Reprodução: Infeccção do estômago por H. pylori |
Por Dr. Leonardo Peixoto
Você sabia que a úlcera gástrica pode ser resultado de uma infecção bacteriana? Helicobacter pylori
é uma bactéria que infecta cerca de dois terços da população mundial.
Geralmente ela não causa sintomas, mas é responsável pela maioria das
úlceras gastroduodenais, além de causar várias outras doenças.
A transmissão é feita de pessoa para pessoa através da via fecal-oral ou
oral-oral, geralmente acontece na infância e está fortemente
relacionada às condições socioeconômicas e sanitárias.
Essa bactéria
desenvolveu a característica de secretar uréase, uma enzima que desdobra
a ureia presente no ácido gástrico em amônia. Com isso ocorre um
aumento do pH, criando um microambiente ao redor da bactéria que
possibilita a colonização do estômago.
Apesar de geralmente ser
assintomática, a infecção pelo Helicobacter pylori pode causar gastrite,
úlcera gastro-duodenal e câncer gástrico, causando sintomas como dor
abdominal, dispepsia, plenitude pós-prandial e náuseas. Essa diferença
na expressão da doença envolve fatores, como o tipo de cepa de H. pylori e
fatores relacionados ao paciente.
A infecção pode ser detectada com
exames de sangue ou fezes, mas na prática são usados testes
respiratórios e biópsias. No caso dos testes respiratórios, é
administrado um composto de ureia com carbono marcado que, no caso da
presença da bactéria, é metabolizado, absorvido, liberado na respiração e
detectado pelo exame.
No caso das biópsias, elas são obtidas por
endoscopia digestiva alta e podem ser utilizadas para o teste da uréase
ou análise histopatológica. No teste da uréase o fragmento da mucosa
gástrica é colocado em frasco contendo ureia e uma substância que muda
de cor de acordo com o pH da solução. Na presença do Helicobacter pylori
a ureia é metabolizada e o pH aumenta, o que faz com que a solução
fique rosada. Na análise histopatológica, esse fragmento da mucosa
gástrica é processado com corantes e pode-se ver diretamente a bactéria
infectando a mucosa.
Nem todos que apresentam Helicobacter pylori
devem ser tratados. Entre as indicações de tratamento aceitas atualmente
podemos citar as seguintes: úlcera gastroduodenal, gastrite histológica
intensa, história pessoal de câncer gástrico, parentes de primeiro grau
de pacientes com câncer gástrico, linfoma MALT gástrico, anemia por
carência de ferro sem causa aparente, púrpura trombocitopênica
idiopática, uso crônico de com anti-inflamatórios, dispepsia funcional e
o desejo do paciente de ser tratado.
O tratamento da infecção é
feito com uma combinação de antibióticos (sendo a associação mais comum
amoxicilina com claritromicina) e inibidores de bomba de prótons, por
sete a quatorze dias. Resistência bacteriana aos antibióticos é um
problema crescente para várias infecções e com o Helicobacter pylori não
é diferente. Os índices de cura não chegam a 100%, daí a necessidade de
ser feito um exame após o tratamento para documentar a cura. No caso de
não erradicação com o tratamento inicial, nos resta outras combinações
de antibióticos e inibidores de bomba de prótons para retratamento, além
da possibilidade de enviar material para cultura com análise do padrão
de sensibilidade daquela cepa bacteriana aos diferentes antibióticos.
A
recidiva da infecção deve ser evitada através de medidas de higiene
como a lavagem das mãos antes de manipular alimentos e de comer.
Minha Vida
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