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Gravidez e obesidade: saiba por que essas são situações
incompatíveis
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Quem está acima do peso e quer engravidar deve receber orientação para não colocar a sua saúde e a do bebê em perigo
A gravidez, ou o desejo de engravidar, quase sempre motiva mulheres a
se cuidarem mais: elas param de fumar, por exemplo, ou comem alimentos
mais nutritivos. Só que agora muitas vêm se deparando com uma questão
cada vez mais comum: a obesidade, que afeta 36% das que estão em idade
fértil. Além de impossibilitar a concepção, o problema — que atinge
aquelas cujo índice de massa corporal (IMC) ultrapassa 30 — está ligado a
uma série de dificuldades durante a gravidez, o parto e o nascimento.
Entre elas, estão a diabetes gestacional, a hipertensão, a pré-eclampsia
e até o aborto espontâneo, entre outros.
Além disso, os filhos de obesas têm mais probabilidades de ter
defeitos congênitos e correm maiores riscos de morrer durante o
nascimento ou logo depois dele. Os que sobrevivem têm, ainda, grandes
chances de desenvolver hipertensão e obesidade.
Sem dúvida, a maior parte dos bebês nascidos de mães acima do peso é
saudável; entretanto, uma análise recém-publicada de 38 estudos
descobriu que mesmo um aumento discreto de peso na fase pré-gravidez
eleva os riscos de morte do feto ou da criança depois de nascida.
Saber como tratar mulheres com problema de peso é essencial
Embora algumas pessoas consigam perder até 45 kg e manter o peso sem
apelar para a cirurgia, a maioria diz que já tentou de tudo e que nada
funcionou.
— Boa parte das obesas não come em excesso, nem consome alimentos
errados de propósito. Os obstetras deveriam abordar o problema, não
simplesmente abandoná-las por achar que estão fazendo algo errado — diz
Sigal Klipstein, presidente do comitê de ética do Colégio
Norte-Americano de Obstetrícia e Ginecologia.
Sigal afirma que, pela sua experiência, as que perdem alguns quilos são as mais motivadas e que seguem uma dieta restritiva:
— Muitas não conseguem, mesmo estando doidas para engravidar e ter
uma gravidez saudável. Essa é a nova realidade e os obstetras têm que
ter consciência dela — diz a médica.
Fugindo da culpa
O relatório do comitê de ética norte-americano enfatiza que "as
obesas não devem ser consideradas diferentes de outras pacientes que
necessitam de cuidados especiais ou enfrentam riscos de adversidades
médicas". Acrescenta também que elas devem ser tratadas de forma
imparcial e classifica de "pouco ético" o médico que recusar cuidados,
mesmo tendo capacidade para tal, "simplesmente porque a paciente é
obesa".
Os obstetras devem discutir os riscos associados ao excesso de peso
com as pacientes e "evitar culpá-las pelo problema", prossegue o
documento.
Conforme os especialistas, qualquer médico que se considerar incapaz
de oferecer um tratamento eficiente à paciente obesa deve procurar ajuda
ou mandá-la para outro médico.
O estudo observa, ainda, que os níveis de obesidade são mais altos
entre mulheres de status socioeconômico mais baixo, sendo que muitas não
possuem acesso a opções de alimentos saudáveis nem oportunidades de se
exercitar, o que ajudaria a manter o peso sob controle.
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