Ide Gomes/28.12.2011/Estadão Conteúdo - Expectativa de vida subiu quase 18% em 33 anos |
A expectativa de vida no Brasil aumentou 17,9% entre 1980 e 2013,
passando de 62,7 para 73,9 anos, um aumento real de 11,2 anos. O avanço
foi apontado no Relatório de Desenvolvimento Humano 2014 divulgado nesta
quinta-feira (24) pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento).
Segundo o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o crescimento foi possível
em razão das medidas de combate à desnutrição, redução da mortalidade
materna e infantil, ampliação do acesso a vacinas e medicamentos
gratuitos, melhoria do atendimento às mães e bebês, enfrentamento das
doenças crônico-degenerativas e das chamadas mortes violentas, entre
outras ações na área de atenção básica e urgência e emergência.
O ministro comentou a diferença na melhoria de indicadores de saúde,
educação e renda. “Partimos de um cenário de muita desigualdade. Se
olharmos, por exemplo, a mortalidade infantil, fizemos uma redução de
70% entre 1980 e 2012. No entanto, ela não reduziu igual".
― A queda foi maior no Norte e no Nordeste, onde era muito mais
acentuada. E isso acaba acontecendo em praticamente todas as situações.
Se tivéssemos partido de um patamar mais homogêneo do país, talvez a
capacidade de resposta das políticas públicas pudesse também acompanhar
um ritmo mais homogêneo.
O relatório colocou o Brasil na 79ª posição do ranking do IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano ) entre 187 países, com um valor de 0,744
(categoria de Alto Desenvolvimento Humano). Entre 1980 e 2013, o valor
do IDH do Brasil aumentou 36,4%. O índice está acima da média de 0,735
para os países do grupo de Alto Desenvolvimento Humano e acima da média
de 0,740 para os países da América Latina e Caribe.
Também houve crescimento na expectativa da vida nos últimos anos: em
2010, a estimativa era de 73,1 anos, já no ano passado passou para 73,9
anos. Os resultados seriam ainda melhores se o PNUD utilizasse dados
atualizados para a elaboração do relatório.
A instituição internacional usou uma projeção de 2010 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para chegar ao índice de
73,9 anos. Caso considerasse as estatísticas de 2013, já
disponibilizados pelo IBGE, a esperança de vida ao nascer seria de 74,8
anos. Se fossem considerados esses números a outros dados defasados,
como o de escolaridade, o país sairia da 79ª posição para a 67ª.
De acordo com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Tereza Campello, mais importante do que analisar o posto no ranking é
considerar o verdadeiro IDH do país. “A gente passaria de 0,744 para
0,764, que é o avanço real, como está o Brasil hoje. Vários países têm
seus indicadores com estatísticas atualizadas, similares às brasileiras,
que estavam disponíveis e podiam ser utilizadas. O Brasil vem se
esforçando em melhorar essa captação de dados por organismos
internacionais. Não estamos tratando de dados alternativos ou não
reconhecidos”, afirmou.
O relatório mostra que as desigualdades no Brasil estão diminuindo. O
IDH do Brasil ajustado à desigualdade (IDHAD) ficou em 0,542 em 2013,
com uma perda de 27% em relação ao IDH. Essa perda vem caindo ao longo
dos últimos anos: era de 29,6% em 2006. Das três dimensões analisadas no
IDHAD, a desigualdade na expectativa de vida ao nascer é a menor, com
um índice de 14,5%, seguido da desigualdade na educação (24,7%) e da
desigualdade na renda (39,7%).
Para o ministro da Educação, Henrique Paim, o relatório mostra que, em
relação à expectativa de anos de estudo, o Brasil está melhor que os
outros membros do BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) e nações
vizinhas, como o Chile. “Isso revela que há um esforço do país do ponto
de vista de inclusão, de melhoria da frequência escolar. Esse processo
está reconhecido no relatório”, observou.
Avanços
Vários fatores contribuíram para o aumento da expectativa de vida no
Brasil. Entre 1996 e 2006, o país reduziu pela metade o índice de
desnutrição infantil – passou de 13,4% para 6,7%. Entre as ações de
combate à desnutrição, destacam-se a expansão da oferta de doses de
vitamina A e de sulfato ferroso, além da melhoria da vigilância
nutricional em municípios com índice de desnutrição superior a 10%.
Além disso, um estudo do Ministério da Saúde e Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome apontou que a desnutrição
crônica caiu 51,4% entre as crianças do Bolsa Família em cinco anos –
passando de 17,5% para 8,5% entre 2008 e 2012.
Outro ponto forte foi a imunização da população. Atualmente, são
oferecidos gratuitamente 42 tipos de imunobiológicos (25 vacinas, 13
soros heterológos e quatro soros homólogos) distribuídos em 34 mil
postos vacinação. Desde 2010, foram incluídas novas vacinas para
proteger a população, como a meningocócica C conjugada, tetraviral e a
contra o vírus HPV.
Já o Programa Farmácia Popular disponibiliza 113 itens (entre
medicamentos e produtos de saúde) na rede pública e 25 em drogarias
particulares. Desde 2011, mais de 26 milhões de pessoas já foram
beneficiadas. Além dos itens gratuitos para tratamento de diabetes,
hipertensão e asma, os demais produtos podem ter até 90% de desconto na
compra. Para idosos, também são disponibilizadas fraldas geriátricas.
Houve ainda redução de 82,2% do risco de morte devido a aborto e
ampliação da estratégia Rede Cegonha, implantada em 2011 para incentivar
o parto normal humanizado e intensificar a assistência integral à saúde
de mães e filhos, desde o planejamento reprodutivo até o segundo ano de
vida do filho. A Rede Cegonha tem garantido atendimento de qualidade a
2,6 milhões de gestantes pelo SUS em 5.488 municípios.
Para atendimentos de urgência e emergência, a rede de assistência do
SUS conta com 269 unidades de referência habilitadas em alta
complexidade em traumatologia e ortopedia; 333 Unidades de Pronto
Atendimento (UPAs) funcionando – 243 delas construídas com recurso do
governo federal; e 3.182 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu 192), que cobrem 146.286.020 habitantes (72,76% da
população).
Ações
Com o objetivo de prevenir e reduzir em 2% ao ano mortes prematuras
(30-69 anos) por Doenças Crônicas Não Transmissíveis, o Ministério da
Saúde tem buscado melhorar indicadores relacionados ao tabagismo,
álcool, alimentação inadequada, sedentarismo e obesidade. Desde o seu
lançamento, em 2011, até 2012 a meta foi superada - com redução de 3%
das mortes. Na ultima década, com a melhoria de indicativos da saúde, o
percentual de redução foi de 20%.
“Ao mesmo tempo em que a gente consegue um enfrentamento muito
considerável em relação ao tabagismo, nós temos dificuldade em relação à
obesidade e ao sedentarismo, que são fatores importantes para doenças
crônicas. Nós vamos ter que trabalhar cada vez mais e ampliar o acesso
para que as pessoas possam ter diagnóstico e tratamento precoce às
enfermidades”, comentou o ministro.
Outra prioridade é reduzir as mortes no trânsito, sobretudo de
motociclistas. Para isso foi lançado, em junho de 2010, o projeto Vida
no Trânsito, que prevê repasse de recursos para melhoria dos sistemas de
informações e ações educativas. Hoje em dia, a ação está presente em
todas as capitais, no Distrito Federal e nos municípios de Guarulhos
(SP), Campinas (SP), São Gonçalo (RJ), São José dos Pinhais e Foz do
Iguaçu (PR).
R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário