Por Dr. Wagner Montenegro
Os seios
têm uma representação simbólica muito forte para a mulher, pois eles
têm relação direta com a feminilidade, autoestima, sexualidade e
maternidade, fatores intimamente presentes no universo feminino. Uma
mastectomia - cirurgia para a retirada total ou parcial da mama para
tratar a paciente com câncer de mama
- pode afetar psicológica e emocionalmente a vida de uma mulher, nesse
sentido, o procedimento cirúrgico para a reconstrução da mama se torna
fundamental.
A reconstrução de mama
é a cirurgia que irá restaurar a forma, aparência e tamanho da mama e
está diretamente relacionada ao tipo de cirurgia de mastectomia que foi
realizada. Embora em alguns casos não seja possível fazer a mastectomia e
a reconstrução na mesma cirurgia, hoje é usual que se façam
simultaneamente. Muitos fatores interferem nessa decisão, como a
dimensão do câncer, tipo de tumor, se será necessário quimioterapia ou
radioterapia e as condições clínicas da paciente.
Como é feita a reconstrução mamária
Em geral, é
preciso fazer a reconstrução de mama em mais de um tempo cirúrgico. A
maioria dos casos exige uma segunda intervenção e outros, uma terceira,
até que se alcance um formato e aparência satisfatórios para a mama. A
primeira etapa cirúrgica é de proporções grandes, posteriormente são
feitas uma ou duas etapas menores. Apesar de a reconstrução ser uma
cirurgia grande, mais agressiva do que as demais cirurgias plásticas nas
mamas, a recuperação da paciente é normal, podendo ser comparada à
cirurgia de redução de mamas.
Tipos de reconstrução mamária que podem ser feitos
Nos casos em que
foi preservada grande parte de pele e gordura na mastectomia, o
cirurgião plástico poderá utilizar apenas uma prótese de silicone para a
reconstrução, atingindo um resultado satisfatório. Já nas mulheres em
que foi retirada uma quantidade maior de pele e gordura (mas não toda),
ainda há um pouco de cobertura, porém não existe espaço suficiente para a
colocação de uma prótese comum, logo o cirurgião implanta uma prótese
com expansor. Esse dispositivo funciona como se fosse uma bexiga, é uma
prótese vazia que vai sendo preenchida aos poucos e consequentemente vai
aumentando o volume da pele, esticando-a.
Quando a mama alcança o
volume apropriado, o expansor é retirado e dá lugar a uma prótese de
silicone definitiva.
Nas situações em
que foi retirada uma quantidade ainda maior de gordura e pele -
incluindo muitas vezes a aréola e o mamilo - a reconstrução tem que ser
feita através de um retalho, uma parte da pele de outra região do corpo,
que é utilizada para cobrir o local em que há escassez de tecidos. Para
este tipo de reconstrução existem várias técnicas, uma delas é feita
com a pele do abdômen, onde o cirurgião faz uma plástica de abdômen
(abdominoplastia) na paciente, e retira o excesso de pele que ela tenha
abaixo do umbigo. Dessa forma a pele e gordura removidas da barriga dão
formato e tamanho à mama restaurada. Da mesma forma pode ser usada pele
das costas, da região do grande dorsal, que está localizada na linha
acima da cintura.
É possível associar o uso de retalho abdominal ou de grande dorsal com a prótese de silicone.
Quando é feita a plástica de abdômen e a tira da pele do abdômen vai
para a mama, há em geral um grande volume de gordura, então é raro usar a
prótese, já quando é usado o retalho do dorso, em geral, também é
necessária a colocação da prótese.
Opções que a paciente tem
Na cirurgia de
reconstrução a paciente pode optar por corrigir ou aumentar a mama que
não passou pela mastectomia. Por exemplo, existem pacientes que tem uma
mama com gigantomastia de um lado, ou seja, uma mama grande e caída e do
outro lado realizaram a mastectomia. Nesse caso, na cirurgia pode ser
feita a simetrização, que associa a reconstrução de uma mama e a redução
com elevação da outra. Nas situações em que a paciente tem histórico
familiar de câncer de mama, o mastologista, em conjunto com o cirurgião
plástico, pode optar pela retirada da glândula mamária da mama que não
tem tumores, com o intuito de uma medida profilática, prevenindo com que
ela tenha câncer também nessa mama. O cirurgião plástico faz a cirurgia
e a paciente fica com duas próteses de silicone no lugar das glândulas mamárias.
Resultados
O resultado final
da cirurgia de reconstrução de mama pode ser muito satisfatório,
minimizando o impacto físico e psicológico da paciente, porém, a mama
não ficará como era antes. É possível comparar seu resultado com o de
uma redução de mamas, em que a mama fica com um bom resultado,
entretanto há a presença de cicatrizes. O tamanho da cicatriz depende
basicamente da cirurgia que foi feita para retirar o câncer. Se for
preciso fazer uso de retalhos de pele na reconstrução, sempre vão ficar
cicatrizes na mama. São cirurgias grandes e as cicatrizes podem ficar
redondas, quadradas, dependendo da ausência de pele que havia ali.
Minha Vida
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