Cientistas americanos anunciam que somente uma aplicação de uma
proteína foi capaz de derrubar as taxas de glicose e mantê-la nos níveis
normais por dois dias
Um time de pesquisadores do Salk Institute, nos Estados Unidos,
anunciou na última semana o mais novo e promissor caminho contra a
diabetes tipo 2. A doença está associada à obesidade e ao sedentarismo e
é caracterizada pela resistência das células à ação da insulina, o
hormônio que possibilita a entrada, nas células, da glicose circulante
no sangue.
O resultado é o acúmulo de açúcar na corrente sanguínea,
processo que figura como um dos principais fatores de risco para infarto
e acidente vascular cerebral. Em artigo publicado na revista científica
“Nature”, os cientistas descreveram como uma simples dose de uma
proteína derrubou os índices de glicose a níveis normais por dois dias e
reverteu o mecanismo de resistência à insulina. Os cientistas ficaram
animados. “O impacto do nosso estudo é substancial”, disse à ISTOÉ
Michael Downes, um dos responsáveis pela pesquisa. “A descoberta oferece
uma nova avenida para controlar a glicose de uma maneira poderosa e
surpreendente que pode levar à criação de uma terapia revolucionária
contra a doença”, completou.
A proteína responsável por todo esse entusiasmo é a FGF1, integrante
do grupo dos fatores de crescimento (substâncias que contribuem para a
proliferação celular). O curioso é que ela nunca tinha sido alvo de
grande interesse. Há dois anos, porém, o mesmo time do Salk Institute
verificou que cobaias com baixa concentração da proteína rapidamente
desenvolviam diabetes tipo 2 quando alimentadas com dieta rica em
gordura.
A observação fez os estudos avançarem até este que acaba de ser
divulgado, revelando o enorme potencial da FGF1 para interferir na
maneira como o corpo responde à insulina. “Ela restaura a habilidade do
organismo de regular os níveis de açúcar com a insulina, mantendo a
glicose nos níveis normais”, explicou Downes. Ele ressalta, porém, que
investigações mais aprofundadas serão conduzidas para conhecer melhor
sua forma de atuação.
A constatação de seu poder foi obtida após experimento realizado em
cobaias (ratos) obesas e com diabetes tipo 2. Os pesquisadores injetaram
nos animais apenas uma dose da proteína. O que viram foi surpreendente:
as taxas de glicose desabaram rapidamente e esse efeito durou por dois
dias. “Observamos uma redução dramática na concentração de açúcar no
sangue”, informou Downes.
Há outras constatações igualmente animadoras. Segundo os cientistas,
as cobaias não apresentaram qualquer efeito colateral, mesmo quando a
substância foi injetada em alta concentração. A injeção da proteína
também não provocou a queda abrupta e além do desejado da quantidade de
glicose no sangue. Esse efeito, chamado de hipoglicemia, é bastante
perigoso e sempre foi alvo de preocupação no tratamento da diabetes.
Isto É
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