O significado do sangramento e as noções de higiene adequadas devem ser transmitidas à menina para que ela lide melhor com a situação
Por Dra. Andrea Hercowitz
A menarca, nome dado à primeira menstruação da mulher, é um fenômeno que ocorre durante a adolescência e que carrega em si uma série de sentimentos, significando em muitas culturas a entrada no mundo adulto. Associada à feminilidade e à fertilidade, a menarca é recebida por cada menina de uma forma muito individual, às vezes com alegria, mas às vezes com angústia. O tipo de reação está relacionado com a forma com que o tema foi discutido anteriormente e como a família, principalmente a mãe, recebe esta notícia.
A média de idade da menarca é de 12 anos, podendo ocorrer entre os 10 e 15 anos. Ela acontece dois a dois anos e meio após o aparecimento do broto mamário e após o estirão do crescimento, em uma fase de desaceleração. A jovem que não tem o início dos seus ciclos até os 16 anos, estando com o seu corpo formado, ou seja, desenvolvimento de mamas e pelos normais, deve ser investigada. Outro motivo que justifica a procura de avaliação médica é a falta do início do desenvolvimento físico em adolescentes com 14 anos de idade.
Os ciclos menstruais não costumam ser regulares no início, podendo apresentar intervalos menores que um mês ou pular alguns meses. É interessante que a adolescente faça um calendário menstrual para acompanhar o amadurecimento do seu corpo e passar a compreendê-lo cada vez melhor. As cólicas também não costumam estar frequentes no início, mesmo em famílias cujas mulheres padecem deste mal (sim, existe hereditariedade quando se trata de cólica menstrual!) e costumam aparecer quando os ciclos se tornam regulares, se é que vão aparecer. Após dois anos da menarca a maioria das adolescentes já esta com seus ciclos regularizados, mas algumas podem levar até cinco anos para que isso aconteça.
A menarca gera muitas dúvidas para as jovens inexperientes no que diz respeito aos cuidados pessoais. Relembrar o que está acontecendo no corpo, que leva ao sangramento, ajuda a adolescente a "tomar posse" da situação. Devem ser dadas orientações de higiene genital e do tempo máximo do uso do absorvente, que precisa ser trocado de tempos em tempos, no máximo a cada quatro horas, mesmo que ainda não estejam completamente utilizados. É bem comum que aconteça o contrário: aflitas com a ideia do sangramento e se sentindo sujas, muitas adolescentes tendem a se trocar com uma frequência exagerada.
Ela é nadadora? Bailarina? Tem viagem da escola e estará menstruada? Existem medicamentos que ajudam a diminuir o fluxo ou até atrasá-lo ou adiantá-lo, mas devem ser usados esporadicamente, apenas em casos de real necessidade. E não podemos nos esquecer do absorvente interno. A grande maioria das meninas pode usá-lo, no tamanho mini, mas é aconselhável que se faça um exame médico prévio, para garantir que seu uso não causará nenhum problema. Aqui também deve ser ressaltada a frequência de troca, pois deixar o absorvente interno por um tempo prolongado pode causar uma doença muito séria chamada choque tóxico.
As jovens que se mostram angustiadas com a chegada da menarca, em geral tem ideias errôneas sobre ela e isto deve ser corrigido. Uma das questões que mais as assusta está relacionada com o crescimento. Fala-se que ao menstruar as garotas param de crescer. Isto não é verdade, após a primeira menstruação o crescimento continua por até mais dois anos, mas em um ritmo mais lento, adquirindo-se mais cinco a sete centímetros neste período. Outra tristeza vem do pensamento de que, por ser um marco de maturidade física, o seu comportamento tenha que mudar. Brincar de bonecas, falar bobagens, ter atitudes infantis são mal vistas agora? É claro que não! Tudo tem seu tempo e a mudança de atitudes vai acontecendo aos poucos, de forma natural.
A menstruação é um marco na vida da mulher. Um sinal de que o corpo está amadurecendo e tornando-se adulto, mas principalmente de que o corpo é saudável. Acolher as adolescentes no momento da menarca, orientando-as e tirando dúvidas, é um papel das famílias, médicos ou quem quer que estas jovens procurem para dividir este momento tão importante da sua vida.
Minha Vida
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