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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mordida do uruguaio Suárez pode ser indício de transtorno de personalidade, diz especialista

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Foro: Reprodução - Suárez mordeu jogador italiano em partida pela Copa do Mundo
Dermatologista alerta que jogador correu risco de transmitir e pegar doenças por meio da boca

A mordida que o jogador do Uruguai Luis Suárez deu no ombro do italiano Giorgio Chielline durante uma partida da Copa do Mundo realizada na terça-feira (24) pode ser indício de um transtorno de personalidade, de acordo com o psiquiatra do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, Rubens Bergel. Esta foi a terceira vez que o atleta teve esse tipo de comportamento durante uma partida de futebol.    

Segundo o especialista, em situações de estresse, como é um jogo de futebol, há pessoas que “têm escapes” ao controle emocional e tomam atitudes agressivas. Tal fato, aliado a outros motivos “biológicos, existenciais e até ambientais”, pode significar um problema psiquiátrico.

— Não existe um transtorno ou distúrbio pelo simples fato de a pessoa morder o outro. Mas o fato de uma pessoa agir dessa forma mais de uma vez pode ser um indício de transtorno de personalidade. O transtorno de personalidade se manifesta sob forma de reações inflexíveis a situações pessoais e sociais de natureza variada. Eles representam desvios extremos ou significativos das percepções, dos pensamentos, das sensações e das relações com os outros. Frequentemente, estão associados ao sofrimento e ao comprometimento de intensidade variável do desempenho social.

Após abrir um processo disciplinar contra o atacante uruguaio, a Fifa anunciou no fim desta manhã que o jogador foi suspenso por nove jogos internacionais e será obrigado a ficar quatro meses longe de qualquer atividade relacionada ao futebol.

Em entrevista à BBC, o renomado psicólogo esportivo Tom Fawcett da Universidade de Salford afirmou que o comportamento de Suárez em campo em parte se deve à infância difícil do jogador.

— Os primeiros anos de vida contribuem para a formação da personalidade de uma pessoa. Suárez teve uma infância difícil [quarto filho de sete irmãos de uma família humilde] e teve que lutar para vencer na vida.

De acordo com o psicólogo, ninguém deveria se surpreender com a atitude do atleta no jogo contra a Itália, uma vez que ele já mordeu outros adversários. O especialista afirmou que Suárez necessita mais do que simples sessões de terapia.

— Apesar de qualquer ajuda, ele voltará a cometer esse tipo de ato. É sua forma de ser. Não é algo que vai desaparecer de seu caráter com algumas sessões com um psicólogo. Me arrisco a dizer que, dentro de alguns anos, algo poderia lhe tirar do sério e ele tomará tal atitude novamente.

Diagnóstico e tratamento
O especialista ainda explica que o diagnóstico não é “fácil de ser percebido”, pois, muitas vezes, nem mesmo o sujeito percebe que tem alguma coisa.

— Mas se houver uma conclusão médica de que a pessoa tem problema de ordem psiquiátrica, ela deve ser tratada com medicação e acompanhamento psiquiátrico. No caso de um jogador de futebol, ele deverá ter um preparado para conseguir enfrentar uma situação crítica, de estresse.

Transmissão de doenças
Ao morder o adversário em campo, o jogador uruguaio correu risco de passar e de também contrair diversas infecções e bactérias, como infecções de mucosa, candidíase e até hepatites A e B, explica a dermatologista Mônica Aribi, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

— A boca tem uma flora bacteriana que pode muitas vezes contaminar. E a roupa não impede que esta transmissão de doenças aconteça. Por exemplo, uma cárie na boca da pessoa que mordeu poderá causar infecção naquele que foi mordido. A pessoa que mordeu também poderá ter infecções no lábio, com aftas e até bolhas, especialmente se a pele do outro estiver suja.

Já a transmissão de hepatite B, que é passada pelo sangue, vai depender da força da mordida.

— Se perfurou a ponto de ter sangue, o paciente que mordeu pode ter infecção sanguínea. Um dos sintomas, por exemplo, são bolhas amarelas com água dentro espalhadas pelo corpo. O tratamento é feito com o uso de antibiótico.

Em caso de receber ou dar uma mordida mais intensa, a médica alerta que é necessário procurar um médico. E o ideal é que a pessoa esteja com a vacinação contra hepatites A e B em dia.

R7

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