, é fundamental que os filhos de pais calvos
fiquem atentos e idealmente procurem o dermatologista para iniciar um
acompanhamento cerca de 10 anos antes da idade em que seu pai começou a
notar a calvície e/ou ao menor sinal de entradas.
Neste primeiro
momento, serão indicadas medicações tópicas como o minoxidil, xampus
específicos e loções. Caso seja necessário e o paciente concorde,
pode-se lançar mão da finasterida, medicação oral. Salientamos que ambas
as drogas citadas estimulam o crescimento do cabelo em alguns homens,
mas são mais úteis como prevenção das manifestações clínicas do que como
recuperação da calvície. Como a doença é crônica e evolutiva, o
tratamento deve ser instituído precocemente e mantido por tempo
prolongado.
Ambas as drogas
têm um bom perfil de segurança. O minoxidil, usado a 5%, é uma medicação
usada no local, sob a forma de loção capilar, duas vezes ao dia, no
couro cabeludo seco. No início, durante os dois primeiros meses, pode
haver aumento da queda dos cabelos, que deve ser interpretada como
indicativa de boa resposta ao tratamento. O pico de ação ocorre por
volta de 16 semanas de uso. Os efeitos colaterais mais comuns são:
irritação local, aumento dos pelos em locais indesejados (face e mãos) e
taquicardia.
A finasterida
inibe aquela enzima, a 5-alfa-redutase, que é responsável pela conversão
de testosterona em DHT. É uma medicação oral, usada originalmente para
tratar uma doença da próstata, a hiperplasia prostática benigna. No
entanto, por reduzir a DHT circulante, pode produzir aumento
significativo e durável do crescimento dos pelos. É mais responsiva para
os casos de perda dos cabelos do topo da cabeça e frontal superior,
tendo resposta mínima nas regiões temporais e na linha anterior.
No entanto, o
tratamento deve ser continuo porque os benefícios obtidos não são
mantidos com a retirada da medicação. Além disso, a doença é
progressiva, conforme já dissemos. Como efeitos colaterais, a
finasterida pode causar perda de libido, disfunção ejaculatória, aumento
das mamas e depressão em um pequeno número de indivíduos. Essas
alterações em geral são transitórias, mas há alguns relatos de caso em
que essas alterações se tornaram persistentes.
Nos casos mais
avançados, pode ser indicado o transplante capilar. A área doadora é a
região occipital, local em que os pelos não possuem receptores
hormonais, e, portanto se mantêm apesar dos hormônios circulantes, mesmo
quando colocados em outras regiões.
Minha Vida
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