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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Recibos de caixa eletrônico elevam níveis de bisfenol A em humanos, podendo causar câncer

Freeimages - Substância é usada na impressão de recibos de caixas
registadoras, por exemplo
Segundo o estudo, usar produtos de cuidados da pele acelera dramaticamente a absorção da substância
 
Missouri, EUA – O bisfenol A (BPA) é uma substância química que é usada em uma variedade de produtos de consumo, como garrafas de água e resinas usadas para forrar embalagens de alimentos e refrigerantes. Agora, uma pesquisa realizada na Universidade de Missouri (MU, na sigla em inglês) está fornecendo os primeiros dados de que o recibo da caixa registadora, que contém o BPA, eleva os níveis da substância em humanos. Se o papel térmico for tocado após o uso de produtos de cuidados da pele, a taxa pode ser ainda maior.
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, outros estudos sugerem que, ao entrar em contato com o organismo humano, principalmente durante a vida intrauterina, a substância pode afetar o sistema endócrino, aumentando ou diminuindo a ação de hormônios naturalmente produzidos pelo corpo humano, trazendo danos à saúde, como infertilidade, modificações do desenvolvimento de órgãos sexuais internos, endometriose e câncer.
 
- O BPA foi primeiro desenvolvido por um bioquímico e testado como um suplemento de estrogênio artificial - disse Frederick vom Saal, professor de Ciências Biológicas da Faculdade de Artes e Ciências da MU. - Como um químico que age como um desregulador endócrino, o BPA tem demonstrado alterar mecanismos de sinalização que envolvem o estrogênio e outros hormônios.
 
No estudo, os pesquisadores testaram pessoas que limparam as mãos com desinfetante ou que usaram cremes e protetores solares e, em seguida, seguraram os tais papeizinhos que costumam ir direto para o lixo. Como um passo adicional, os indivíduos que haviam manipulado o produto depois comeram batatas fritas diretamente com as mãos. O resultado foi que o BPA foi absorvido muito rapidamente, segundo vom Saal.
 
- Nossa pesquisa descobriu que grandes quantidades de BPA podem ser transferidas para as mãos e para os alimentos que você segura e come, bem como podem ser absorvidas através da pele - explicou. - A substância apresenta propriedades semelhantes a hormônios e comprovadamente causa defeitos reprodutivos em fetos, bebês, crianças e adultos, bem como câncer, alterações metabólicas e problemas imunológicos em roedores.
 

Alternativas possíveis aos consumidores
A revista americana "Consumer Reports" deu algumas dicas aos consumidores mais preocupados com os riscos. Uma possibilidade é pedir o envio dos recibos por e-mail quando for possível. Caso seja totalmente necessário manter os papeis, não simplesmente os coloque na sua carteira. Embale com um saco plástico. O BPA é passado para qualquer coisa com que ele tem contato, incluindo notas de dinheiro.
 
Para aqueles que lidam com muito papel térmico, como funcionários de caixas de supermercado, por exemplo, é interessante usar luvas do tipo que são encontradas em clínicas ou hospitais. No entanto, um toque serve para todos: sempre lavar as mãos após manusear o recibo.

ANVISA proíbe mamadeiras com substância
Alguns países, inclusive o Brasil, optaram por proibir a importação e fabricação de mamadeiras que contenham bisfenol A, considerando a maior exposição e susceptibilidade dos indivíduos usuários deste produto.
 
Esta proibição realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está vigente desde janeiro de 2012 e foi feita por meio da Resolução RDC n. 41/2011. Assim, mamadeiras em policarbonato não podem ser comercializadas no Brasil.
 
O Globo

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