11 Alive Atlanta/Reuters Homens se protegem para evitar contaminação antes
de entrarem em hospital nos EUA, no sábado
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Funcionários sanitários apareceram no distrito de Clara Town, na capital
liberiana da Monróvia, neste domingo (3), para remover dois corpos de
possíveis vítimas do vírus ebola. Isso quatro dias depois de elas
morreram ali, sem sequer terem sido levadas a um hospital.
Em um campo pantanoso em outro ponto da capital liberiana, o
ministro da Saúde pediu que fossem cavadas 100 sepulturas para vítimas
do perigosíssimo vírus tropical, mas apenas cinco buracos, rasos,
parcialmente cheios de água, haviam sido preparados para a noite de
sábado (2).
O hospital de Elwa de Monróvia, que está superlotado e
com falta de funcionários, teve de se recusar a receber outros casos de
ebola nesta semana, um cenário exacerbado pela retirada de alguns dos
trabalhadores internacionais depois da infecção de dois funcionários de
saúde norte-americanos.
O
receio de alguns funcionários, temerosos em manusear cadáveres
infectados, e de comunidades que se recusam a enterrar seus mortos em
regiões próximas colaborou para a desaceleração das ações governamentais
dos países da África Ocidental na campanha para controlar o pior surto
do vírus da história.
O ebola já matou 227 pessoas até agora na
Libéria e pelo menos 826 na região ocidental africana, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Nema Red, uma moradora de
Clara Town, afirmou que os dois homens mortos cujos corpos estavam na
rua há alguns dias demostraram ter sintomas de ebola, como hemorragias e
vômitos.
"Eles começaram a procurar ajuda da comunidade para que
alguém os levasse a um hospital, mas os membros da comunidade correram
por suas vidas... Os dois desistiram e caíram mortos no chão nas ruas de
Clara Town", disse ela, ressaltando que os corpos estavam no local
havia quatro dias.
Fatal
em mais da metade dos casos da atual epidemia, o ebola é transmitido
diretamente pelo contato direto com o sangue ou os fluídos dos
infectados, inclusive dos mortos.
O primeiro local de enterro
coletivo de Monróvia, para 30 corpos, na empobrecida cidade de
Johnsonville, foi abandonado pelos funcionários de Saúde depois que o
proprietário da terra se recusou a vendê-la para o enterro de vítimas do
vírus.
Alguns dos corpos foram deixados flutuando em poças d'água dentro de sacos plásticos, o que levou a reclamações de moradores.
Em
outro lugar, um grupo de pessoas enfurecidas se reuniu gritando com
funcionários sanitários que utilizavam roupas de proteção brancas e
tentavam acalmá-las distribuindo panfletos informativos sobre a doença.
Soldados
do exército da Libéria portando escudos e coletes à prova de balas
chegaram à cena pouco depois. Uma fonte no Ministério da Saúde disse que
os corpos foram finalmente enterrados durante a noite com a ajuda de
mais 40 trabalhadores.
Reuters / iG
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